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Sofia's Point Of View

Eu estava trabalhando em silêncio absoluto. Amava ficar em silêncio e poder trabalhar em paz. Nas últimas semanas aquilo basicamente era impossível, tinha sempre uma aspirante a assistente que o RH me arrumava no meu pé achando que puxar o meu saco garantiria o emprego. Não poderiam estar mais redondamente enganadas.

Catalogar toda aquela papelada estava me dando uma dor de cabeça terrível, mas eu não queria apelar para remédios, então resolvi ignorar e rezei para conseguir trabalhar, melhor dizendo, para que meu trabalho voltasse a fluir.

Nada tinha minha atenção além das inúmeras pastas de documentos e a tela de meu computador, mergulhei tão intensamente no que precisava fazer que esqueci até da presença da nova assistente, o que no fundo, era uma coisa boa. Se eu esquecia de sua presença, era porque ela não me perturbava como a maioria. Sequer lembrava seu nome, Lisa? Karen? Eu nem sabia mais, só era boa com sobrenomes e lembrava apenas disso. Não me permiti ficar otimista com ela, afinal, era apenas mais uma que possivelmente eu demitiria no fim do dia, se ela chegasse até lá.

Meus funcionários acreditavam que eu não tinha ciência de como se dirigiam a mim na minha ausência. Todos os apelidinhos nada agradáveis que me davam. Mas sendo sincera? Eu não me importava. Eu não queria nada menos que a excelência em todos os nossos serviços e produtos, e se ser odiada por noventa por cento da corporação era o preço, eu pagava sem hesitar. Ser uma pessoa exigente ou uma cobra venenosa, não me importava a nomenclatura se eu alcançasse meus objetivos finais. Ao fim eles tinham duas opções muito claras, trabalhar bem ou ser demitido. Era matemática básica, simples. Mão de obra no mercado não faltava.

Estava tão inerte em meus relatórios que sequer percebi quando minha assistente tentou chamar sua atenção, apesar de meus reflexos terem tentado me avisar sobre sua presença.

– Puta que pariu! — soltei sem ao menos ter tempo de filtrar minhas próprias reações ao sentir ela encostar em mim. Céus, eu precisava desenhar que eu odiava contato físico, por mínimo que fosse?

– Perdão senhorita Carson, e-eu lhe chamei várias vezes!

– Já me interrompeu, garota, fala de uma vez!

– Bom, a sua reunião das dez e meia com a senhorita Gomez foi desmarcada, por isso não interrompi a senhora antes, mas o almoço continua em sua agenda e está quase na hora — encarei-a pela primeira vez desde que ela me interrompeu e pude notar que a pobre moça tremia mais que cachorro com mal de Parkinson

– Hm, que horas são e de que horas é o tal almoço?

– São onze e meia, a reserva da senhora é para as doze e vinte, o restaurante não é longe mas devemos considerar o trânsito e... — ela assustou-se quando eu me levantei bruscamente e simplesmente parou de falar

– Hm — quando eu fui até minha bolsa, tomando-a nas mãos junto ao meu celular, óculos e blazer, notei a loira se afastar com mais algumas poucas pastas. Espantosamente a mulher era rápida, e em minha mesa já haviam várias pilhas catalogadas — onde você pensa que vai? — ela me olhou assustada como se tivesse feito algo de errado

– Co-como assim?

– Você é sempre lerda assim mesmo ou está tentando aprimorar essa habilidade? — revirei os olhos e a ouvi engolir a seco, minha paciência já estava se esvaindo  — Se eu tenho um almoço de negócios, você vai. É simples, ficou claro ou preciso de um convite por extenso? Ande logo!

Eu sequer reparei na mulher antes de deixar a sala. Voltando poucos segundos depois, encontrando-a ainda estática onde parou instantes atrás.

– Vou usar o sanitário, não fique parada aí Cameron!

The Woman That No One Knows | DofiaOnde histórias criam vida. Descubra agora