Capítulo 12 - A Agressão

6 2 0
                                    

Eu não estava conseguindo entender o porquê de Mark ter mentido para mim, se é que havia mentido, mas qual motivo ele teria para isso?

Sem saber o que fazer ou o que pensar, resolvi conversar com meu irmão. Contei a ele sobre o que havia acontecido, Edward ficou um pouco em silêncio como se estivesse pensando no que eu havia dito, e então, ele falou:

- Ah, talvez ele queira se aproximar de você.

- Quê? Como assim? - Perguntei sem entender a fala do mais velho.

- Sei lá... Talvez ele queira voltar a ser teu amigo e não saiba como.

- Não sabe como? Porra, eu já falei pra ele milhões de vezes que eu gostaria que a gente voltasse a ser amigos.

- Sim, eu sei London, mas pra ele deve ser dificil dar o braço a torcer, e talvez esse seja o jeito que ele encontrou para se aproximar de você novamente.

- Será? - Me pus a pensar nas palavras do meu irmão. - Tomara que seja isso mesmo.

Eu não sabia se Edward estava certo ou não. Na verdade eu queria perguntar para Mark, queria falar pessoalmente com ele, mas eu sabia que o garoto jamais diria que ele fez isso de propósito, e que mentiu e tal, também... orgulhoso do jeito que ele é...

Era um domingo. Meus pais haviam saído com Fanny, ela ''incomodou'' tanto para ir ao parque de diversões que estava na cidade, que eles acabaram a levando, e Edward havia ido à casa da namorada. Fanny implorou pra eu ir junto ao parque, eu quase aceitei, mas sei lá, a maioria dos brinquedos era pra criança, outra boa parte eram radicais, desses que ficam de cabeça pra baixo e tudo, e eu não gosto, fico com medo e a outra parte dos brinquedos eram maneiros, mas eram poucos, então, achei que não valeria a pena gastar dinheiro dos meus pais (porque eles falaram que pagariam pra mim) pra eu ir em um ou outro brinquedo.

Eu havia ido ao mercado para comprar tudo o que mamãe havia pedido para o jantar. E na volta, me deparei com alguns garotos brigando, havia três adolescentes batendo em um rapaz. Eu via a cena e me perguntava o que fazer, mas eu precisava ajudá-lo. Larguei minhas compras em cima de um banco e corri até eles.

- Deixem ele, deixem ele. - Falei.

Os garotos pararam de bater no pobre jovem, que caiu no chão enquanto se contorcia de dor.

- E quem é você? O Namoradinho desse otário? - Um dos garotos perguntou em tom de ironia.

- Não. - Nisso olhei para o lado e vi um homem super musculoso de uns 2 metros, cheio de tatuagens e com barba e bigode e cara de mau. - Mas se vocês não forem embora vou chamar o meu pai pra vir falar com vocês.

O homem olhou na nossa direção e eu acenei para ele, que veio até nós.

- Algum problema? - O homem cruzou os braços.

- Não. Nenhum. - Disse um dos garotos.

Os três saíram correndo, e eu expliquei para o homem que havia sido um mal entendido, ele saiu e eu me aproximei do garoto que estava jogado no chão gemendo de dor.

- Posso ajudá-lo? - Perguntei ao me aproximar do rapaz.

Ele então me olhou e quando eu vi quem era tive uma tremenda surpresa.

- Mark?

- Vem cá, deixa eu te ajudar. - O peguei pelo braço, para tentar ajudá-lo a levantar.

- Me deixa. - Tirou o braço bruscamente da minha mão. - Eu consigo.

Fez menção em levantar, mas logo gemeu muito alto e caiu no chão.

- Mark... Por favor... Deixa eu te ajudar. - Ele me olhou em silêncio. - Por favor.

O peguei novamente pelo braço, e o ajudei a se levantar. Fomos até o banco onde estavam minhas compras, e nos sentamos.

- O que houve? - Perguntei.

- Longa história.

- Tudo bem, eu não tenho pressa. - Ele me olhou seriamente.

- Aqueles garotos são da minha turma.

- Não lembro deles.

- Claro, eles mais faltam do que vão à escola.

- E por que eles estavam te batendo? - Perguntei.

- Eles vivem pegando no meu pé, inventam um monte de merda a meu respeito, então, eu cansei de ficar calado e comecei a falar horrores sobre eles também, e bom... O resultado foi esse.

- Tá doendo muito?

- Não! Tá fazendo cosquinhas. Não está vendo eu dando risada? - Ironizou.

- Verdade. Pergunta idiota. - Falei.

- Meus pais vão me matar se me virem desse jeito.

- Vem comigo, não tem ninguém na minha casa, você pode lavar esse sangue todo, tomar um banho... se quiser te empresto uma roupa limpa e depois você vai pra casa, com outra aparência.

O garoto me olhou seriamente, a princípio, ele negou, mas depois acabou aceitando. Peguei minhas sacolas de compras, e o ajudei a caminhar até minha casa, que não era muito longe de onde estávamos.

Assim que chegamos em minha casa, fomos em direção ao banheiro que tinha em meu quarto, ele se sentou no vaso sanitário, que estava com a tampa fechada. Peguei uma toalhinha, molhei e limpei os machucados do garoto, que já estavam com sangue seco, enquanto ele me olhava, e sei lá, não era um olhar de raiva ou algo do tipo, era um olhar curioso, meio doce ou terno talvez.

- O que houve? - Perguntei.

- Por que você tá sendo legal comigo? Olha o jeito que eu te trato...

Parei de limpar seus machucados, e me pus a olhá-lo.

- Porque eu lembro de quando éramos amigos e lembro do quanto você era legal comigo, e para mim, esses momentos valem bem mais do que o fato de agora você ser um mala sem alça.

Mark riu. E caralho, eu amava a risada desse garoto, tinha um sorriso muito lindo. Ficamos nos olhando em silêncio. E droga, eu não sei o porquê, mas a forma como ele me olhava, fez meu coração acelerar de uma forma surreal, e isso era tão doído, não sabia o porquê de acontecer isso.

Então, desviei meu olhar do garoto, que também disfarçou, e eu voltei a limpar cada um de seus ferimentos. Assim que terminei, perguntei:

- Hã... Quer tomar banho?

- Aham. Tô precisando mesmo.

- Ok, vou pegar uma roupa limpa e uma toalha pra você. - Falei.

- Beleza!

Sai do banheiro, peguei uma roupa minha e uma toalha, bati à porta do banheiro, e assim que eu escutei Mark falar ''entra'' eu entrei, e caralho, ele estava nu, tipo, não estava preparado para isso, não imaginava que ele fosse estar despido, e droga, por que eu estava tendo uma ereção? Merda, não era pra isso estar acontecendo, e se Mark visse? Certamente ia me chamar de viadinho ou coisa do tipo, porra, o que eu faço?

Amores Secretos (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora