Aquelas férias estavam sendo difíceis para nossa menina, mesmo ela gostando tanto do verão, de ir ao clube, de tomar sorvete com os amigos. Na verdade, sentia falta de Bento, só sabia notícias dele quando perguntava para Poliana ou quando ele, de vez em nunca, postava algo em sua rede social.
Ainda bem, pensava ela, que já estava acabando. Já era metade de fevereiro e, daqui a poucos dias, as aulas voltariam e, com ela, o dono de seus pensamentos.
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Tinha recusado alguns convites de Luigi para sair, ficava a maior parte do tempo em seu quarto, assistindo alguma coisa, lendo ou dançando. Gleyce percebia o comportamento incomum da filha e tentava animá-la, sem sucesso. Um dia, resolveu que era melhor conversar, as férias estavam acabando e ela não tinha aproveitado nada...
- Kessya, minha filha, não tô te reconhecendo! Já é a quinta vez nessa semana que o Luigi aparece aqui na porta te chamando pra alguma coisa e você diz que não quer ir... O que que está acontecendo?
- Não é nada, mãe... eu só estou cansada...
- E férias servem pra quê, meu amor? Justamente para descansar! Vai, se arruma, pega um maiô, vai lá no clube com seus amigos...
- Desculpa, mãe... eu só não estou com cabeça, tá?
- Tá bom... mas eu nunca vi isso, ter que ficar implorando pra uma adolescente ir se divertir... Não quer ir? Tudo bem... fica aí as férias inteiras arrastando piano.
"Arrastando piano, ela precisava mesmo usar essa expressão?"
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Era o dia pelo qual todos eles esperavam, sempre no encerramento do retiro os músicos faziam uma grande apresentação na praça da cidade. Tudo estava lindo e iluminado, Bento já tinha separado seu terno e ajudava os colegas nos preparativos.
O órgão não saía, obviamente, do conservatório com seus tubos enormes e, por isso, o maestro sempre emprestava um piano sem cauda que uma senhorinha possuía em sua casa... O piano não era tão pesado assim e a casa ficava perto da praça, por isso Bento e alguns colegas foram buscá-lo e, com algum esforço, carregavam aquele instrumento, arrastando-o pelas ruas. Iam brincando e se distraindo, quando, por um descuido, Bento escorregou naquelas pedras tão lisas que calçam as ruas da cidade antiga, o amigo do outro lado do piano se desequilibrou também.
- Socorro, socorro! - o colega do pianista gritava, enquanto alguns passantes paravam para ajudar a remover o instrumento de cima do amigo que urrava de dor.
- Minhas pernas! Minhas pernas!
Era uma gritaria, o socorro veio logo, mas a audição perdia um de seus principais componentes, o peso do piano tinha acertado em cheio as pernas do garoto, que, como sabemos, tinham pontos bastante fragilizados e ele estava sendo transferido para Belo Horizonte, onde passaria por exames e cirurgias necessárias.
Gente, por essa ninguém esperava, não é mesmo? Estamos chegando em partes decisivas dessa história! Obrigada pelos votos, curtidas e comentários, tudo isso é muito importante pra mim!
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Parede de Papel
RomanceDizem que duas pessoas, quando se amam em segredo, estão separadas apenas por uma fina parede de papel. Basta um toque ou, até mesmo, um sopro, para que essa separação se desfaça em cinzas e o amor mostre suas chamas fulminantes. Uma fanfic de Kessy...