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Sofia's Point of View

Despertei sentindo meu corpo pesar toneladas, continuava no quarto de hospital, mas ao contrário de como lembro ter apagado, tudo estava silencioso, olhei em volta, os corredores obviamente seguiam bem iluminados, mas meu quarto tinha uma iluminação mais baixa, o que me fez deduzir que já era noite. Suspirei. Olhando mais atentamente, senti meu coração descompassar ao ver o topo da cabeça de Dove aos meus pés. A mulher dormia de qualquer forma, era claro que havia apagado tentando não me despertar. Eu não poderia deixá-la ali daquela forma.

– Meu bem...— minha voz saiu tão baixa que eu precisei pigarrear para voltar a ter controle de meu tom e chamá-la novamente — Dovey...

Ela levantou a cabeça um tanto desnorteada, parecia assustada, tratei de balançar as mãos tentando tranquilizá-la mas a mulher já estava prostrada ao meu lado, mal conseguindo manter-se de pé.

– O que está fazendo aqui?

– Onde mais eu estaria, amor? — ela tomou uma de minhas mãos entre as suas — Passei o dia inteiro presa na delegacia com Katie, fazendo os testes e exames, enfim, e prestando esclarecimentos, não queriam me deixar sair...

– Como não? Porque não?

– Bom, você sabe! De cara conseguiram resquícios de pólvora em minhas mãos, Katie mexeu os pauzinhos, e a Floriana também! Ela tem me ajudado bastante, desde que, enfim... Como você está?

– Confusa, que horas são? — Dove suspirou e olhou seu relógio de pulso rapidamente

– Agora, passam das meia noite e meia

– Você não deveria estar em casa?

– E deixar você aqui? De forma nenhuma! De todo jeito, passei em casa antes de vir e tomei um banho, comi algo leve e relaxei um pouco, estão todos muito aliviados por ter você de volta, e não veem a hora de ter você em casa.

– Eu também sinto falta de todos — ela tentou repuxar os lábios num meio sorriso, mas claramente não conseguia sorrir naturalmente ainda — Quando chegou aqui minha família não estava mais? — Dove claramente entrou em alerta e suspirou antes de responder

– Estavam, claro que estavam, ou melhor, sua mãe, Selena e Paulina.

– E meu pai?

– Laura fez a segurança tirá-lo daqui, segundo Lina, a conversa foi um tanto quanto ... Calorosa, huh? — ela estava tendo cuidado com as palavras, mas eu via em seus olhos algo diferente quando o assunto era meu pai — José tentou explicar de todas as formas que se tratava de um caso antigo e isolado, que ele não tinha como saber e não podia se responsabilizar por isso, mas não teve muito jeito, sua mãe está possessa.

– É claro que ela está, ela não vai engolir isso. Então, no fim, era tudo verdade?

– Não sabemos, José se nega, ao mesmo tempo se contradiz, o fato é que já foi solicitado o exame de DNA dele e do Ryan, que inclusive, teve uma piora no quadro clínico, não está estabilizado ainda. Quantos aos demais criminosos, houve outras baixas além do, bom, do cara que eu atirei.

– Está lidando melhor com isso? — perguntei com cuidado

– Não, e não irei... Meu bem, sinceramente? Tenho medo de dormir, essa informação me assombra a todo momento. Mas isso não importa, eu estou aqui e vou cuidar de você, por quanto eu puder...

– Pare de falar como se a qualquer momento você fosse se ausentar Dove, porque você não vai, eu não vou deixar, nem que eu tenha que mover céus e terra para tal! — ela assentiu apenas para dar o assunto por encerrado, não parecia convencida — Porque dormi tanto afinal?

The Woman That No One Knows | DofiaOnde histórias criam vida. Descubra agora