Bento estava animado, a viagem correra bem e Mariana era muito superior ao que tinha visto nos livros de história. As ruas tinham um cheiro diferente, um ar diferente... De noite então, quando os barzinhos se abriam e os jovens conversavam nas praças, era uma liberdade que nunca tinha provado... O interior estava ensinando coisas ao menino da cidade grande.
As casas pareciam convidar para um café, as varandas pediam para que a gente sentasse ali e lesse algum livro bom. Ele estava encantado... as horas de folga dos ensaios passava-as percorrendo aquelas ruelas, visitando igrejas, tirando pencas de fotos.
Por falar em ensaios, como ele estava gostando deles, como os outros músicos eram generosos e companheiros! Tudo combinava perfeitamente, como tem mesmo que ser as orquestras... Eles saíam juntos à noite para comer em uma pastelariazinha graciosa perto da praça, às vezes paravam para ouvir algum sambinha que alguém tocava nas ruas. A diferença de idade entre eles fazia com que Bento ouvisse histórias incríveis e ganhasse muita experiência.
Tocar o órgão era uma sensação à parte, o som antigo fazia com que o garoto se sentisse teletransportado para outras épocas, os novos aprendizados ampliavam sua visão sobre a música e sobre o poder que ela tem no coração dos homens.
O menino chegou até a agradecer pelos desvios que a vida deu que o fizeram tentar aquela audição.
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Às vezes pensava em Kessya, outras, em Helena. Mas sabia que pensar na primeira era errado, eles tinham terminado e, afinal, ela era comprometida. Começou então a se esforçar para pensar mais na segunda, lembrar dela enquanto tocava, enviar para ela suas fotos mais legais da viagem, ligar para ela todos os dias antes de dormir. Foi o que ele fez!
Talvez o verbo "esforçar-se" não tenha sido bem usado por mim, porque pensar em Helena não era algo difícil para ele, ainda mais depois de ter ouvido da boca da menina aquelas palavras deliciosas "Gosto de Você!". Bento estava certo de que ela, aos poucos, estava perdendo o medo e ele estava decidido a esperar, valeria a pena!
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- Leninha, boa noite!
- Boa noite, Ben! Que linda aquelas fotos que você me mandou hoje...
- Aqui é bonito demais, Helena! Você precisava ver! Qualquer dia eu te trago pra cá para passearmos, agora já tenho bastante amigos e temos lugar pra ficar na cidade!
- Olha que eu vou cobrar, hein?!
Os dois riam no telefone e conversavam assim até a sirene do conservatório tocar assinalando o período de descanso.
Bento estava certo, Minas Gerais tinha o poder de deixar uma borboleta com saudades!
Gente, enquanto um casal desmorona, tem outro sendo construído aos pouquinhos... Essa parede parece que nunca vai cair... mas vai!
Agradeço a todos pela paciência, leituras, votos e comentários, para mim, isso é muito importante! Continuem acompanhando! <3
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Parede de Papel
Roman d'amourDizem que duas pessoas, quando se amam em segredo, estão separadas apenas por uma fina parede de papel. Basta um toque ou, até mesmo, um sopro, para que essa separação se desfaça em cinzas e o amor mostre suas chamas fulminantes. Uma fanfic de Kessy...