Capítulo 32 - O Surto De Fanny

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Me assustei com os gritos de minha irmã, mas lembrei que Edward tinha dito que ficaria com ela, será que ele havia saído e a deixou sozinha, e entrou alguém? Bom, sem pensar em mais nada, eu corri até o quarto da minha irmã, de onde vinham os gritos. Geralmente eu sempre bato à porta por questão de respeito, e só entro após Fanny me autorizar, mas eu estava tão preocupado, e aflito, e nervoso, e com medo do que poderia estar acontecendo, que eu nem sequer lembrei ou pensei em bater à porta, e quando eu a abri tive uma tremenda surpresa, pois avistei minha irmã apenas de calcinha e Edward parado em um canto tentando acalmar a garota.

- London! - Fanny correu aos prantos e me abraçou.

- Hey, o que houve? - Olhei para ela, e depois para meu irmão, sem entender nada.

A menina não respondeu nada, apenas ficou agarrada em minha cintura, onde ela alcançava e estava muito trêmula. Olhei para meu irmão em busca de alguma resposta, e ele disse:

- London, eu não sei o que houve. A mamãe me ligou, e disse que havia esquecido que a Fanny tem dentista agora à tarde, pediu pra eu dar banho nela pra um de nós levá-la à consulta, só que eu não consegui, ela começou a surtar, parecia que eu estava matando ela, e eu nem cheguei perto dela.

- Eu já disse que eu não quero que você me dê banho. - Gritou a garota, nos assustando. - O London me dá banho.

- Pode deixar mano, eu dou banho nela. - Falei.

- Tá, mas... Não sei o que houve, não sei por que ela ficou assim. - Falou visivelmente confuso, do mesmo modo que eu estava.

- Fanny, meu amorzinho... - Olhei pra menina, que me olhou também. - Vai indo pro banheiro e pode ir ligando o chuveiro, que eu vou ver uma roupa pra você, ok?

A garota, um pouco mais calma, acenou a cabeça positivamente e foi em direção ao banheiro. Edward se sentou na cama da nossa irmã e ficou cabisbaixo.

- Eu não sei porque ela reagiu assim. Tudo bem ela gostar mais de você, eu não ligo e nem tenho ciúmes, mas pô, ela não precisava agir dessa maneira, você tinha que ver o escândalo que ela fez, eu fiquei assustado e sem saber o que fazer, parecia que eu queria matá-la ou algo assim, não sei como algum vizinho não chamou a polícia, estou me sentindo tão mal.

- Hey, não diga assim, mano. Tenho certeza que a Fanny te ama muito, mas acho que ela é mais apegada em mim porque desde bebê eu sempre ajudei os nossos pais a cuidar dela, eles iam trabalhar e você saia com seus amigos, com garotas e eu que ficava cuidando dela, por isso ela é um pouco mais ligada a mim, mas eu sei que ela também te ama, e muito.

- Mas... Ah, depois quero conversar com ela sobre isso, tô até agora sem entender nada. - Disse Edward.

- Fica assim, não. Depois eu vou conversar com ela também, ok?

Meu irmão deu um sorriso tristonho e eu o abracei. Nisso, Fanny gritou chamando por mim para lhe ajudar a lavar o cabelo.

- Vê uma roupa pra Fanny enquanto eu vou atendê-la?

- Claro. - Falou.

Fui até o banheiro e auxiliei a minha irmã no banho, nesse primeiro momento evitei conversar com ela sobre o ocorrido, achei melhor deixar para um momento mais oportuno. E enquanto eu terminava de dar banho e de vesti-la, Edward preparou o almoço pra gente, e durante todo o almoço, ninguém disse uma palavra sequer, parecia um velório, e meu irmão estava visivelmente triste, tanto que Fanny chegou a perceber isso.

- Edward... Tá triste comigo? - A menina perguntou.

- Tô não, gatinha. - O garoto disse ao pegar na mão da criança, que estava em cima da mesa.

Fanny se levantou de sua cadeira, pensei que ela estava recusando o gesto do nosso irmão, mas não, pelo contrário, ela se aproximou do garoto, colocou suas mãos no ombro direito dele, e disse:

- Desculpa mano, não fica bravo comigo, não, eu te amo. - O abraçou.

- Eu também te amo muito, viu?

- Se quiser, você pode me levar ao dentista e depois podemos ir tomar um sorvete. - Deu um sorriso travesso.

- Interesseira. - Brincou. - Trato feito.

- Oba!

A menina se sentou em sua cadeira novamente e terminou de almoçar. Pouco após o almoço, Edward saiu com nossa irmã para irem ao dentista, e eu fiquei sozinho em casa, louco por uma companhia, tipo, uma companhia bem específica, pena que Mark tinha compromisso.

Ah, eu havia conversado com minha irmã após o banho sobre minha conversa com sua professora, e o fato da mulher não saber sobre o ocorrido com minha irmã e suas colegas, e Fanny pareceu meio aborrecida com a situação, disse que sua professora era cega e não via nada. E eu lhe assegurei que ela conversaria com as colegas de minha irmã e que iriam parar de implicar com ela.

Eu estava jogando videogame quando recebi uma ligação por chamada de vídeo. Era Violet. Dei um leve sorriso ao ver o nome da garota, ah, sentia saudade dela. Ficamos conversando por um bom tempo, e aproveitamos para colocar os papos em dia, era bom vê-la, e parecia tão bem, tão feliz... A garota contou o quanto estava amando o país, que estava aprendendo bastante inglês e que já havia feito bastante amizade, confesso que tive um pouco de medo dela me esquecer por ter novos amigos. Tivemos que interromper a ligação, assim que alguém a chamou, a garota disse ser a dona da casa em que estava hospedada, e que precisaria sair no momento, mas prometeu que nos falaríamos outra hora. Foi bom falar com ela.


                                                                                  (...)


À tarde, Bernardo me ligou me convidando para fazer algo, mas eu estava com um pouco de preguiça de sair de casa, e por isso, acabei convidando o garoto para ir à minha casa, e ele aceitou o convite imediatamente.

Quando o garoto chegou, nos sentamos no sofá da sala e ficamos conversando, fazia tempo que a gente não se via, fora da escola, é claro.

- E como está a sua irmã? - Perguntou. - Ela não tem ido ao colégio.

- Ah, ela está bem, é que deu uma confusãozinha lá com algumas meninas da turma dela, mas eu já falei com a professora da Fanny, e amanhã ela já deve voltar pra escola.

- Ah, que bom que tudo foi resolvido, a Lulu disse que está morrendo de saudade da Fanny.

- Eu imagino, elas se adoram...

Nisso, minha irmã chegou em casa com Edward, e estava no colo do garoto, sorri ao vê-los, e ela estava com um semblante feliz.

- O que ele está fazendo aqui? - Perguntou ao notar a presença de Bernardo.

- Tiffany, que jeito de falar é esse? - Perguntei em tom de reprovação.

- Ué, eu vim ver o seu irmão, e saber da menina mais linda da escola, que não tem ido à aula. Não vai me dar um beijo?

- Eu não quero. - Falou.

- Não liga Bê, não é nada pessoal, ela tem agido assim com todo mundo, esses dias com o Mark, que ela conhece desde bebê foi a mesma coisa. - Falei.

- Pelo menos, não é só comigo. - Brincou.

- Vou pro meu quarto brincar com a boneca que o Edward me deu. - Falou ao se referir à boneca, que ela estava segurando.

A garota saiu em disparada para seu quarto e Edward e eu ficamos conversando com Bernardo.

Amores Secretos (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora