- Maestro, ele está sim na ambulância indo para BH, o que a gente faz agora?
- Estou voltando para o conservatório para pegar a ficha dele e ligar para os responsáveis... A nossa secretária está indo com ele para BH como acompanhante, agora é esperar. É uma pena isso tudo ter acontecido, uma tragédia!
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- O celular dele está vibrando na mochila... Tá escrito Helena e um coraçãozinho..
- Atende! Deve ser a namorada dele, ou sei lá...
- Alô?
- Alô! O Bento... O Bento tá aí perto? Queria falar com ele...
- Na verdade, não, moça...
- Ah, então já começou a apresentação? Perdi a hora! Queria ter desejado boa sorte...
- Não... A apresentação foi cancelada... Moça, você está sozinha?
- Não, estou em casa, com meus pais... Peraí, mas o que isso tem a ver com a apresentação, por que ela foi cancelada?
- Houve um acidente... É uma longa história, mas um piano caiu em cima das pernas do Bento... Ele precisou ser internado em BH... Eu... eu sinto muito!
- O QUE? ME FALA QUE ISSO É UMA BRINCADEIRA DE MAU GOSTO! BEN, BEN, FALA COMIGO, FALA PRA ESSE SEU AMIGO PARAR DE BRINCAR COM COISA SÉRIA!
A menina perdia o chão debaixo dos pés, era uma sensação desesperadora que nunca havia experimentado antes, seus pais ouviram os gritos da menina e correram para a sala, Helena estava sentada num canto, chorando, a ligação acabava de terminar com o colega de Bento garantindo a segurança daquelas informações. Ela estava desolada, pensava no menino sozinho num lugar tão distante, indo pro hospital, sentindo dores, medo...
Ligou pra João, precisava fazer alguma coisa.
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- O QUE? Helena, fala direito, eu não estou entendendo nada, onde você está, você precisa de ajuda? Por que está chorando desse jeito?
- João... o Bento... o Bento... ele machucou as pernas de novo... ele está internado em BH... Eu conversei com um dos músicos, ele me falou, João!
- Helena, calma, isso deve ser mentira, só pode ser mentira, meus tios não estão...
Ruth entrava no quarto do sobrinho pálida, escorando na porta...
- João, me ajuda, eu vou desmaiar! Eu não estou bem...
O menino não sabia a quem acudir primeiro, colocou o celular no viva-voz enquanto ajudava a tia a se sentar na sua cama.
- Helena. pelo visto, é verdade! - o menino também chorava.
- Eu quero ir com vocês ver ele, João!
- Está certo! Você vai com a gente... Eu tenho que ligar pra Poliana, falar para ela e o tio Otto arrumarem as coisas logo... arruma suas coisas, quando tudo tiver pronto eu te mando mensagem.
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Ruth, ainda sentada na cama do sobrinho, falava com o marido pelo celular. João foi para a sala ligar para a namorada.
- Poli, Poli! Você tá em casa?
- Oi, amor, tudo bem? Tô aqui na Kessya... O que foi... João, você está... chorando?
- Poli, vai pra casa, rápido!
- Que urgência toda é essa, João... Você tá me assustando!
- O Bento... ele machucou as pernas de novo, Poli, ele tá no hospital!
- O Bento? No hospital?
- AMIGA, O QUE É QUE TEM O BENTO? O QUE ACONTECEU, POLIANA?
A menina do contente colocava o celular no viva-voz para que Kessya também pudesse escutar as notícias... João explicou da melhor forma que pôde.
- Eu quero ir com vocês, João... Me deixa ir ver o Bento, por favor.
Kessya não conseguia esconder o nervosismo, a desolação, a preocupação...
- Desculpa, Kess, o carro está cheio... é que a Helena... ela pediu e...
Poliana ia correndo pra casa... Kessya pensava em alternativas... Mas sua mãe nunca a deixaria ir de ônibus para outro estado. Ela estava de mãos atadas. Pensava em Bento sozinho naquele hospital, sentindo medo, dores, longe de todos. Ela precisava ir. Resolveu rezar, se Deus era quem sabia de tudo, saberia que o lugar dela era perto de Bento, mais do que nunca naquela situação.
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- Poli, que bom que chegou!
- Cadê meu pai? A tia Ruth? Passei em casa só pra buscar algumas coisas, mas não tinha ninguém em casa.
- Ele foi levar a tia no aeroporto, eles acharam melhor que ela fosse na frente, chegasse ainda hoje em BH para ver como estão as coisas...
- E a gente?
- A gente sai nessa madrugada!
- Vem aqui, amor, me dá um abraço... vai ficar tudo bem com ele, você sabe não é? O Bento é forte, já passou por isso e vai vencer mais uma vez!
- Ele tá na cirurgia agora, Poli. Meu irmão tá lá sozinho... sozinho! Eu não posso fazer nada! Não é justo!
Os dois se consolavam na sala e Poliana pedia para que Deus olhasse todas aquelas lágrimas e tivesse compaixão.
- Ele não está lá sozinho, meu amor... Deus está com ele!
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- Helena, oi, é a Poli!
- Oi, Poliana, estou com tudo pronto, podem vir na hora que quiserem!
- A gente sai às 4... pode descansar... a viagem será longa!
- Às 4? Tudo bem, estarei esperando! Obrigada
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Todos já estavam no carro e eles seguiriam viagem, foi quando Poliana se lembrou da amiga, como Ruth já havia ido, sobrara uma vaga no carro...
- Pai, o senhor pode passar na casa da Kessya?
- A essa hora, Poliana? E nós estamos com pressa também, minha filha!
- Eu sei! Mas ela quer muito ir... E tem lugar no carro... Por favor, eu ligo pra ela e tenho certeza de que ela se arruma num instante.
- Tudo bem!
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- Amiga, oi... Te acordei?
- Como eu poderia dormir hoje, Poli... Vocês já estão na estrada? Tem mais alguma notícia do Bento? - dizia a menina com voz embargada.
- Na verdade, estamos saindo agora... Eu queria te perguntar se você consegue se arrumar bem rápido, pegar documentos e tudo!
- Claro, mas por que?
- Vagou um lugar no carro e, se você ainda quiser, estamos passando aí pra te pegar!
- Quero, claro que quero! Obrigada, Poli, muito obrigada!
A menina, ainda de joelhos da oração que fazia antes da ligação da amiga, agradecia a Deus por a ter escutado.
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Então a Helena havia desistido de ir... Mas, por que? Na verdade, aquilo não interessava mais... Devia arrumar suas coisas, avisar sua mãe e ficar na porta de casa e foi exatamente isso o que fez.
Ao entrar no carro, percebeu que a vaga, na verdade, era de Ruth... Poliana a explicou o que ocorrera e foram para a capital das gerais com os corações suspensos.
Gente, coitado do nosso Ben! Ainda bem que a Kessynha conseguiu ir visitá-lo. Vai dar tudo certo no final!
Obrigada por todas as curtidas, votos e comentários, tudo é muito importante pra mim!
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Parede de Papel
RomanceDizem que duas pessoas, quando se amam em segredo, estão separadas apenas por uma fina parede de papel. Basta um toque ou, até mesmo, um sopro, para que essa separação se desfaça em cinzas e o amor mostre suas chamas fulminantes. Uma fanfic de Kessy...