MESES DEPOIS
As coisas iam bem. Lucero conseguia auxiliar seus sobrinhos, cumprir suas funções no trabalho e ainda ter um bom tempo para dar atenção a Manuel que continuava presente no dia a dia como um verdadeiro companheiro para ela e pai para as crianças. Todos já tinham conhecido o namorado de Nina e gostaram dele, mas o único problema era que a moça não estava cumprindo a promessa de contar tudo que acontecia para a tia e Leandro a pressionava para fazerem amor, o que a fazia pensar seriamente em ceder mesmo sem se sentir pronta, pois não queria perdê-lo. Lucero ia passando pelo quarto da sobrinha e parou ao ouvi-la falando baixo ao telefone um assunto bastante esquisito.
− Mas você acha que não vai doer? – Nina perguntou preocupada e ouviu. – Não sei, eu nunca fiz. – ela falou como se fosse óbvio e ouviu mais um pouco. – Tá, então nos encontramos mais tarde. Ainda tenho que inventar algo para minha tia. – Nina ouviu. – Um beijo, também te amo.
Lucero ficou em estado de alerta, até onde ela sabia, Nina não a escondia nada e nem mentia, alguma coisa estava acontecendo e ela descobriria logo. A mulher esperou apenas um tempo para disfarçar o fato de ter ouvido a conversa e entrou no quarto.
− Nina, vamos almoçar? Só falta você. – Lucero falou parada na porta.
− Tia? Estava aí há muito tempo?! – Nina perguntou assustada.
Nina não tinha o menor costume de mentir e por isso o fazia muito mal.
− Eu não, cheguei agora, por quê? O que está fazendo? – Lucero ergueu a sobrancelha.
− Nada, eu só me assustei. – Nina forçou um sorriso.
− Hum, desculpa então. Vamos lá?
Nina assentiu e se levantou, sorrindo aliviada por achar que Lucero não tinha desconfiado de nada e viu a oportunidade perfeita para soltar outra mentirinha para que conseguisse sair de casa.
− Tia, aproveitando que estamos aqui, o Leandro me pediu ajuda em uma matéria. Posso ir jantar com ele hoje para estudarmos juntos? – Nina perguntou normalmente, andando abraçada de lado a Lucero.
Lucero demorou alguns instantes para responder, apertando a mão no ombro de Nina. Então se Leandro estava no meio da mentira era porque tinha algo a ver. Aquela história só piorava.
− Por que vocês não estudam aqui como sempre?
Nina gelou. Era só o que faltava Lucero começar a questionar para ela se enrolar cada vez mais.
− Ah, porque existe um restaurante bem tranquilo já com essa ideia dos estudantes irem para revisarem conteúdos enquanto comem e eu li uma vez que mudar o cenário de estudos um pouco pode ajudar o cérebro a fixar melhor o assunto. – Nina tentou sorrir convincente.
− Está bem, mas eu não quero que você demore muito.
− Pode deixar, obrigada. – Nina sorriu e beijou o rosto de Lucero.
Não estava nos planos de Lucero confrontar Nina daquele jeito, pelo contrário, queria ver o que ela estava tramando e pegá-la bem na hora. O resto do dia se passou normal, até que à noite, Eduardo estava no quarto, Lucas e Larissa desenhavam sentados à mesa da cozinha e Lucero e Manuel conversavam na sala, de olho nos pequenos concentrados nos desenhos que diziam ser para os tios. Foi quando Nina passou pela sala, pronta para sair.
− Eu já vou, tia, pode deixar que eu volto antes das dez. – Nina falou, colocando os brincos.
− Claro, vai com Deus. – Lucero falou com um sorriso forçado.
− Tome cuidado, minha querida. – Manuel falou.
− Está bem, não se preocupem. Beijo para vocês. – Nina acenou rapidamente e saiu.
Assim que Nina bateu a porta, Lucero se levantou e tirou o robe preto que usava, revelando que também estava pronta para sair, sob os olhares confusos de Manuel. A mocinha se achava muito esperta, mas por querer ser a imagem e semelhança da tia, deveria saber que ela também era.
− Para onde você vai? – Manuel perguntou sem entender.
