Capítulo 9

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Desde que viu Lucero naquele mesmo dia, Manuel passou a repensar a própria vida. Ele nunca mais tinha ficado com outra pessoa mesmo sem ter nada sério com a mulher e não era por falta de oportunidades, ele apenas não tinha olhos para mais ninguém que não fosse Lucero. Até então ele tinha se contentado em fazer tudo do jeito dela, mas achou que tinha também que pensar e deixar de guardar os sentimentos para si. Talvez o melhor para todo mundo fosse que Lucero soubesse que ele a amava e queria algo sério com ela, assim eles não precisariam esconder das crianças quando estivessem juntos, o que seria bom para elas voltarem a ter uma família completa, com mãe e pai, pois Manuel já tinha consciência de que seria isso para os meninos mesmo que não desse certo com a tia deles. Apesar de Lucero ter dito que o encontraria na balada, ele ficou pronto apenas de olho em quando ela passasse pela porta do apartamento dela e assim que ouviu o barulho da porta, ele saiu correndo, encontrando Lucero saindo de casa.

− Lucero? Oi.

− Manuel? A gente não ficou de se encontrar lá? – Lucero perguntou assustada com a mão no peito.

− Ficamos, mas eu preciso falar com você. – Manuel coçou a nuca.

− Claro. Aconteceu alguma coisa? – Lucero se preocupou.

− Não. Ehhr... Vem comigo, por favor. – Manuel caminhou até o apartamento dele, vendo Lucero o seguir e abriu a porta.

− Pode falar, Manuel, mas se puder ser rápido, eu agradeço porque eu não sei se você se lembra, agora temos hora certa para voltar. – Lucero sorriu, largando a bolsa no sofá.

Manuel olhou Lucero de cima a baixo. Como era possível que a cada vez que a via ela estava mais linda? Aquele vestido cinza e curto realçava bem as suas curvas e o longo cabelo loiro e ondulado a deixava ainda mais irresistível. Deus, que saudades ele sentia de acariciar cada parte daquele corpo que costumava se encaixar tão bem com o seu.

− Claro. Você sabe que eu sempre me senti satisfeito com a forma com que a gente vive, mas agora as coisas mudaram.

− Como assim? Do que você está falando? – Lucero perguntou confusa.

− Da nossa "amizade colorida". – Manuel fez aspas com as mãos. – Para mim estava tudo bem ou então eu fingia para mim mesmo que estava para não gerar atrito entre nós, mas agora não dá mais.

− Manuel, eu continuo sem entender. – Lucero falou nervosa.

− Lucero, eu te amo. Eu sempre te amei e acho que por isso aceitei estar com você nas suas condições, para mim bastava estar do seu lado, mas hoje esse sentimento cresceu tanto que ser seu amigo colorido se tornou pouco para mim. Eu quero mais, quero tudo com você, então peço que aceite ser minha namorada. – Manuel falou sem respirar, mas no final deu um suspiro profundo.

Lucero ouvia a tudo de olhos arregalados. Manuel sabia bem das suas condições, sem cobranças e sem sentimentos falados, o que era mostrado já era suficiente, eles gostavam de estar juntos e isso bastava, pelo menos era o que ela sempre pensou ao longo dos anos.

− Desculpa, mas... O que você quer que eu diga? – Lucero abriu os braços nervosamente.

− Que você aceita. Que pelo menos uma vez na vida você vai ouvir o seu coração que com certeza me quer como eu te quero. – Manuel sorriu.

− Manuel, você sabe que relacionamento sério não é comigo, muito menos agora que eu tenho os meus sobrinhos, todos os meus esforços estão sendo para eles e o meu trabalho.

O sorriso de Manuel morreu aos poucos. Lucero era realmente muito difícil, mas ele precisava se impor se quisesse conquistar um espaço a mais na vida dela.

− Eu entendo, mas isso também vai te ajudar bastante com eles porque eu vou estar ao seu lado como uma figura masculina e... – Manuel falava, mas Lucero o interrompeu.

− Espera aí, você está dizendo que eu preciso de um homem para cuidar dos meus sobrinhos?!

− É claro que não, eu estou dizendo que você pode voltar a dar uma família de verdade a eles com alguém que já os ama.

− Eles já têm uma família de verdade, eu sou a família deles. – Lucero enfatizou, apontando para si mesma.

− Não é disso que eu estou falando, Lucero, você está mudando de assunto. – Manuel falou nervoso e coçou o rosto.

− Eu entendi muito bem, Manuel, e a resposta é não. Eu não quero namorar com você e nem com ninguém. – Lucero enfatizou, pegando a bolsa e caminhando para a porta.

Manuel sabia que tinha piorado tudo com o pedido e ainda as palavras que Lucero havia levado a mal, mas precisava chegar ao extremo, pois devia isso a ele mesmo que sempre viveu sob as condições dela.

− Se você sair, não precisa voltar. Está tudo acabado, até mesmo amizade.

Lucero respirou fundo, segurando a maçaneta da porta. Se Manuel achava que ela cairia em chantagem, estava muito enganado.

− Ótimo, era isso que eu queria. – Lucero falou com desprezo e saiu sem olhar para trás.

Lucero quase correu dali. Ela queria ignorar a dor que sentia no peito, sua amizade de anos terminou por puro orgulho e por ela não poder entregar o que Manuel esperava dela, mas tudo iria ficar bem, que ele encontrasse alguém que o merecesse e no futuro eles poderiam até retomar a amizade que tinham. A mulher perdeu completamente o ânimo de sair de casa, mas se voltasse com certeza seus sobrinhos não parariam de questionar, além dela nunca ter sido de se abater por problemas, iria à festa sim, dançaria e encontraria pessoas que a fariam se esquecer de tudo por algumas horas. O que ela não sabia era que o homem tinha o mesmo pensamento e destino, se esquecer de tudo com muita bebida, dança e alguma mulher que por mais que não chegasse aos pés da sua vizinha, tirasse o gosto dela da boca dele e da sua mente os seus toques o mais rápido possível.

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Deu ruim ou deu bom??? Deixo com vocês KKKKKKKKK <3

De Repente MãeOnde histórias criam vida. Descubra agora