Capítulo 3 - A SOLUÇÃO

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Como era difícil amar, difícil expor fragilidades... principalmente para ela, uma aluna novata que aprendeu desde cedo que escola não é lugar para brincadeiras, quem dirá para namoros. Mas ela amava Luigi, amava a impressão que causava no loirinho... Deixá-lo nervoso passou a ser a sua coisa preferida no mundo e foi de provocação em provocação que Song passou de amiga à namorada do garoto. Ser aceita na escola já não era uma preocupação relevante, Luigi tinha amizades sólidas e sempre abertas a novos integrantes. Em pouco tempo ela já era da turma.

Foi justamente por andar com eles, que ela um dia soube de uma antiga namorada... uma tal de Yasmin. Sentiu algo lhe ferir o orgulho, teve inveja do título de "primeira namorada". Mas era só. Não saber o rosto da menina que já havia se mudado, fazia com que esta não causasse tanto efeito, tanta raiva, tanto... ciúme. Esse sentimento pavoroso, que nos deixa inseguros, que desperta rivalidades, que nos faz desejar possuir quem deveríamos mais querer livres... Esse sentimento Song sentia por outra menina, por mais irracional que fosse e ela sabia que era. Nessas coisas, não se manda, e ela tinha ciúmes de Kessya.
Nunca admitiu para ninguém: os amigos achariam loucura, o namorado ficaria bravo... Mas tinha vezes que ela poderia jurar que ela e a amiga tinham mais um gosto em comum além da dança. Ela olhava Luigi de um jeito diferente e às vezes interrompia Song com comentários "O Luigi não gosta disso", "Ele riu para te agradar", "Eu conheço o Luigi"... parecia querer marcar um lugar diferenciado para si, um lugar inalcançável. Bobeira ou não, Song detestava isso. Por esse motivou, também detestou saber que Kessya e Bento não estavam mais juntos.

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Já fazia uma semana desde a exposição da conversa e o assunto havia esfriado no colégio, muito pelo empenho do João em deixar bem claro que ninguém tinha nada a ver com a vida dele e de Poliana e que ele não admitiria mais nenhum comentário ou gracinha envolvendo o nome dos dois. Poli também já estava mais tranquila, não se sentia envergonhada e sabia que era a vítima. Tudo, aos poucos, voltava ao normal. Bem, quase tudo.

Bento entrava mais uma vez na sala de aula e, como nos últimos dias, desejou não ser sobrinho da diretora, não ser da família dos donos da escola, só assim poderia pedir transferência sem parecer desdenhar do próprio estabelecimento. Ver sua ex do outro lado da sala ainda doía demais, ele pelo menos já conseguia segurar a vontade de chorar, era um avanço. Kessya estava ainda mais bonita, ele pensava, parecia castigo.
Ia se sentar quando lembrou de algo importante... "Como não pensei nisso antes?"

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- Tia Ruth, tia Ruth!!!
- Bento, que gritaria é essa, senta... Nós estamos num colégio, não num hospício!
- Tia Ruth, eu acho que foi o Érick!
- O que? Sobre a conversa do João? Você tem alguma prova?
- Eu me lembrei de algo...
- Então me conta logo, Bento!
- Naquele dia, eu cheguei junto com ele na escola porque o encontrei no caminho...
- Tá, e o que isso prova?
- Não era o caminho da casa do Érick até à escola, tia! Nós moramos em lados opostos!
- É verdade, claro! Então você acha que o Érick colou o papel no muro da escola e saiu por outro caminho... mas por que ele faria isso?
- Não está claro?- ouvindo isso, a mulher gesticulou negativamente - Para me esperar, tia Ruth!- disse o menino com raiva
- Eu ainda não entendo!
- Ele precisava de mim! Quer dizer, de um álibi! - Bento percebia, naquela hora, que ainda não estava tão bom em controlar as lágrimas...
- Você está dizendo que... Ai Bento, eu sinto muito, sinto tanto! - Ela disse abraçando o sobrinho, queria falar das várias vezes que o avisou sobre as más amizades, mas achou que não seria a melhor hora.

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- Érick, é a sua permanência no colégio que está em jogo. Eu quero que me diga toda a verdade, agora!
- Tudo bem, Helô! Fui eu que colei a conversa no muro. Era só isso? - falou já levantando e indo em direção à porta.
- Érick, por favor, eu ainda não terminei! Expor as pessoas daquela maneira é um ato covarde, criminoso! Você sabe o quanto essa atitude tem potencial destrutivo? Nós conseguimos contorná-la bem, mas muitas vezes ela traz consequências... irreversíveis.
- Eu entendo, Helô, estou arrependido... Eu só queria me vingar, mas sei que fui longe demais!
- Foi, foi sim!
- O que eu acho engraçado é que ninguém me pergunta como eu arranjei aquela conversa ou melhor, quem me mandou...
- Você está me dizendo...
- Tô dizendo que não fiz sozinho! É isso que estou dizendo!

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Ele era carinhoso e ela fazia de tudo para ser também, mas tinha coisa que fugia do que estava acostumada e exigia esforço. Planejar surpresas, ser romântica... ela estava aprendendo ainda. Já fazia grandes progressos e deixava o seu garoto cada vez mais apaixonado, se isso fosse possível.

Um dia, enquanto estavam na casa de João para um trabalho de escola, Song pediu para que o dono da casa passasse para ela as fotos das falas para apresentação, precisava enviá-las para o restante da equipe. João e Luigi estavam ocupados ajeitando a maquete e o moreno, então, pediu para que ela pegasse seu celular e fizesse isso. A menina tirou as fotos enviou para seu número e já ia saindo, quando leu no contato fixo "Bichinha<3". Sabia que era errado, mas eles eram, de longe, o casal mais romântico que conhecia, poderia se inspirar em algumas conversas, tirar algumas ideias... enfim, poderia surpreender o Luigi. Rolou a tela de maneira aleatória, tirou alguns prints e enviou para si mesma.

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- Song Park, você está sendo chamada na diretoria!


Gente, a história está indo um pouco pra longe do que nós, que shippamos Kento, gostaríamos né? Mas fiquem tranquilos, Kessya e Bento estão construindo uma parede para separá-los, mas é uma parede de papel!
Me contem o que acharam nos comentários, muito obrigada a todos que estão acompanhando, vocês me fazem muito feliz!


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