London
- Eu não acredito que ele fez isso. - Falei assim que Violet me contou o ocorrido do dia anterior.
- Foi nojento. - Fez cara de repúdio. - Ele pediu segredo, e eu fiquei com medo, mas não guardei segredo, porque meus pais sempre me falaram que se algo do tipo acontecesse eu precisava contar pra eles me ajudarem.
- E você fez bem. - Falei. - Foi muito corajosa.
- Obrigada. - Deu um leve sorriso.
(...)
Três anos haviam se passado, eu já estava com 12 anos, Violet com 11 e Mark com 13. Nós três continuávamos amigos, porém, eu sentia que aos poucos, Mark e eu estávamos nos afastando, não por minha causa, pois eu gostava muito do garoto, era meu melhor amigo. Já, Violet e eu estávamos cada vez mais próximos, e eu adorava tê-la por perto.
Era uma terça - feira. Estávamos na escola. Nós três estudávamos no mesmo colégio, porém, em turmas diferentes, e durante o recreio costumávamos ficar juntos, as vezes Mark ficava com a gente, mas na maioria das vezes, ele preferia ficar com seus colegas, confesso que eu preferia que ele ficasse conosco, no entanto, eu também deixava ele fazer o que quisesse.
Quando o sinal para o recreio tocou, eu fui rapidamente até o banheiro, pois estava segurando desde o segundo período, e depois me dirigi até o pátio, onde avistei Violet cabisbaixa sentada em um banco, e fui até a garota, me sentei ao lado dela, mas a menina nem me olhou.
- Você está bem? - Perguntei.
- Não, tô com dor de barriga.
- Falou pra sua professora?
- Falei, e ela deixou eu ir ao refeitório para tomar um cházinho, mas ainda está doendo muito.
- Tem algo que eu possa fazer por você? - Perguntei.
- Tem não, mas obrigada.
Fiquei o recreio todo com a Violet, a menina não quis brincar e nem comer, eu até cheguei a oferecer um pedaço do meu sanduíche, mas ela não quis, e olha que ela adorava os sanduíches que minha mãe fazia.
Quando o sinal do fim do recreio tocou, eu me levantei e a menina continuou sentada, totalmente imóvel, era como se não tivesse escutado o soar da campainha, o que era meio difícil, porque aquele troço fazia um barulho gigante, que dava pra ouvir no bairro todo.
- Você não vem? - Perguntei.
- Eu não posso. - Falou cabisbaixa.
- Por quê?
- É que... Bom... Se eu for, todos vão rir de mim.
- Ué, e por quê? - Perguntei sem entender do que a garota estava falando.
- É que... Hã... Na verdade... Hã... Eu... Ah, problemas de meninas.
É, eu não sou menina, mas acho que entendi o que ela estava querendo dizer, pois mamãe sempre conversou de tudo comigo, e eu lembro que quando eu tinha uns 7 ou 8 anos, eu vi alguns absorventes dela e perguntei o que era aquilo e pra que servia, e mamãe me explicou, lembro que eu fiquei um pouco assustado, pois na época eu não entendia direito como as mulheres conseguiam sangrar por alguns dias sem morrer, me parecia meio doido, mas conforme eu fui crescendo, aprendi que isso é algo super normal e que faz parte da vida, e que se não fosse assim as mulheres não poderiam ter bebês.
E então, eu tive uma ideia para tentar ajudá-la. Tirei meu casaco e lhe disse:
- Toma!
- Quê? - Perguntou meio sem entender.
- Sujou, né? Toma! Amarra na cintura, assim ninguém vai ver. - Lhe dei um leve sorriso.
- Obrigado. - Sorriu também e pegou meu casaco, e amarrou em sua cintura.
- Não é justo isso acontecer só com as mulheres.
- Pensa pelo lado bom, um dia você vai poder ser mamãe. - Falei. - Se você quiser, é claro.
A garota sorriu meio sem graça e foi em direção a sua sala de aula, e eu também fui para a minha.
A professora já estava dando aula, e logo que eu entrei na sala, tanto ela quanto os meus colegas me olharam rapidamente, me deixando meio tímido.
- London, posso saber onde você estava? - Perguntou minha professora de matemática.
- Hã... Eu... Eu tive uma dor de barriga muito forte e estava no banheiro. Desculpa, sora.
- Já está melhor?
- Tô sim.
- Então se sente e copie a matéria.
Rapidamente a obedeci. Me sentei em meu lugar e passei a copiar toda a matéria, e mesmo tendo chegado atrasado, eu consegui acompanhar todos meus colegas sem ficar para trás.
(...)
Quando a aula acabou, me encontrei com Violet e Mark, que estavam no pátio da escola, e então fomos pra nossas casas. Como morávamos a uma quadra da escola, a gente ia e voltava sozinhos, na verdade, era o segundo ano que fazíamos o trajeto casa-escola sem nenhum adulto, a mãe dos meus amigos não havia gostado muito, ficou com um pouco de medo, principalmente pela Violet ser mais novinha e tal, mas meus pais conseguiram convencê-la, e nós também não éramos tão crianças assim, já éramos praticamente pré adolescentes.
Violet não comentou nada sobre o episódio no recreio, e eu muito menos até porque não me cabia contar algo tão íntimo assim sobre outra pessoa, eu não tinha esse direito. Ah, Mark chegou a estranhar o fato da garota estar com meu casaco, porém, eu menti que durante o recreio, ela havia sentido frio e eu acabei emprestando meu casaco pra ela, por sorte, o menino acreditou.
Violet começou a apressar o passo, o que chamou a atenção do irmão, que quis saber o porquê disso, e a garota falou que estava apertada para ir ao banheiro.
(...)
Alguns dias haviam se passado.
Mark havia ido dormir na casa de um colega, que estava de aniversário, e Violet acabou dormindo em minha casa. Era uma sexta - feira, portanto, não tínhamos aula no dia seguinte, sério, eu amava final de semana.
Violet e eu estávamos deitados em minha cama vendo filme, quando eu a olhei. A menina também me olhou, meio timidamente. Fiquei olhando-a, e como nunca, desejei beijá-la, quer dizer, éramos muito novos, e eu nunca tinha beijado ninguém, ela também não. Mas... Com Violet era tudo diferente.
- Que foi? - Perguntou a menina. - Por que tá me olhando assim?
- Eu... - Não conseguia tirar meus olhos da garota. - Você... Hã... Você nunca beijou ninguém, né?
- Não, você sabe que não. Por que tá me perguntando isso?
- É que... Eu também nunca beijei ninguém antes. E... Eu... Eu gostaria que meu primeiro beijo fosse com você.
- Você quer me beijar? - Perguntou surpresa.
- Quero.
- Mas... A gente é criança.
- Pré adolescentes. - Brinquei. - Mas... Não é beijão de adulto.
- Não?
Neguei com a cabeça, e então, a menina e eu nos aproximamos vagarosamente, e quando eu menos percebi, os meus lábios tocaram nos dela. Foi apenas um selinho, mas foi o suficiente pra fazer meu coração acelerar de uma forma sem igual. E naquele momento eu não tive mais dúvida. Eu gostava dela. E gostava muito. Não só como amiga. Pra mim, ela era muito mais que isso.
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Amores Secretos (Romance Gay)
RomanceLondon é amigo de infância de Violet e Mark, dois irmãos. Os três sempre foram muito amigos, porém desde pequeno, London sempre se sentiu atraído por Violet, e com o passar dos anos, o rapaz começa a namorar a garota, o que acaba provocando um afast...