− Eu vou seguir a Nina, peguei ela em uma ligação estranha com o namorado. – Lucero soltou o cabelo e o ajeitou rapidamente.
− Eu vou com você porque nem quero pensar no que vou fazer se aquele moleque estiver aprontando com ela. – Manuel se levantou, tateando os bolsos à procura da chave do carro.
− É melhor irmos juntos mesmo. – Lucero assentiu. – Dudu! – ela chamou alto e Eduardo apareceu. – Querido, a titia vai precisar dar uma saída rápida. Pode olhar seus irmãos para mim?
− Claro, tia, vai tranquila. Aconteceu alguma coisa?
− Ainda não, mas vai acontecer. – Lucero falou e foi até a sala de jantar, se abaixando entre as cadeiras em que Lucas e Larissa estavam sentados. – Meus amores, a titia vai resolver um assunto com o tio Manuel, mas volta a tempo de colocar vocês na cama. O Dudu vai ficar de olho nos dois, obedeçam a ele, sim?
− Pode deixar, titia, não demora. – Larissa falou.
− Prometo que farei o possível. Amo vocês. – Lucero beijou Lucas e Larissa e voltou para a sala. – Qualquer coisa me liga. – ela falou para Eduardo antes de agarrar a mão de Manuel e sair.
Lucero e Manuel saíram pela porta de trás para não correrem o risco de serem vistos por Nina e Leandro e encontrou o exato momento em que a moça entrou no carro do namorado e o cumprimentou com um beijo. Eles os aguardaram se distanciarem um pouco para começarem a segui-los.
− Não podemos perdê-los de vista, Manuel. – Lucero falou sem tirar os olhos do carro de Leandro que estava a dois carros à frente do seu que Manuel dirigia.
− Não vamos, amor.
Lucero e Manuel ficaram confusos quando Leandro e Nina saíram da cidade, mas eles andaram mais um pouco e pararam em frente a um motel, deixando o casal com o sangue fervendo.
− Eles vieram a um motel?! – Lucero perguntou chocada.
− Eu sabia que não era uma boa ideia essa menina namorar tão cedo. – Manuel apoiou um braço na janela do carro.
Lucero e Manuel esperaram o carro de Leandro entrar pela garagem para pararem onde eles estavam antes, sendo atendidos pelo funcionário do motel imediatamente.
− Boa noite. Por favor, você pode me informar o quarto em que esses dois jovens que passaram por aqui agora estão? – Manuel perguntou.
− Essa informação é confidencial, senhor, infelizmente não posso passar.
− Então você prefere passar à polícia? Porque é isso que vai acontecer se você não nos deixar entrar aí agora. – Lucero falou já perdendo a paciência e o homem arregalou os olhos. – A garota que você acabou de colocar para dentro é minha sobrinha e ela é menor de idade, com certeza não será nada bom saberem que ela conseguiu entrar aqui sem problemas.
− Mas ela me mostrou uma carteira de identidade onde já tinha dezoito anos. – o homem falou atônito.
− Bem, eu posso lhe mostrar a certidão de nascimento dela. – Lucero debochou.
O homem não podia nem imaginar o seu patrão sabendo da confusão que estava acontecendo aquela noite e por isso achou melhor que aqueles senhores resolvessem logo o que tinham que fazer sem maiores escândalos.
− Não será preciso, senhora, vocês podem entrar. Quarto 107. – o homem falou, apertando o botão que abria a porta da garagem.
− Obrigada. – Lucero suspirou.
Manuel também agradeceu, dando partida e logo parando em uma vaga livre no estacionamento. Ele desceu e encontrou Lucero do outro lado, segurando sua mão fria. Com certeza ela deveria estar mais nervosa que ele, afinal se sentia a maior responsável por Nina e tudo que acontecesse era ela que iria responder na justiça.
~ * ~
Eu disse que esse namoro ia trazer problema, agora Lucero que lute :s
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De Repente Mãe
RomansaLucero era uma mulher independente, que vivia para o trabalho e nem pensava em se casar apesar da relação colorida que tinha com o seu vizinho do apartamento da frente, Manuel Mijares. Um dia, sua irmã Beatriz sofre um grave acidente de carro que ti...