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Sofia's Point of View

Depois que a senhorita Cameron deixou o escritório, me concentrei em tudo que eu tinha que fazer para não deixar pendências. Por mais que eu não admitisse nem pra mim mesma, não poderia negar os fatos, as coisas fluíam com Dove Cameron.

Fiz uma ronda na empresa, fui de setor a setor, obviamente a maioria dos funcionários já não estava mais lá, ainda assim, verifiquei tudo pessoalmente e voltei ao escritório, mergulhei em meus relatórios e quando me dei conta, já passavam das duas da manhã. Segundo o e-mail de Brooke, nosso voo estava marcado para às sete, eu não iria conseguir descansar nada.

Mas a maior e irrevogável verdade era que: eu não queria pensar em pôr os pés de novo naquela cidade. Paris, que era sem sombra de dúvidas o lugar em que eu já ansiei viver até o fim de meus dias, agora só me trazia lembranças que eu lutava diariamente para esquecer. Só me remetia a pessoa que eu pedia aos céus desesperadamente para não ter conhecido. Só me trazia sofrimento, era um dedo na ferida aberta. Eu precisava mesmo encontrar meu pai, e tinha certeza que ele encontraria um jeito de vir até mim caso eu precisasse, mas na primeira negativa eu me senti egoísta demais em insistir.

Paulina não poderia ir, tinha reuniões das quais não podia faltar ou remarcar, eu não demonstraria fraqueza convidando nenhum amigo para me acompanhar. Mas não sabia se conseguiria sozinha, então o mais óbvio era a opção mais viável, sobrou para a assistente.

Ainda não conseguia entender o alívio que senti ao colocar os olhos sob Dove aquela manhã, mas meu coração acalmou-se ao constatar que ela cumprira o que dissera e voltaria ao cargo. As marcas do meu passado ainda me doíam, eu não conseguia confiar em ninguém depois de tudo, desconfiava até de mim mesma e das minhas capacidades, me fechar foi a minha maior defesa, mas aquela mulher, aos poucos, me passava o que eu mais temia sentir de novo: confiança.

Ela era inteligente, era dedicada, aguentava de mim coisas que ninguém aguentou antes, ou deveria aguentar, meu tratamento com ela era quase abusivo, e eu tinha ciência disso, mas não conseguia agir diferente. O medo transforma as pessoas, e no meu caso, me deixou prisioneira dele. Queria esquecer tudo e recomeçar, mas não sabia como. E no fundo, não queria. Ser condenada a uma vida de solidão me parecia menos ruim do que sofrer novamente. Era menos doloroso.

Desci até o estacionamento, encontrando o pobre coitado do Jacob já dormindo sob o volante do carro, quase ri da cena quando dei leves batidas no vidro e ele acordou com o rosto todo marcado, pulando fora do veículo antes mesmo de sua alma parecer voltar pro corpo

– Perdão senhorita Carson, perdão, eu estava acordado ainda agorinha! — disse me estendendo a mão, para que eu entrasse no banco de trás

– Não estava nada, você está com o rosto todo inchado Jacob! — falei descontraída e ele corou enquanto corria para o seu lugar —  de qualquer forma, eu quem peço desculpas, esqueci que ficaria até mais tarde e não consegui lhe avisar

– Não tem problema senhorita!

– Ainda bem que dormiu, pelo menos não dirige por aí com sono, agora vamos pra casa sim?

– Agora mesmo!

– Ah, Jacob, amanhã não virei trabalhar, sairei cedo para o aeroporto, irei a Paris ver o meu pai e resolver algumas coisas, Paulina fica, então pode ficar a disposição dela para o que precise e prepare o Tesla, okay?

– Precisamente senhora, a que horas sairá?

– As seis, no máximo

– Tudo bem!

– Não ligue o rádio hoje Jacob, minha cabeça está explodindo.

– Como quiser senhora.

O homem dirigia com calma e em silêncio, eu estava exausta, e acabei apagando na metade do caminho, acordando apenas quando senti a mão de Jacob em meu ombro, estacionados na garagem de casa.

The Woman That No One Knows | DofiaOnde histórias criam vida. Descubra agora