Capítulo 5 - DESIMPEDIDOS

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Então a Song tinha sido cúmplice do Érick? Então ela que traíra a confiança da turma? Mas então,  então o Luigi não poderia mais estar com ela... concluía a bailarina enquanto voltava sozinha para casa. "A essa hora, Luigi deve estar solteiro" pensou ela, naqueles pensamentos que a gente se envergonha em confessar, mas que todos nós, vez ou outra temos. Foi uma sensação esperançosa. Logo depois, se lembrou do quanto seu amigo parecia gostar da coreana novata e se aborreceu por ter ficado feliz com aquela suposição. "Não, Kessya, a essa hora, Luigi deve estar arrasado!"

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Nos dias que se seguiram, Kessya fez de tudo para animar o maior diretor de cinema que a Ruth Goulart já viu. Desde ajudar em novos roteiros, até a assistir filmes cult de 3 horas ou mais, sem cochilar...
- Ke, presta bastante atenção nessa parte que vem agora... Olha a virada da câmera em corte sequência!!! Eu nunca vi nada parecido!!!
- Você sabe que não entendo muito disso, não é? Mas, se você está falando, com certeza é genial!

Ela falava tentando animar o menino, segurava sua mão, encostava a cabeça em seu ombro... era como se dissesse com seus atos que ele não estava sozinho, que ele não precisava se preocupar com nada. O loirinho sentia tudo isso e era cada vez mais grato por ter como vizinha a amiga mais companheira do mundo.

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Na escola, porém, Kessya ainda não se sentia tão livre para conversas demoradas e contatos físicos com o Luigi. Estavam solteiros, era certo. Mas não se sentia desimpedida, sabia que o que fazia ainda afetava um certo menino de óculos e cabelo preto. Por isso, era, o quanto podia, discreta. Apesar de ter vontade de estar sempre ao redor do seu vizinho.

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Helena não andava mais com a turma, apesar de cumprimentá-los sempre, era estranho ver João e Poliana juntos. Ela sabia do amor dos dois, sabia que era algo além de qualquer outra relação e que um era insubstituível para o outro. Depois de um tempo, se conformou. João não era mais o dono dos seus sentimentos, ela só achava estranho ter tanto contato assim com o menino.
Após a semana de suspensão, viu que Song também estava afastada do restante dos colegas e, depois de uma conversa longa, resolveu acreditar nas palavras da menina. As duas passaram, então, a ficar mais juntas.
Era visível que a coreana ainda sofria muito pelo término, mas Helena tinha confiança de que, como ela, Song também conseguiria superar.

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As provas finais do primeiro semestre estavam chegando, deixando a maioria dos alunos em verdadeiro desespero. Bento, pelo contrário, se sentia confiante. Enquanto superava o término, tinha canalizado suas energias para aprimorar-se nos estudos e, então, já fazia planos para as férias, antes mesmo de fazer as famigeradas provas.

A tranquilidade do garoto contrastava e muito com o nervosismo da menina que acabava de pará-lo no corredor, colocando mãos dela nos seus ombros.

- Bento!
- Helena! Nossa, que susto!
- Eu te procurei pela escola toda! Preciso de um favor seu!
- Olha, Helena, se for sobre o João, já te aviso que não posso te ajudar, ele e a Poli estão bem juntos e...
- Claro que não é sobre o João! - disse ela um pouco irritada.
- Então?
- É sobre outro cara aí... - disse inclinando-se para cochichar no ouvido do garoto, ainda apoiando-se nos ombros dele.

Fazia tempo que não ficava assim tão próximo de uma menina, mais precisamente, 3 semanas, depois daquele abraço de Kessya. Por isso, não pode deixar de sentir um arrepio, a voz de Helena era penetrante e sua boca quase tocava o ouvido dele.

- Olha - falou imitando o gesto, e também cochichando no ouvido da menina - eu não sou o melhor dos cupidos, mas posso tentar...
Helena continuou no mesmo ar provocador:
- Então me ajuda com o... o Descartes.

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O menino ainda tentava entender o que estava acontecendo, enquanto a menina tentava, em vão, segurar o riso. Os dois já tinham se afastado um do outro.

- É, Bento, me ajuda com esse maldito cara que me foi inventar o plano cartesiano. Agora tenho que aprender funções... De verdade, não entra na minha cabeça!
- Ah, sim. Com esse cara, eu acho que consigo te ajudar! Sem dúvidas, sou mais professor que cupido.

Os dois continuaram rindo no corredor, enquanto combinavam o horário para as aulas particulares.

Meu pessoalzinho, obrigada pelos votos e leituras... Estamos chegando numa parte difícil, mas, para quebrar a parede, é preciso que a parede exista! Não desistam de mim, vai valer a pena. Me contem nos comentários o que estão achando! Grata por tudo!

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