O casal caminhou por um longo corredor até parar na porta do quarto 107, onde Lucero apoiou a mão livre na parede e suspirou.
− O que foi, amor? – Manuel estranhou.
− O que você acha que eu devo dizer? – Lucero perguntou hesitante.
Manuel suspirou. Cada nova situação com os sobrinhos era um motivo a mais para a insegurança de Lucero, mas ele a conhecia e acreditava nela como ninguém, por isso sabia que ela tiraria de letra como sempre.
− Diga o que seu coração mandar, mostre-se firme. Mesmo que ela reclame, não precisa ser sempre a tia legal, mostre que você também é a mãe que educa, no futuro ela te agradecerá por isso.
Lucero também suspirou, assentindo. Nem parecia ela com medo de uma pirralha de quinze anos. A mulher resolveu intervir antes que acontecesse o pior e Nina se arrependesse depois.
− Serviço de quarto. – Lucero falou, tapando o nariz com os dedos para disfarçar a voz e bateu na porta.
Manuel e Lucero ouviram Nina e Leandro discutirem lá dentro quem deles havia chamado o serviço de quarto, mas logo o garoto abriu a porta, se surpreendendo ao ver os tios da namorada. A moça também arregalou os olhos, com certeza estava muito encrencada.
− Que bonito, hein? – Lucero ironizou.
− Tia, você me seguiu?! – Nina perguntou chocada, vestida apenas em uma lingerie rosa.
− E pelo visto fiz certo. – Lucero passou por Leandro e entrou no quarto. – Então era aqui que vocês iam estudar? Qual era o assunto, anatomia humana? – ela perguntou sarcástica.
− Tia, eu posso explicar. – Nina falou com a voz embargada.
− E você vai, mas em casa. Vista-se. – Lucero pegou o vestido de Nina que estava em cima da cama e a entregou.
− O quê? Não, eu não quero ir assim, tenho que conversar com o Leandro.
− A única pessoa com quem você vai conversar hoje sou eu. Anda, se veste, eu tenho que colocar seus irmãos para dormir.
Nina se vestiu em silêncio, pois nunca tinha visto Lucero tão séria e não duvidava que sairia arrastada dali caso continuasse a desobedecer. Leandro também estava aperreado, não podia sair, pois Manuel o encarava com um olhar mortal na porta e Lucero agia como se ele não existisse dentro do quarto, mas ele sabia que a qualquer movimento, a bronca serviria para ele também. Apesar do medo, o garoto tentou se explicar, afinal seu namoro estava por um fio.
− Olha, senhora, me deixa falar. Eu... – Leandro falava nervoso, mas Lucero o interrompeu.
− Você se entende com seus pais, meu assunto é só com ela. – Lucero falou fria e Leandro voltou a se encolher. – Vamos? – ela chamou Nina.
Lucero pegou a mão de Nina e nem a deixou falar com Leandro, a levou para a garagem com Manuel na frente. A mulher abriu a porta de trás do carro para a menina entrar e fechou, se acomodando no banco do carona, vendo o namorado já a postos para partir.
− Vocês me fizeram pagar o maior mico da minha vida. – Nina cruzou os braços, emburrada.
− Eu não quero ouvir uma palavra sua até chegarmos em casa. – Lucero enfatizou sem olhar para trás.
Manuel continuou dirigindo em silêncio. Ele não se meteria naquele assunto, Lucero parecia estar sabendo resolver muito bem, apesar de estar visivelmente nervosa, pois não parava de mexer nas unhas. A verdade era que ela odiava ter que brigar com os sobrinhos, sobretudo com Nina que demorou a gostar dela, mas ser mãe, principalmente sem ter se preparado antes, era mesmo muito complicado. Todos entraram em casa ainda calados, mas Larissa sorriu ao ver a tia.
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De Repente Mãe
RomanceLucero era uma mulher independente, que vivia para o trabalho e nem pensava em se casar apesar da relação colorida que tinha com o seu vizinho do apartamento da frente, Manuel Mijares. Um dia, sua irmã Beatriz sofre um grave acidente de carro que ti...