Capítulo 22

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MESES DEPOIS

Eduardo estava muito bem frequentando a terapia, primeiro Lucero fez uma consulta junto com ele, onde recebeu alguns conselhos sobre como lidar em cada situação e depois o menino seguiu sozinho. Todos já eram bem acostumados com a nova rotina, inclusive Manuel que não se via fazendo outra coisa que não fosse chegar à casa de Lucero após o trabalho e cuidar das crianças e do almoço até ela chegar e depois de todas as obrigações, terminarem juntos fazendo amor no quarto que já era deles. No entanto, tudo estava prestes a mudar quando ele foi chamado na sala do chefe e recebeu a proposta de passar seis meses em Londres em um curso de trabalho com a ideia de que quando voltasse para o México, seria promovido. Isso seria ótimo para a sua vida profissional, mas implicaria deixar Lucero e as crianças sozinhas por meio ano, logo quando tudo ia maravilhosamente bem entre eles. O homem prometeu pensar e chegou a casa da namorada, meio sério, mas disfarçou enquanto cuidava das crianças. Após o almoço, Lucero deixou os meninos fazendo a lição e foi à sala conversar com ele que andava por ali, pensativo.

− Ai, amor, eu estou tão feliz que o Dudu está se saindo bem na escola. – Lucero falou sorridente se sentando no sofá, mas parou ao ver Manuel distraído. – Está acontecendo alguma coisa?

Manuel parou, olhando para Lucero e suspirando. De qualquer forma, ela teria que saber, então que fosse de uma vez.

− Amor, eu tenho que te contar uma coisa. – Manuel se sentou ao lado de Lucero e segurou sua mão, evitando o seu olhar preocupado. – Eu fui chamado hoje na sala do meu chefe e eu fui cotado para o curso de diretor principal de uma das filiais da empresa que eu trabalho. Se eu aceitar, após esse curso, eu serei promovido e com certeza vou ganhar melhor e me destacar no trabalho.

− Meu amor, mas isso é uma maravilha! Meus parabéns. – Lucero deu um largo sorriso e puxou Manuel, o abraçando e dando um selinho em seus lábios, mas ele não teve reação.

− É, minha linda, seria uma proposta que eu aceitaria sem pensar duas vezes se esse curso não fosse em Londres e eu não precisasse morar lá seis meses.

Lucero parou de sorrir e se levantou de supetão, caminhando para longe de Manuel e já respirando ofegante. Ela não tinha mesmo sorte para nenhum tipo de amor, como ela disse a ele uma vez, ela perdia a todos que amava de alguma forma e por isso fugia tanto daquele sentimento. Mas no caso do namorado era diferente, ela estaria sendo egoísta se não quisesse que ele crescesse profissionalmente, se fosse o contrário, com certeza ele estaria lhe dando muita força.

− Amor... – Manuel tentou falar ao ver Lucero imóvel, mas ela o interrompeu, se virando para ele.

− Está tudo bem, você tem que ir, é o seu trabalho. Como eu disse, fico feliz por você. – Lucero forçou um sorriso com os olhos marejados.

− Mas e as crianças? E a gente? – Manuel se aproximou de Lucero e segurou seu rosto com uma mão.

− Manuel, por mais que você e as crianças se amem, elas são responsabilidade minha e vão ficar bem. Sobre a gente... – Lucero abaixou a cabeça, respirando fundo. – Eu vou te esperar e depois nós vamos continuar de onde paramos.

Em outros tempos, Lucero jamais aguentaria passar seis meses sem ninguém ou se já estivesse apaixonada por Manuel, poderia até largar tudo para acompanhá-lo, mas seus sobrinhos não podiam mudar a vida daquele jeito, tinham a escola, amigos e a assistente social ainda observava a adaptação deles, ela nunca teria a permissão judicial para morar tão longe.

− Eu não queria que as coisas fossem assim. – Manuel suspirou.

− Mas são e nós sempre nos adaptamos às novas realidades. Vai dar tudo certo, a gente se ama e já passou por muita coisa juntos, seis meses não serão nada perto do resto da vida que temos para realizarmos todos os nossos sonhos. – Lucero abraçou Manuel.

De Repente MãeOnde histórias criam vida. Descubra agora