DIAS DEPOIS
Toda a família estava angustiada, mas Lucero estava ainda mais, já não trabalhava e nem dormia direito e se alimentava apenas por Nicole que poderia ficar desnutrida caso ela parasse de comer, apesar de nada ter gosto na sua boca. Nina também não estava diferente, nunca mais tinha visto a família e quando perguntava a Kelly se poderia encontrá-los, ela dizia que o juizado não havia dado nenhuma permissão ainda para que ela pudesse se acostumar com a nova vida sem interferência da antiga, era sempre de casa para a escola e vice versa, nem mesmo sabia se ainda namorava com Leandro, já que só usava o celular com supervisão da tia e ela não a deixava responder nenhum conhecido do meio de Lucero. O único programa diferente que tinha era ver dicas chatas de costura na televisão quando Kelly a obrigava a passar um tempo com ela para fingir-se de boa tutora mesmo estando na cara que todas as suas atitudes eram forçadas. Um dia, Lucero se acordou disposta a ver Nina mesmo que precisasse armar um barraco na nova residência da garota, assim como fez quando se declarou para Manuel que tinha dado muito certo, então poderia funcionar com a sobrinha também. Aproveitando que o noivo estava trabalhando, Lucas e Larissa na escola e Eduardo estudando na casa de um colega, ela saiu em direção ao prédio de Kelly, onde Nina morava atualmente. Chegando lá, ela se apresentou como sobrinha da senhora e se surpreendeu ao saber que sua entrada não estava proibida, já que achou que seria a primeira coisa que a velha faria, mas agradeceu e se animou ainda mais ao saber que sua menina estava sozinha. Ela subiu pelo elevador e parou em frente à porta indicada, respirando fundo e sorrindo ao sentir Nicole fazer uma festa dentro de si. Ela já adorava estar perto dos irmãos mesmo antes de nascer.
− É, bebê, nós vamos ver a nossa ruivinha. – Lucero riu feliz e tocou a campainha. – Nina? Sou eu, filha. Você pode abrir? – ela também bateu na porta, sorrindo nervosa.
Nina estava sentada no sofá, pensando justamente em como Lucero estaria, já que tinha ganhado alguns dias de atestado da escola por ter parado no hospital, e quase não acreditou ao ouvir a voz da sua segunda mãe, se levantando rapidamente.
− Tia? Meu Deus, é você? – Nina correu para a porta e a abriu.
Lucero sorriu emocionada para Nina que retribuiu e se jogou nos braços dela para um abraço forte. A mulher suspirou feliz, acariciando o cabelo da moça, sem acreditar que finalmente estava com ela outra vez.
− Como você está? – Lucero soltou Nina o suficiente para encará-la, sorridente.
− Morrendo de saudades de vocês. Como foi que você conseguiu entrar? – Nina levou Lucero até o sofá, onde se sentaram sem soltarem as mãos.
− Só me anunciei como sobrinha da Kelly e tive passagem livre. – Lucero deu de ombros e sorriu junto com Nina. – Mas me fala, você está sendo bem tratada aqui?
− Estou, tia, apesar de ser vigiada o tempo todo. – Nina suspirou.
− Como assim? – Lucero franziu o cenho.
− Ela diz que a assistente social ordenou que eu só tivesse contato com vocês quando eu me acostumasse com ela, tenho hora para usar o celular e com supervisão dela, sem falar no programa chato de costura que ela me obriga a assistir toda noite. – Nina bufou.
− Mas isso é quase uma prisão. – Lucero fez careta.
− Pois é. Eu não vejo a hora de voltar para a escola para fazer pelo menos uma coisa que era normal na minha vida. – Nina suspirou. – Mas e vocês, como estão todos lá em casa? – ela sorriu.
− Tirando a saudade que estamos de você, acho que continuam todos iguais. – Lucero suspirou. – O Dudu quieto como sempre, a Larissa e o Lucas com suas travessuras e perguntas e o seu tio Manuel no meio disso tudo, você já deve imaginar. – ela riu e Nina a acompanhou.
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De Repente Mãe
RomanceLucero era uma mulher independente, que vivia para o trabalho e nem pensava em se casar apesar da relação colorida que tinha com o seu vizinho do apartamento da frente, Manuel Mijares. Um dia, sua irmã Beatriz sofre um grave acidente de carro que ti...