Capítulo 9 - Uma Pergunta Inusitada

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No dia seguinte, eu fui bem cedinho para minha casa para tomar café com minha família como eu havia prometido para a minha irmã, que ficou muito feliz em me ver, mas eu jamais quebraria uma promessa que eu havia feito, porque meus pais sempre me ensinaram que as promessas não podem serem quebradas porque senão a confiança também é.

- Como a Violet está, meu bem? - Mamãe perguntou.

- Ah, mais ou menos, mas a febre está baixando.

- Ah, que bom! - Ela disse docemente.

Era uma quarta - feira. Eu optei por não ir à aula para ficar com Violet, meus pais não gostaram muito da ideia, mas me deram permissão, porque minhas notas estavam boas.

Fanny e eu estudávamos na mesma escola, que era do berçário ao terceiro ano do ensino médio, e sempre íamos juntos para o colégio, porém, nesse dia eu fui apenas levá-la.

- Você me fez falta nessa noite. - Falou minha irmãzinha. - Papai não sabe contar histórias como você.

- Oh, pequena, é só até a Violet melhorar, agora ela está precisando mais de mim do que você.

- Eu sei! - Respondeu cabisbaixa.

Deixei minha irmã brincando com suas amigas na pracinha, e fui até a sala dos professores. Bati à porta, e logo a professora de português abriu. Contei que eu não assistiria a aula e expliquei o motivo, ainda bem que ela era legal e não me encheu o saco com sermões chatos, pedi os conteúdos do dia e ela me entregou e também pedi para os professores de Violet o mesmo, e assim eles fizeram, até porque não queria perder matéria, pois precisaria estudar para as provas.

Assim que peguei todos os conteúdos, fui até a pracinha para me despedir da minha irmã, que me deu um abraço apertado.

Quando retornei para a casa de Violet, notei que a garota estava com uma carinha melhor, o que me deixou bem feliz.

- Como você está se sentindo? - Perguntei.

- Ah, estou melhor. - Se pôs a me olhar. - Obrigada. Por estar aqui comigo.

- Ué, é pra isso que servem os namorados. - Sorri, fazendo a garota sorrir também. Ficamos uns segundos em silêncio. - E o Mark?

- Foi pra aula. Nossos pais não deixaram ele faltar.

- Ah, eu não o vi no colégio.

- Ele queria ficar comigo, mas mamãe disse que ele não podia faltar porque estava mal em quase todas as matérias. Ele ficou bem chateado, e foi a contragosto.

- Eu imagino. - Falei.

Violet e eu ficamos fazendo as atividades que eu tinha pegado no colégio, e eu a ajudei nas matérias que ela tinha mais dificuldade. Era tão bom estar com ela sem Mark por perto para pegar no meu pé, eu queria muito que ele pudesse ficar conosco sem me encher o saco e sem dar uma de irmão enciumado, tipo, eu achava legal o fato dele cuidar e querer proteger a Violet, mas as vezes ele exagerava demais, ainda mais pelo fato dele me conhecer desde pequeno, não éramos nenhum estranho, não era como se ele não me conhecesse ou não soubesse de onde eu vim, acho que o garoto tinha que ficar feliz pelo fato da irmã namorar um cara que ele sabia que era gente fina e que conhecia até os pais e tal. Pena que ele não pensava assim.

Era mais de 11h30 quando fui até o colégio para buscar minha irmã, e assim que a garota me viu, veio correndo em minha direção e pulou em meu colo como se não me visse há anos.

- Oi pequena. Como foi a aula hoje? - Perguntei.

- Foi legal, fizemos continhas de mais e menos e eu acertei todas. Adoro matemática.

- Ah, espera mais uns anos, que eu tenho certeza que você não dirá mais isso. - Falei ao colocar minha irmã no chão.

- Olha... O Mark... - Disse Fanny se referindo ao fato do garoto estar vindo em nossa direção.

