Capítulo 43 - A Conversa

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Já fazia uma semana que meus pais haviam se mudado para outro país, a gente se falava todos os dias, porém, mesmo assim eu estava com saudade deles, era estranho morar só com meus irmãos, sem os meus pais, porém, apesar de tudo estávamos bem.

Era uma terça - feira, eu me acordei cedo como de costume e fui direto pro banho, deixei a Fanny dormir mais um pouco enquanto eu tomava meu banho matinal, e assim que eu terminei, fui até o quarto da minha irmã para acordá-la, e logo que entrei, eu vi a garota se tocando.

- Não bate mais? - Se ajeitou na cama assustada ao me ver. - Cadê a sua educação? Cadê a minha privacidade?

- Desculpa, eu achei que você estava dormindo. - Falei. - Levanta pra ir tomar banho pra ir pra escola.

- Eu não quero. - Falou um pouco agressiva.

- Fanny, você precisa ir.

- Mas eu não quero. - Gritou.

- Escuta. - Me sentei ao lado dela e peguei em suas mãos. - Eu entendo que você não quer ir, as vezes eu também não quero, mas é preciso, e hoje eu tenho prova de Inglês, que não é minha matéria preferida e eu estou precisando de nota e estudei muito pra essa prova, então, por favor.

A garota me olhou em silêncio por alguns segundos, em seguida, revirou os olhos, e disse:

- Tá bem!

Fanny se levantou de sua cama e saiu em direção ao banheiro, estava cabisbaixa, certamente havia ficado muito chateada comigo, mas eu realmente não podia perder essa prova de Inglês, eu havia estudado feito louco porque estava abaixo da média, e não estava nada a fim de reprovar de ano por conta de uma matéria.

Segui minha irmã até o banheiro, e dei banho nela, que estava bem mais quieta que o normal, então, fiz um pouco de espuma e passei nela, que riu, fazendo eu esboçar um leve sorriso.


                                                                          (...)


Fanny, Mark e eu fomos para o colégio, e enquanto o garoto e eu fomos o caminho todo conversando, a menina já estava bem mais quieta, não estava a fim de muito papo.

Assim que chegamos no colégio, avistei Bê parado na entrada, e o garoto sorriu ao nos ver.

- Oi. - Falamos Mark e eu ao mesmo tempo.

- Chegaram os três mosqueteiros. - Brincou com um simpático sorriso. - Ah, London, hoje é aniversário da Lulu, e bom, a gente vai fazer a festa mesmo no sábado, porém, ela cismou que quer um bolinho hoje e tal, aí vamos fazer só pra gente e pra uma ou outra amiguinha, daí leva a Fanny, aposto que a minha irmã vai ficar muito feliz de vê-la.

- Claro, levo sim. - Falei.

- Mano, vou brincar com as minhas amigas, tá?

- Tá bem, meu amor, vai lá.

Me deu um abraço apertado e depois saiu correndo. Mark e eu ficamos conversando um pouco com Bernardo, e depois adentramos a escola, e então ele foi na direção dos seus amigos, e eu fui até o Thony, me sentei no banco ao lado do meu amigo, e ficamos conversando.

- Vai fazer algo hoje depois do colégio? - Perguntou.

- Ah, vou levar a minha irmã à casa de uma amiguinha. Por quê?

- Estava pensando em você ir lá em casa pra gente jogar videogame, faz tempo que não combinamos algo.

- Verdade, faz tempo mesmo. Bom, eu vou ver se consigo ir hoje, mas qualquer coisa podemos marcar pra outro dia nessa semana, pode ser?

- Claro, de boa.

Pouco depois o sinal tocou, e fomos para nossa sala. A aula estava muito chata nessa manhã, nem a aula de educação física salvou, e eu fiquei a manhã inteira contando os minutos para ir embora. E assim que o sinal para o fim do último período tocou, eu peguei meu material e sai rapidamente. Fui até a sala da minha irmã, e logo a vi sentada em seu lugar brincando com um quebra cabeça, e antes que minha irmã me visse, e que eu pudesse chamá-la, a professora da garota apareceu, e disse:

- London... A Fanny falou que os pais de vocês se mudaram para Londres, é verdade?

- É sim. - Falei. - Mas estamos com nosso irmão, que é maior de idade.

- Ah sim, sem problema, não pergunto por isso, mas sim porque eu iria chamá-los pra uma conversa. Nesse caso, o seu irmão poderia vir?

- Ah, posso falar com ele, mas não dá pra ser comigo? A senhora me conhece desde o começo do ano. - Ela ficou um pouco pensativa. - Aconteceu algo?

- London, espera uns minutinhos, que falta só mais duas crianças pra ir embora, e eu já falo com você, ok?

- Ok. - Falei meio preocupado.

E assim que essas duas crianças foram embora, a professora de Fanny pediu para a minha irmã esperar na pracinha enquanto ela conversaria comigo, e a menina não gostou muito, mas obedeceu, porém, enquanto ela estava saindo, eu observei que ela não estava com a mesma calça com a qual havia ido para o colégio, então eu meio que já imaginei do que se tratava a tal conversa.

- London... - Falou ao ganhar a minha atenção. - Eu não sei se você sabe, mas a Fanny anda se tocando.

- Sim, eu sei, eu já vi, e eu conversei com ela, mas eu falei que ela não podia fazer na frente de outras pessoas, ela tem feito aqui?

- Sim, as vezes ela faz em algum canto escondida, na hora do pátio quando não tem ninguém por perto, no meio de alguma atividade quando todos estão concentrados, e ela tem feito até na hora do brinquedo. Eu pedi que ela fizesse isso no banheiro e quando acabasse, ela voltasse, mas ela se negou, e dai eu tento desviar a atenção dela, mas dez minutos depois ela já começa novamente. Olha, eu já tive poucos casos como os de Fanny, mas eu posso assegurar que isso já está na fase compulsiva.

- E é grave? - Perguntei.

- Bom, primeiro é preciso descobrir a causa, o que a motivou a isso, e eu acho que seria bom ela ir a um psicólogo, até porque ele poderia ser capaz de descobrir o motivo melhor do que a gente.

- Sim, eu também já pensei nisso, e... Bom, eu cheguei a falar com meu pai uma vez, mas ele foi contra, só que agora que ele não está aqui, eu vou levá-la, sim.

- Faça isso, por favor. - Ficou uns segundos em silêncio. - Ah, hoje teve um novo escape...

- Pois é, eu ia perguntar isso mesmo. - Falei. - Eu vi que ela está com outra calça.

- Porém, dessa vez ela pediu pra ir ao banheiro, mas ela disse que o banheiro estava ocupado e não deu tempo. Mas vê a questão do psicólogo.

- Vou ver sim, obrigado.

Me despedi da mulher e fui até minha irmã, que estava conversando com Mark. Me reuni aos dois, e logo o garoto já foi perguntando:

- Está tudo bem?

- Aham.

- O que a minha professora queria? - Fanny perguntou.

- Depois conversamos, ok?

A menina deu de ombros, e eu fiquei em silêncio enquanto lembrava de cada palavra da mulher, tudo isso não saia da minha cabeça, e eu realmente estava disposto a falar com Edward pra gente ver um bom psicólogo pra minha irmã.

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