DIAS DEPOIS
A vida voltou ao normal. Lucero e Manuel dividiam as tarefas da casa e das crianças como de costume e continuavam trabalhando sem parar, até mesmo a mulher que já tinha que pensar no que deveria deixar pronto antes da licença maternidade, a qual ela nunca achou que precisaria tirar alguma vez na vida. Um dia, ela chegava da escola com Larissa e Lucas quando encontrou Kelly sentada no sofá e se surpreendeu.
− Tia Kelly? O que faz aqui?
Manuel correu para perto de Lucero. Ele sabia que ela não se dava bem com Kelly, mas a mulher chegou de surpresa em sua casa e seria falta de educação fechar a porta na cara dela.
− Ela chegou de repente, amor, e não seria de bom tom não deixá-la entrar. – Manuel falou baixo.
− Eu vim ver vocês, há muito tempo não nos encontramos. Não vão me cumprimentar, crianças? – Kelly ergueu a sobrancelha para Lucas e Larissa.
Larissa e Lucas encararam Lucero que suspirou, assentindo. Como Manuel, ela achava que não seria educado da sua parte tratá-la mal, além de não querer envolver as crianças em seus problemas mesmo eles também não gostando muito de Kelly. Os pequenos foram cumprimentar a tia e logo voltaram para perto do casal.
− Vejo que anda muito bem de vida depois que se apossou das coisas da sua irmã, Lucero, até mesmo formou uma família, o que sempre me dizia que não aconteceria. – Kelly ironizou.
O jeito que Kelly olhou para a barriga de Lucero incomodou a ela e a Manuel e eles colocaram a mão por cima instintivamente. Era só o que faltava sua bebê nem ter nascido ainda e já ser alvo de comentários e olhares maldosos. A mulher controlou a resposta grosseira que queria dar, afinal não podia mais agir como uma garotinha rebelde, pois era mãe e precisava dar bons exemplos.
− Me surpreendeu muito a sua visita depois de tanto tempo, tia Kelly. Posso ajudar em alguma coisa? – Lucero largou a bolsa na poltrona e segurou os ombros de Larissa.
− Eu gostaria de conversar com você a sós. – Kelly se levantou.
Lucero e Manuel se encararam estranhamente. Que assunto particular Kelly teria com a sobrinha se nem gostava dela? Aquilo não estava cheirando nada bem, mas a mulher não podia negar o pedido da tia.
− É claro. Meu amor, você pode ir levando as crianças para o banho? Eu não demoro. – Lucero pediu a Manuel.
− Mas eu ia tomar banho com você, titia. – Larissa falou.
− À noite, pequena, agora a titia tem visita. – Lucero forçou um sorriso e se abaixou um pouco para beijar os rostos de Lucas e Larissa e deu um selinho em Manuel.
Kelly e Lucero esperaram até Manuel, Larissa e Lucas sumirem de suas vistas e se encararam novamente.
− Me acompanhe ao escritório, por favor. – Lucero falou e saiu na frente.
Lucero abriu a enorme porta de madeira de duas partes e entrou no escritório com Kelly atrás. Ela não tinha mudado nada do lugar, só tinha colocado suas coisas e as de Manuel, já que de vez em quando ainda usavam para resolverem algumas pendências do trabalho em casa.
− Hum, você está cuidando muito bem da casa da sua irmã, confesso que não achei que conseguiria. – Kelly falou com o deboche de sempre, olhando ao redor.
− Ótimo, se veio ver como estou cuidando de tudo, já deve ter percebido que tanto a casa como as crianças estão em perfeitas condições. – Lucero sorriu irônica, apoiando as mãos na mesa à sua frente.
− Mas eu não vim aqui só para isso, querida, eu vim te fazer uma proposta. – Kelly se sentou de frente para Lucero e largou a bolsa na cadeira ao lado.
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De Repente Mãe
RomanceLucero era uma mulher independente, que vivia para o trabalho e nem pensava em se casar apesar da relação colorida que tinha com o seu vizinho do apartamento da frente, Manuel Mijares. Um dia, sua irmã Beatriz sofre um grave acidente de carro que ti...