Capítulo 8

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Lucero tinha mudado sua vida completamente, de um jeito que nunca pensou que fosse acontecer. Ao invés da balada, ela voltava para casa depois do trabalho e se envolvia em algum filme infantil com quatro crianças. A mulher não diria que não gostava da nova realidade, seu problema era que sem as idas à balada, ela não ficava mais com Manuel mesmo ele estando sempre presente em sua casa, já que as crianças o adoravam. Um dia, ela chegava da escola com os sobrinhos e abria a porta do apartamento quando viu o homem fazer o mesmo no dele.

− Oi, pessoal! – Manuel cumprimentou animado e acenou.

As crianças responderam igualmente felizes, mas Lucero paralisou. Deus, como sentia falta de ser uma amiga colorida de Manuel.

− Ehhr... Vão entrando e tomando banho que eu já vou. – Lucero falou sem tirar os olhos de Manuel e deu espaço.

As crianças entraram e Lucero se aproximou de Manuel sem entender o que estava fazendo, assim como ele.

− E aí? – Manuel falou a primeira coisa que veio à cabeça e coçou a barba.

− Como vai? – Lucero respondeu sem graça.

De repente, Lucero e Manuel ficaram envergonhados um com o outro pela primeira vez na vida, talvez fosse a tensão e a saudade entre eles.

− Escuta, Lu, eu andei pensando. – Manuel abaixou a cabeça e Lucero prestou atenção nele. – Eu sei que agora você tem as crianças, mas você não acha que daria para a Nina e o Dudu olharem eles hoje para sairmos juntos?

Lucero desviou o olhar. Ela não sabia se estava na hora de deixar as crianças sozinhas, tinha medo de que elas se sentissem abandonadas.

− Eu não sei, Manuel, acho muito cedo. – Lucero falou receosa.

− Você acha que eles não iriam querer ficar sozinhos com os irmãos?

− Não é isso, só acho que eles podem pensar que eu me arrependi de ficar com eles.

− Eu acredito que eles não pensariam isso, mas tudo bem, eu entendo. – Manuel suspirou. – É que eu sinto saudades de você. – ele acariciou os braços de Lucero.

− Eu também sinto. – Lucero suspirou pesadamente. – Olha, eu vou pensar. Se der, eu te chamo e a gente sai hoje.

− Estarei esperando.

Lucero assentiu e sem se conter, plantou um selinho demorado na boca de Manuel, mas voltou para casa sem olhar para trás. O homem tocou os lábios, abobado, porém tratou de entrar também. Ele tinha certeza de que a mulher estava com saudades dele, tanto quanto ele dela. Lucero arfou com a mão no peito. O que estava dando nela que sempre que podia estava agindo como namorada de Manuel? Até então ela ainda se convencia de que não queria nada sério, mas apenas fingia não saber que era verdade o que Christian dizia, que seu vizinho era apaixonado por ela e ela, se fosse de se apaixonar, que fosse por ele. A mulher foi procurar Nina e a encontrou em seu quarto, mexendo no celular e sentada na cama.

− Posso entrar? – Lucero deu uma batidinha leve na porta.

− Entra, tia. – Nina largou o celular. – Tudo bem?

− Tudo sim e você?

− Tudo bem, eu acho que aos poucos vamos nos acostumando. – Nina suspirou.

− É, eu também acho. – Lucero passou a mão na colcha da cama. – Escuta, meu amor, você tem algum plano para hoje?

− Eu não, por quê? – Nina franziu o cenho.

− É que o Manuel me chamou para sair hoje e eu queria saber se te incomoda ficar sozinha com os seus irmãos. – Lucero falou sem graça.

Nina encarou Lucero. Para ela nunca foi problema cuidar dos irmãos, até porque sempre contava com a ajuda de Eduardo e além do mais, sabia por experiência própria o quanto era ruim mudar a vida radicalmente. Lucero adorava festas e não era justo que ficasse presa em casa sem aproveitar os prazeres da vida, Beatriz e Gustavo se foram enquanto se divertiam juntos e não perderam um minuto de todas as oportunidades que tiveram.

− É claro que não, pode ir tranquila.

− Mesmo? – Lucero ergueu a sobrancelha. – Mas e se seus irmãos não gostarem?

− Besteira, tia, eles já eram acostumados com meus pais saindo de vez em quando.

− É que eu não quero que vocês pensem que estou deixando vocês de lado. – Lucero abaixou a cabeça.

− Imagina, você está fazendo tudo por nós. – Nina segurou a mão de Lucero e sorriu.

− E acredite que eu faço com o maior prazer. – Lucero retribuiu o sorriso e beijou a testa de Nina. – Bom, eu vou, mas só depois que vocês jantarem, o Lucas e a Larissa forem para a cama e qualquer coisa mesmo, você me liga. – ela se levantou.

− Tranquila, a gente sabe se virar. – Nina riu.

Lucero sorriu outra vez e ia saindo, mas Nina a chamou. Já que tinha conseguido ter intimidade com a tia, ela queria tirar uma dúvida que rondava sua cabeça desde que se aproximou dela e conheceu Manuel.

− Tia, você e o Manuel são namorados?

Lucero paralisou. O pior era que ela não podia mesmo culpar as pessoas por pensarem isso, afinal ela e Manuel agiam como tal.

− Não... Não. Por que você acha isso? – Lucero perguntou nervosa.

− Porque parece muito e não entendo porque vocês ainda não são, dá para ver o quanto se gostam. – Nina falou como se fosse óbvio.

− De onde você tirou isso? Manuel e eu somos só amigos há anos. – Lucero falou sem encarar Nina.

− Hum, está bem. – Nina falou maliciosa.

− Eu vou ver se os meninos estão prontos para o jantar. Não demore. – Lucero saiu rápido.

Nina riu. Estava na cara que Lucero e Manuel terminariam juntos, só a tia ainda achava que não. Enquanto caminhava para o próprio quarto para chamar Lucas e Larissa, a mulher enviou uma mensagem para o vizinho.

"A Nina aceitou cuidar dos irmãos. Te encontro na boate de sempre. Beijos."

Lucero achou melhor não ir com Manuel para não dar mais motivos para Nina falar. Ela não beberia muito, precisava mudar seus hábitos já que tinha crianças em casa, então não tinha motivos para precisar da ajuda do amigo daquela vez.

                                                          ~ * ~

Nina fazendo tudo KKKKKK <3

Vem aí, eu não disse o quê KKKKKK <3

De Repente MãeOnde histórias criam vida. Descubra agora