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Dove's Point of View

    Reunidos em pub "barato" ao leste de Manhattan, como velhos amigos e não como funcionários de hierarquias com a mesma distância entre a terra e a lua, Melissa, Katie, Ally, Camila, Lauren, eu e Booboo, perdemos a noção do tempo e entramos madrugada a dentro entre conversas, risadas e brincadeiras informais.

    Nem nos meus maiores e melhores sonhos, eu conseguiria sair do Brooklin e me estabilizar em uma das maiores metrópoles do mundo em tão pouco tempo, apesar das dificuldades — que não eram poucas, pois além de trabalhar numa das maiores e mais respeitadas empresas da cidade, minha chefe ainda era, por um azar, a Sofia Carson — eu estava feliz. Trabalhando na Char's a pouco mais de três meses, eu poderia me dar ao luxo de dizer que estava conseguindo realizar, pouco a pouco, o meu sonho de ser independente.

    Ajudava Ally, finalmente, com as despesas e me sentia muito confortável morando com a mulher, éramos amigas a anos e nossa convivência era muito fácil. Eu evitava ir para casa, por mais egoísta que pudesse parecer, aquele lugar era um lembrete indesejado de como eu viveria se vacilasse, porque por mais que eu estivesse indo bem, para minha família, eu estava agindo mal, almejando algo que não me era tangível e hora ou outra voltaria "com o rabo entre as pernas" para ouvi-las dizer: eu te avisei.

    Preferia minha semana corrida, chegando cedo e saindo tarde do trabalho, saindo com meus amigos, conhecendo pessoas novas, me divertindo, me apaixonando ainda mais pela cidade caótica e nada parecida com as outras em que vivi, adorava sair com Cameron, Alexxis e Ally. Adorava o frenesi de conseguir fazer a senhorita Carson procurar algo para implicar porque eu vinha —  e agora acreditava —  fazendo um bom trabalho, adorava minhas caminhadas matinais nos fins de semana pelo Central Park. Adorava as compras com Ally, a rotina nova e frenética. Adorava aprender algo novo a cada dia naquela empresa, que apesar dos pesares, me ensinava tanto. Minha postura já era outra, minha visão de mundo também. Eu estava mais segura, mais confiante, e definitivamente mais feliz. Eu havia nascido para aquilo.

    Não saberia dizer em que momento Katie, Ally, Mel e eu ficamos jogadas numa mesa lateral, caindo de bêbadas — com exceção das que estavam dirigindo, apesar de Lauren não ligar muito para as leis de trânsito e tomar umas e outras —  enquanto Lauren, Camila, Boo e uma outra garota que eu não conhecia, pareciam alheios a nós, numa espécie de encontro duplo, flertando descaradamente. Estávamos tendo uma noite tão boa, que foi bem difícil nos entupirmos de água para tentar voltar a sobriedade e ir para casa finalmente.

    Melissa me fez prometer que iríamos marcar algo novamente, pois ela precisava me apresentar a Chyler, que era quase uma irmã para ela. Obviamente eu não faria desfeita, e concordei, aquela noite, aquele grupinho improvável se tornou mais íntimo. Mel e Katie saíram mais cedo, Boo sumiu com a garota, Lauren deu uma carona a Camila, enquanto Ally e eu voltamos para casa, e minha amiga quase precisou me carregar até o apartamento. Eu gostava de beber quando estava entre amigos, mas era algo que eu não sabia fazer. Ainda não conhecia bem os meus limites.

Não era de se espantar que na manhã seguinte eu estivesse acabada! Ally precisou me acordar mais vezes do que eu consegui contar, me enfiou tanto café de goela a baixo que eu não sabia se ia conseguir dormir nas próximas vinte e quatro horas, e depois de um banho frio e alguns analgésicos, finalmente saímos de casa.

Quando chegamos, passei direto para a cafeteria para comprar o café da senhorita Carson, comprando um para mim também e me arrependendo no segundo seguinte em que aquele maldito copo me custou uma facada. Depois de quase perder o cartão corporativo por estar meio desorientada ainda, voltei para o prédio quase correndo, minha bebedeira da noite anterior quase me custa um belíssimo atraso, e eu precisei voar para organizar toda a sala da minha chefe antes que ela chegasse cuspindo fogo pelas narinas e querendo meu couro para fazer um par de sapatos.

The Woman That No One Knows | DofiaOnde histórias criam vida. Descubra agora