Minha irmã adorava o nosso vizinho. Tipo, ela gostava muito dele, tipo, muito mesmo, confesso que as vezes eu tinha até um pouquinho de ciúmes da relação dos dois, mas claro que eu não demonstrava isso.

- Mark!

- Oi, minha gatinha! - Disse o garoto para minha irmã.

Definitivamente, o problema dele era só comigo, pois ele adorava meus pais, se dava com meu irmão (embora eles não fossem melhores amigos) e adorava minha irmã, e quanto a mim... Bom, ele me detestava só pelo fato de eu namorar a Violet, e confesso que me machucava muito vê-lo tão feliz e simpático com toda minha família menos comigo. E eu lembrava dos bons momentos que passamos juntos desde que nos conhecemos, e isso acabava comigo. Por diversas vezes, eu pensava em terminar meu relacionamento só para ter a amizade dele de novo, mas não seria justo nem com Violet e nem comigo.

- Oi. - Falei meio tímido.

- Oi. - Mark respondeu seriamente.

- Você vai embora conosco? - Perguntou minha irmã com um enorme sorriso.

O garoto olhou rapidamente para mim e depois se pôs a olhar para minha irmã, e olhando para ela, ele respondeu:

- Claro baixinha.

Nós três fomos embora juntos, porém, eu estava me sentindo um peixe fora d 'água, pois os dois começaram a conversar e eu fiquei praticamente perdido no meio.

- Mark, você tem namorada? - Perguntou minha doce irmã para o garoto, fazendo eu olhá-la com reprovação.

- Não tenho, não. - Respondeu.

- E namorado? - Minha doce e ingênua irmãzinha perguntou.

- Quê? - Perguntamos Mark e eu ao mesmo tempo.

- Ué, vai saber... - Deu de ombros. - Minha professora disse que as pessoas tem direito de serem felizes como quiserem, e que não é errado meninas namorarem meninas e meninos namorarem meninos, o que importa é ser feliz. Eu ainda não sei se vou querer namorar garotas ou garotos, mas eu ainda tenho muitos anos pra decidir isso porque segundo o London eu só vou namorar com 35 anos, então até lá eu decido o que prefiro, e se ficar na dúvida, namoro os dois mesmo, claro que um de cada vez, né?.

E se Mark e eu fizéssemos parte de algum desenho animado, nesse momento certamente haveriam pontos de interrogação no nosso rosto.

Ah, Fanny era tão esperta, as vezes ela vinha com cada uma, eu não sabia se ria ou chorava, se concordava com ela ou a repreendia por falar demais. Mas nesse instante, eu concordava com ela, pois sempre pensei o mesmo, que não importa quem a pessoa é ou quem ela namora, o que importa é ser feliz, claro, contanto que não faça mal ao próximo.

- Hein, Mark, você tem namorado? - Insistiu.

O garoto meu olhou rápido e depois voltou a olhar para a criança.

- Não, não tenho. Ninguém me quer. - Fez ''beicinho'' brincando.

- Não fica triste, não, se você quiser eu namoro contigo quando eu fizer 35 anos.

- Tá bem. - Disse o garoto aos risos. - Eu vou estar com uns 47 anos. Acho que pode ser.

Nisso, chegamos em minha casa. Graças a Deus.

- Tchau Mark. - Minha irmã deu um beijo no rosto do garoto.

- Tchau princesa.

- Até mais, mano. Me liga depois?

- Claro baixinha.

Me deu um abraço apertado e entrou em casa.

- Sua irmã é demais! - Disse Mark.

- Ela é mesmo. - Respondi com um olhar orgulhoso.

Mark me olhou e eu fiz o mesmo. Ficamos nos olhando por alguns segundos. Eu não sabia o porquê dele me olhar dessa forma, tipo, era um olhar intimidador. Eu ficava sem jeito. E, eu nem conseguia entender o porquê de me sentir estranho, mas não era um estranho ruim, era um estranho bom. Muito bom. Por que será que eu sentia isso?

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