Capítulo 1 - QUANTO DURA O "PARA SEMPRE"?

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Kessya andava agitada, depois de quase 4 meses de namoro ainda não tinha conseguido esquecer completamente daquela dúvida inicial que tanto a corroía. Era certo que Luigi nunca havia a olhado com esses olhos, mas ela não conseguia deixar de reparar no amigo, no seu jeito desconcertado e, por que não dizer, desconcertante. Isso a incomodava, a fazia se sentir a pior das pessoas... "Como eu ainda penso no Luigi? Ele namora a Song, ela tem os defeitos dela, mas é minha amiga! E eu... eu namoro o Bento!".

O que também era certo é que Bento era um ótimo namorado, dedicado... até demais, ela diria. Parece que todo o esforço do menino para agradá-la, de tão minuciosamente pensado, calculado, estudado, fazia tudo parecer artificial demais e causava na garota o efeito contrário do pretendido. Aquela leveza e impulsividade que ele tinha no início deram lugar a uma insegurança odiosa e cansativa. Kessya tinha Bento nas mãos e, depois de quase 4 meses de namoro, ele parecia algo pesado demais para se carregar.

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Bento se preparava para mais um dia de aula, quando passou no corredor que dava para a sala, parou em frente a um grande espelho, o mesmo que, quando menino, o fazia correr olhando só o chão até chegar no quarto, ele sorriu se lembrando daquele menino medroso, ainda aprendendo a correr sem auxílio de nada. Não podia deixar de se sentir orgulhoso, na sua frente via o cara que um dia sonhou em ser: tinha uma família que o amava e apoiava, tinha o movimento para fazer tudo o que os meninos da sua idade faziam, tinha deixado para trás um passado de grandes sofrimentos e, principalmente, tinha ao seu lado a menina que sempre dançou no palco do seu coração. O que ele faria para surpreender Kessya dessa vez? Era o que pensava enquanto dava a última garfada no bolo de chocolate. "Bolo de chocolate!" e correu na cozinha para buscar um pote e guardanapos.

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Naquela manhã, o pianista foi sozinho para a escola. João tinha ido mais cedo buscar Poliana, já ele não precisava se preocupar com sua garota, ela sempre vinha com o Luigi que era vizinho dela e amigo dos dois. Encontrou com Érick no caminho e foram conversando sobre os novos lançamentos da Luc4tech que prometiam desbancar a soberania da onze, os meninos duvidavam um pouco.

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Ao chegarem na escola, um alvoroço em frente ao portão parou os dois de repente. João, saindo do meio daquela grande roda que se formava, enquanto amassava um papel, gritou:

- Foi você, não foi, seu desgraçado?

Érick não teve tempo de responder, o soco do namorado de Poliana havia sido certeiro, atingindo o queixo do garoto que caiu desmaiado.

- Você tá maluco, João?

- Você ainda não me viu maluco, Bento. - falou enquanto desamassava o papel, seus olhos já começavam a marejar, seu irmão percebia que o assunto era sério- Olha, olha o que o seu amiguinho fez com a gente!

Bento leu o que parecia ser um print de uma conversa no celular, nela, João e Poliana marcavam, com detalhes, um encontro romântico, talvez só romântico não fosse a palavra mais adequada.

- Mas o que é isso, João?

- É... - agora falava o mais baixo que conseguia, puxando Bento para o outro lado da rua - é uma conversa minha e da Poli. Ninguém precisava saber de assuntos privados, mas agora todos sabem.

- A Poli deve estar arrasada... Eu sinto muito, João!

- Sente mesmo, Bento? Porque... parando pra pensar... acho que você também tá metido nessa!

- Você está me ofendendo!

- É pra ofender mesmo! Quem mais poderia mexer no meu celular sem levantar suspeitas?

Parede de PapelOnde histórias criam vida. Descubra agora