Era fácil esquecer Bento, de repente, ele passou a não estar mais em nenhum lugar que eles iam, ela não o via na rua, na padaria do seu Durval, na casa da Poli, nos passeios com a turma. A escola era o único momento em que se encontravam e, assim mesmo, só cumprimentos rápidos e olhares de relance. Ele passou a sentar nos fundos da sala ao lado de Helena, o que não atrapalhou em nada seu rendimento nas notas, visto que os dois sempre eram os primeiros nos simulados e trabalhos. A vida seguia sem culpa, sem medo de mágoas, o término com o pianista tinha deixado, enfim, de ser uma sombra que rondava sua cabeça o tempo todo... Kessya estava feliz com Luigi.
O namoro dos dois não tinha toda aquela responsabilidade em dar certo, não precisava ser perfeito... Ela se sentia livre para falar o que queria, principalmente porque via que Luigi não ficava tentando conquistá-la ou provar seu amor o tempo todo. Os dois concordaram em estar juntos, em compartilhar vivências e então não havia espaço para toda aquela insegurança, aquele turbilhão de emoções e reviravoltas. Com o vizinho, a vida era calma.
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O tempo passou depressa, era outubro e Bento já tinha se acostumado com a ideia de Kessya e Luigi juntos, mas ainda ficava sem jeito de frequentar os mesmos ambientes, de vê-los abraçados no recreio, entendia agora o porquê de Helena nunca mais ter andado com a turma. Ser ex é estranho demais.
Por falar em Helena, naqueles últimos meses ela estava o ajudando bastante a se enturmar com outras pessoas que não fossem a "turma da Poli", ele até passou a se sentar perto dela nas aulas e quase todos os dias estudavam juntos, o que vinha dando resultados bem visíveis nas notas da menina. Ele se sentia bem perto dela, seu jeito divertido e descontraído o deixavam tranquilo. A menina não levava tudo tão a sério e, por isso, ele sentia como se estar ao seu lado fosse algo natural, algo que não precisa ser provado.
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- A gente bem que podia pegar um cineminha hoje, hein, galera? - disse Poliana durante o intervalo, convidando os amigos.
- Verdade, bichinha, seria uma boa... O que que está passando de bom essa semana, cumpade?
- Acredita que eu não olhei ainda, João? - respondeu o diretor, surpreendendo a todos
- Eu... não... acredito... que ... o meu... amorzinho... cineasta... não... sabe... qual... filme... está... em... cartaz! - Kessya brincava com o namorado, entrecortando a frase com vários beijinhos no rosto do garoto, ele ria todo vermelho.
- Ai, gente, não importa o filme, importa a diversão, a companhia! - disse a líder da turminha
- Eu topo! - confirmou Luigi
- Claro que tô dentro! - Kessya também confirmava presença
- Eu fecho! - João também era afirmativo.
- Ah, que bom! Vamos sair juntos! Bem que dessa vez o cunha poderia ir com a gente né? - a menina do contente falava olhando pro namorado - Sinto falta da gente junto como nos velhos tempos...
- Sei não, Poliana, você sabe como tá difícil tirar o mano da caverna, mas não custa tentar - João não conseguia dizer não a nenhum pedido de Poliana, por isso iria chamar o irmão mais uma vez, mesmo sabendo que a resposta mais provável seria "não".
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- Ben, eu e a turma vamos de cineminha hoje, quer vir com a gente?
- Valeu, mesmo, cara mas...
- Bento, a gente sente sua falta, a Poliana só fala disso...
- Desculpa mesmo, João... é que eu combinei com a Helena de terminar hoje a matéria de química...
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Parede de Papel
Roman d'amourDizem que duas pessoas, quando se amam em segredo, estão separadas apenas por uma fina parede de papel. Basta um toque ou, até mesmo, um sopro, para que essa separação se desfaça em cinzas e o amor mostre suas chamas fulminantes. Uma fanfic de Kessy...