Capítulo 13

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DIAS DEPOIS

Finalmente Lucero tinha organizado a mudança para a casa de Beatriz e Gustavo, ela esperou apenas passar alguns dias para que as lembranças não causassem mais dor nas crianças. Eles terminaram de ajeitar tudo em seus devidos lugares com a ajuda de Manuel e Lucero suspirou cansada, se jogando no sofá.

− Tia, onde você vai dormir? – Nina perguntou sentada em uma poltrona de frente ao sofá.

Lucero ajeitou sua posição. O normal seria ela ficar no quarto que era de Beatriz e Gustavo, mas não queria que seus sobrinhos pensassem que ela estava querendo tomar o lugar deles.

− Hã, eu me ajeito em um dos quartos de hóspedes. – Lucero pigarreou e desviou o olhar. – Por quê? – ela estranhou.

− Por que você não fica no dos meus pais?

Lucero arregalou os olhos para Nina enquanto os outros encararam a tia sentados no mesmo sofá que ela, esperando uma resposta. Eles também tinham jurado que ela ficaria lá e nem passava pelas suas cabeças alguma opinião maldosa sobre a mulher.

− Não, Nina, são os seus pais. – Lucero engoliu o seco e abaixou a cabeça.

− E você é irmã da nossa mãe e está aqui como nossa segunda mãe para cuidar da gente, nada mais justo que você fique lá. – Nina se sentou na mesinha de centro para se aproximar de Lucero e segurar sua mão.

Lucero se emocionou. Por mais que soubesse que era uma segunda mãe para as crianças, ela nunca tinha ouvido de nenhum deles.

− Mãe? – Lucero perguntou com a voz trêmula.

− Sim, nossa mãe. – Nina sorriu de leve. – Infelizmente os meus pais não vão voltar e eu tenho certeza de que eles querem que a gente siga a nossa vida, então não vamos fazer dessa casa um santuário, todas as lembranças que temos deles estarão sempre guardadas nos nossos corações, eu acho que eles também pensariam assim.

Lucero ficava mais surpresa a cada palavra que Nina dizia. A moça tinha sido a mais difícil de conquistar o carinho e vê-la falando com tanto amor dela e tanta maturidade sobre a morte de Beatriz e Gustavo era um grande alívio para o seu coração.

− E vocês, o que acham disso, meus amores? – Lucero encarou Eduardo, Larissa e Lucas com os olhos brilhando.

− Eu acho que minha irmã está certa, não acho justo o quarto ficar vazio sendo que você pode ficar mais confortável lá. – Eduardo falou.

− Eu concordo, mas você me deixa ficar lá algumas vezes como a mamãe deixava? – Larissa pediu.

− Eu também quero. – Lucas abraçou Larissa.

− É claro, meus pequenos. Venham aqui, me deem um abraço. – Lucero sorriu e abriu os braços.

Eduardo, Larissa e Lucas apenas se aproximaram mais de Lucero enquanto Nina se esticou para abraçá-los. Todos morriam de saudades de Beatriz e Gustavo, mas ainda assim eram felizes por terem uns aos outros.

− E o tio Manuel pode dormir com você. – Nina sorriu sapeca para Manuel após se soltarem do abraço.

− Crianças, apesar de estar namorando com a tia de vocês, eu vou continuar morando no meu apartamento como sempre. – Manuel falou sem graça.

− A gente sabe, tio, mas nós queremos fazer muitas festas do pijama com vocês e aí você aproveita e dorme aqui com a tia Lu, não é? – Nina continuou com um sorrisinho safado no rosto.

− Mas você não tem jeito, hein? – Lucero fez careta, apertando o nariz de Nina que riu. – Mas agora chega de conversa, vamos ajudar a levar essas coisas para o meu novo quarto. – ela se levantou.

As crianças também se levantaram e seguraram algumas caixas, seguindo Lucero enquanto conversavam alto. Manuel observou-os um pouco com um sorriso no rosto, mas logo foi atrás. Quem diria que de uma relação de poucas noites, ele ganharia quatro filhos postiços que o ajudaria e muito com a namorada? Eles chegaram ao quarto e Lucero abriu a porta, entrando. O lugar era bastante arejado e espaçoso com apenas uma foto de Beatriz e Gustavo na mesa de cabeceira. As horas que se seguiram foram com eles guardando as coisas da tia no lugar e dos pais em caixas, as quais decidiram junto com Lucero, doar para quem precisasse. À noite, após o jantar, as crianças já dormiam quando Lucero foi se despedir de Manuel na porta.

− Tem certeza que não quer ficar? Você viu que as crianças já aprovam. – Lucero e Manuel riram de mãos dadas.

− Eu adoraria, mas hoje não posso, amor, tenho trabalho amanhã. – Manuel abraçou Lucero pela cintura.

− Está bem, no fim de semana a gente combina então. – Lucero deu um selinho em Manuel e mordeu seu lábio.

− Te amo. – Manuel sorriu e beijou Lucero.

Lucero sorriu durante o beijo, segurando os ombros de Manuel. Ainda era um pouco estranha toda a troca de afetos, mas lhe dava uma sensação boa.

− Eu também te amo. – Lucero pendurou os braços no pescoço de Manuel e o beijou novamente.

− Me deixa ir logo, senão eu não saio daqui hoje. – Manuel riu após terminar o beijo com selinhos, fazendo Lucero acompanhá-lo.

− Me liga quando chegar?

− Pode deixar. Beijo, até amanhã. – Manuel deu um selinho rápido em Lucero e saiu.

− Até. – Lucero sorriu, se encostando ao batente da porta para esperar Manuel entrar no carro.

Manuel entrou no carro e o ligou, buzinando e vendo Lucero acenar antes de partir. A mulher suspirou, trancando a porta da casa e apagando as luzes, indo para o quarto. Era a primeira noite de uma vida nova e ela esperava que estar ali a conectasse ainda mais a Beatriz para ela saber agir como a mãe que ela queria ser, pois seu maior medo era não suprir a expectativa de todos e acabar perdendo as crianças, afinal apesar de ter provas que sua irmã deixou os filhos para ela, sua guarda não era definitiva e ela preferia morrer só em pensar em ter de se separar daqueles meninos e também separá-los uns dos outros, já que se não fosse ela, cada um iria para um orfanato pela diferença de idade e de sexo. Seus pensamentos foram interrompidos pela ligação de Manuel e após conversarem alguns minutos, ambos dormiram para voltarem às suas rotinas agitadas bem dispostos no dia seguinte.

                                                                       ~ * ~

Lulu toda emocionada que foi chamada de segunda mãe :( <3

De Repente MãeOnde histórias criam vida. Descubra agora