Capítulo 42 - AS MOÇAS DO LIVRO

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Elas pouco se falaram depois da volta da viagem, o clima era estranho, Poliana queria conversar com a amiga, mas sabia que nada do que dissesse a deixaria menos triste ou mais consolada. A loirinha, então, amaldiçoava o momento em que resolveu brincar sozinha no mar, revivia todo aquele pesadelo e, apesar da gratidão por ter saído ilesa, sentia muito por não poder dizer o mesmo do namoro dos amigos.

Queria uma desculpa qualquer para puxar assunto, para ligar para Kessya ou ir na casa da amiga. Não precisou esperar muito... aquele final de dezembro chegava com ótimas notícias que o namorado fazia questão de contar quase pulando de alegria.

- Meu tio conseguiu uma vaga!

- Nem vou te convidar para entrar, já que você já entrou kkkkk me conta o que está acontecendo direito, João!

- Lembra daquele hospital nos Estados Unidos que tem um tratamento revolucionário e que meus tios estavam tentando contato desde o acidente do mano?

- Lembro, claro que sim! - o rosto da menina também se iluminava.

- Pois é... deu trabalho, o tio Otto viajou com o Dr. Davi pra lá várias vezes e a gente só na torcida...

- Então eram essas as viagens de negócios que meu pai vivia fazendo? Você não me contou nada, por quê?

- O Bento disse que não queria que ninguém ficasse sabendo antes de ser certeza... principalmente você e a Kessya, não queria dar falsas esperanças para ninguém... Mas você não sabe como minha língua coçava para contar tudinho!

- Tá, mas e aí, tem vaga então? O Bento vai quando? João, conta tudo, pelo amor de Deus!

- Pois é, ontem meu tio chegou novamente de viagem, a gente estava na sala ...

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Na noite anterior:

- João, para de ficar roendo as unhas desse jeito, parece até que é você que precisa de um tratamento... nem eu tô tão ansioso assim... - Bento dizia isso, mas a verdade é que não conseguia parar de olhar o relógio e esperar ansiosamente as notícias que Otto traria ao entrar pela porta do apartamento.

- E quem disse que eu estou ansioso com isso? Eu quero ver se o tio lembrou de trazer aquele violão que tinha me prometido de natal. - João também disfarçava, estava tão nervoso quanto o irmão, mas não queria demonstrar a grande expectativa que tinha, pois sabia que o tio também poderia trazer más notícias.

Quando Ruth e Otto entraram sorrindo porta adentro, foi como se a noite virasse um dia ensolarado. Os dois se sentaram ao lado dos sobrinhos e Otto segurava as lágrimas.

- Bento, eu te disse que conseguiria algo para você. Depois daquele dia, eu juro, não dormi nenhuma noite direito, pesquisei muita coisa, falei com muita gente...

- Eu sei, tio, eu te agradeço muito por isso, de verdade... pra mim, já é o bastante...

- Não, não é! Eu te disse que só pararia até te ver andando sem auxílio novamente. E é por isso que eu quero que você me escute.

- Mas, afinal, o Bento conseguiu ou não o tratamento?

- Conseguiu, João. Nós conseguimos uma vaga para ele!

Agora eram os meninos que choravam, enquanto o tio ainda tentava explicar mais detalhes.

- Bento, mas para que você tenha mais chances, a gente vai precisar contar com toda a sua perseverança. Como você sabe, esses tratamentos são bastante dolorosos e exigem atenção total do paciente. O hospital é um internato, a gente não vai poder te acompanhar e nem mesmo te visitar...

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