Capítulo 3 - Ciúmes

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Mark

Faltava exatamente um mês para as aulas começarem, e sinceramente, eu não estava muito animado com isso, seriam os mesmos professores e os mesmos colegas de sempre, com exceção de uns e outros, que haviam repetido de ano ou saído da escola, e meus colegas eram uns chatos, viviam me irritando, se pelo menos, o London fosse da minha turma, mas ele era um ano mais novo que eu e por isso eu acabei ficando um ano adiantado que ele, eu até tinha tentado repetir um ano pra gente poder ficar na mesma turma, mas infelizmente não consegui e acabei passando por conselho de classe por ser um bom aluno, dessa vez eu precisava me lembrar de bagunçar também em sala de aula, dai incomodando e sendo um pentelho na sala como meus colegas e indo mal nas provas, eu queria ver como eles iam me passar de ano.

(...)

Era uma sexta - feira. London e eu havíamos combinado que eu dormiria em sua casa nesse dia, graças a Deus, Violet não quis ir, pois preferiu ficar maratonando Barbie com a mamãe, e eu confesso que fiquei muito feliz por isso, não que eu não gostasse da minha irmã, não me entendam mal, eu a amava, e a amava muito, porém, as vezes eu sentia que estava perdendo o meu amigo pra ela, pois os dois estavam sempre juntos, e eu queria poder ficar só com o meu amigo as vezes, sem minha irmã no meio, afinal, eu já convivo com ela 24h por dia desde que eu tinha uns 2 anos mais ou menos, e o London chegou depois na minha vida e eu só fico com ele umas 12h por dia e esse número ainda cai quando estamos em época escolar.

London e eu estávamos no quarto do garoto, deitados em sua cama, enquanto o mala do irmão do garoto estava jogando videogame.

Eu gostava muito quando dormíamos juntos, tipo, na mesma casa, era legal e a gente se divertia bastante, e sem falar que eu queria aproveitar ao máximo o que me restava das férias, ah, bem que as férias podiam demorar mais para terminar, eram tão curtas.

Em seguida, dona Joana, mãe do London nos chamou para jantar, ela havia feito Lasanha de frango, e estava deliciosa por sinal.

Eu gostava muito dos pais de London, eram muito simpáticos e sempre trataram minha irmã e eu muito bem, eram incríveis e muito pacientes, porque para nos aguentar tinha que ter muita paciência, pois confesso que éramos crianças um pouco levadas, nada ao extremo, mas sei lá, as vezes fazíamos um pouco de bagunça, coisas normais de criança.

London e eu brincamos muito nessa noite, jogamos vários jogos como Banco imobiliário e Uno, e também brincamos com arminhas d'água, até a mãe de London entrou na brincadeira, ela era super divertida, queria que minha mãe também brincasse assim comigo, mas ela já não gostava muito dessas coisas.

Nós dois fomos dormir por volta de 1h, o que é tarde para duas crianças da nossa idade, mas era férias, então que se dane.

- Estava com saudade disso, de ser só nós dois. - Falei quando já estávamos prontos para dormir.

- Eu também! - Sorriu, fazendo eu sorrir também.

Me ajeitei para dormir, o que não demorou muito para acontecer.

No dia seguinte, nos acordamos por volta das 11h, brincamos um pouco, almoçamos e depois eu fui pra minha casa.

Assim que entrei em casa, avistei minha irmã deitada no sofá vendo desenho, nem notou minha presença, pois nem havia dito ''oi maninho''.

- Oi pra você também. - A provoquei.

A garota me olhou em completo silêncio, e logo voltou a olhar para a TV, enquanto chupava seu dedo polegar, como costumava fazer.

- Você está bem? - Perguntei.

Violet apenas acenou positivamente com a cabeça, porém, algo me dizia que ela não estava falando a verdade. Dei de ombros e fui para meu quarto, sei lá, achei que ela pudesse estar querendo chamar atenção e fiquei esperando que ela viesse até mim, porém, já havia se passado um pouco mais de 1h e isso não havia acontecido, o que era estranho.

Fui até a sala e Violet continuava deitada no sofá enquanto assistia à TV.

- Cadê os nossos pais? - Perguntei.

- A mamãe foi ao mercado já faz um tempo e o papai está dormindo no quarto dele.

- Quer brincar? - Perguntei.

- Não estou com vontade agora, talvez depois. - Respondeu sem nem me olhar.

- Tem certeza que você está bem?

- Tô só com um pouquinho de dor de cabeça.

Me aproximei da minha irmã, dei um beijo em sua testa e lhe disse:

- Já vai passar.

A garota abriu um pequeno e singelo sorriso. Voltei para meu quarto e fiquei jogando videogame. Algum tempo depois, Violet entrou cautelosamente em meu dormitório e se sentou em minha cama, cabisbaixa, sem dizer uma palavra sequer.

- O que houve? - Perguntei ao dar pause no meu jogo e me pondo a olhar para minha irmã, que continuava cabisbaixa.

Me sentei do lado de Violet, fiquei olhando-a e aguardei que ela dissesse algo, o que aconteceu em seguida.

- Posso te contar uma coisa?

- Claro. - Respondi.

- É que... O Fabrizio...

- O que tem? Ele te fez algo? - Perguntei.

- Ele me beijou... Na boca.

- Ele o quê? - Perguntei já enfurecido.

- Me deu um beijo. Um beijo babado. Que nem o papai dá na mãe, e... - Fez cara de nojo. - Foi nojento

- Eu não acredito, ele... Ele não podia. Isso está errado. - Tentei me acalmar um pouco. - E ele te fez algo a mais? Te machucou?

Eu ainda não sabia o que era sexo, então, isso não passava pela minha cabeça, mas mamãe e papai sempre conversavam com a gente sobre o fato de nenhum adulto poder tocar em nossas partes íntimas e também eles diziam que adulto não pode beijar na boca de criança, exceto pai e mãe, e apenas selinho, e não beijo de adulto. Acho que eles conversavam sobre isso com a gente desde que éramos muito, muito pequenos, então sempre soubemos que era errado.

- Não, ele não me machucou, só me beijou na boca, e eu não gostei.

Eu havia ficado furioso com a situação, como Fabrizio teve coragem de beijar a minha irmãzinha, que era tão pequena? Enfurecido, eu fui até o quarto dos meus pais e acordei aos berros, o papai que estava dormindo e se assustou com meus gritos.

Contei o que havia acontecido, e ele ficou indignado e furioso, acho que se não fosse pela gente, ele teria matado o sujeito. Mas ele tentou manter a calma e apenas ligou para a polícia, que chegou dentro de minutos e prendeu o homem. Violet e eu apenas nos abraçamos enquanto víamos Fabrizio ser levado pelos policiais.

- Estou tão orgulhoso de você, minha menina. - Disse papai com os olhos lacrimejados para minha irmã. - Você fez muito bem em contar o que havia acontecido, porque senão... Ai, não quero nem pensar o que poderia ter acontecido.

Papai abraçou minha irmã e a encheu de beijos no rosto, quando ele desfez o abraço, Violet acariciou o rosto do nosso pai, e disse:

- Não chora, papai, eu tô bem. - Deu um pequeno sorriso, fazendo o papai se emocionar mais.

Quando mamãe chegou em casa, contamos tudo para ela, que ficou horrorizada e chorou sem conseguir crer. E graças a Deus, o pior não tinha acontecido, mas foi por pouco, porque se Violet tivesse ficado com medo de nos contar, certamente ele teria feito coisa pior com ela, mas ainda bem que agora ele estava preso, e tomara que não saia nunca da prisão.

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