Kessya andava agitada, depois de quase 4 meses de namoro ainda não tinha conseguido esquecer completamente daquela dúvida inicial que tanto a corroía. Era certo que Luigi nunca havia a olhado com esses olhos, mas ela não conseguia deixar de reparar no amigo, no seu jeito desconcertado e, por que não dizer, desconcertante. Isso a incomodava, a fazia se sentir a pior das pessoas... "Como eu ainda penso no Luigi? Ele namora a Song, ela tem os defeitos dela, mas é minha amiga! E eu... eu namoro o Bento!".
O que também era certo é que Bento era um ótimo namorado, dedicado... até demais, ela diria. Parece que todo o esforço do menino para agradá-la, de tão minuciosamente pensado, calculado, estudado, fazia tudo parecer artificial demais e causava na garota o efeito contrário do pretendido. Aquela leveza e impulsividade que ele tinha no início deram lugar a uma insegurança odiosa e cansativa. Kessya tinha Bento nas mãos e, depois de quase 4 meses de namoro, ele parecia algo pesado demais para se carregar.
---Bento se preparava para mais um dia de aula, quando passou no corredor que dava para a sala, parou em frente a um grande espelho, o mesmo que, quando menino, o fazia correr olhando só o chão até chegar no quarto, ele sorriu se lembrando daquele menino medroso, ainda aprendendo a correr sem auxílio de nada. Não podia deixar de se sentir orgulhoso, na sua frente via o cara que um dia sonhou em ser: tinha uma família que o amava e apoiava, tinha o movimento para fazer tudo o que os meninos da sua idade faziam, tinha deixado para trás um passado de grandes sofrimentos e, principalmente, tinha ao seu lado a menina que sempre dançou no palco do seu coração. O que ele faria para surpreender Kessya dessa vez? Era o que pensava enquanto dava a última garfada no bolo de chocolate. "Bolo de chocolate!" e correu na cozinha para buscar um pote e guardanapos.
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Naquela manhã, o pianista foi sozinho para a escola. João tinha ido mais cedo buscar Poliana, já ele não precisava se preocupar com sua garota, ela sempre vinha com o Luigi que era vizinho dela e amigo dos dois. Encontrou com Érick no caminho e foram conversando sobre os novos lançamentos da Luc4tech que prometiam desbancar a soberania da onze, os meninos duvidavam um pouco.
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Ao chegarem na escola, um alvoroço em frente ao portão parou os dois de repente. João, saindo do meio daquela grande roda que se formava, enquanto amassava um papel, gritou:
- Foi você, não foi, seu desgraçado?
Érick não teve tempo de responder, o soco do namorado de Poliana havia sido certeiro, atingindo o queixo do garoto que caiu desmaiado.
- Você tá maluco, João?
- Você ainda não me viu maluco, Bento. - falou enquanto desamassava o papel, seus olhos já começavam a marejar, seu irmão percebia que o assunto era sério- Olha, olha o que o seu amiguinho fez com a gente!
Bento leu o que parecia ser um print de uma conversa no celular, nela, João e Poliana marcavam, com detalhes, um encontro romântico, talvez só romântico não fosse a palavra mais adequada.
- Mas o que é isso, João?
- É... - agora falava o mais baixo que conseguia, puxando Bento para o outro lado da rua - é uma conversa minha e da Poli. Ninguém precisava saber de assuntos privados, mas agora todos sabem.
- A Poli deve estar arrasada... Eu sinto muito, João!
- Sente mesmo, Bento? Porque... parando pra pensar... acho que você também tá metido nessa!
- Você está me ofendendo!
- É pra ofender mesmo! Quem mais poderia mexer no meu celular sem levantar suspeitas?
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Parede de Papel
RomanceDizem que duas pessoas, quando se amam em segredo, estão separadas apenas por uma fina parede de papel. Basta um toque ou, até mesmo, um sopro, para que essa separação se desfaça em cinzas e o amor mostre suas chamas fulminantes. Uma fanfic de Kessy...