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Dove's Point of View

Aquele dia estava completamente fora de tudo que eu pudera imaginar para um dia de trabalho. Começou por eu basicamente acordar com a senhorita Carson na minha porta — o que era grande coisa considerando que a mulher não abria sequer a porta do carro para si mesma, que dirá dirigir por aí sozinha comigo?! — A mulher me desconcertou inteira, porque céus, ela estava absurdamente bonita para qualquer ser humano às seis da manhã! Quase me esqueci como se respirava ao encará-la trajada num terninho bem cortado e todo branco. Inferno, ela poderia ser uma megera rabugenta, mas era a megera rabugenta mais sexy que existia!

Aquele maldito carro também não saia da minha cabeça, e ela estava certa, eu com certeza iria pesquisar a respeito.

Havia esquecido do medo que tinha de voar até estar de fato dentro daquele avião, que era, sem sombra de dúvidas, mais uma prova do poder daquela mulher, a aeronave certamente havia sido adaptada para ela, porque até a decoração dele gritava seu sobrenome. E definitivamente, eu não estava pronta para Sofia Carson, a mesma mulher que gritava comigo pelo menos umas cinquenta vezes no dia, que me demitiu por um café quente demais e que ameaçou me mandar pro RH mais vezes do que eu poderia contar, estava ali, na minha frente, olhando nos meus olhos e me puxando de volta para a realidade após eu quase cruzar a linha de uma crise de ansiedade.

Aquilo não podia estar acontecendo, eu não deveria estar tão próxima, eu não deveria estar de mãos dadas com ela, olhando em seus olhos — e que infernos de olhos bonitos — e muito menos deveria me perder o suficiente para encarar seus lábios descaradamente daquele jeito! Mas era inevitável, acho que nenhum ser humano em sã consciência ficaria de frente para aquela mulher sem estudar cada linha de seu perfeito e simétrico rosto.

Céus! Saber de parte do seu passado só serviu para me deixar ainda mais confusa quanto ao meu próprio julgamento sobre ela. Afetada demais depois do uísque que ela me oferecera e completamente sem jeito depois do nosso episódio, tratei de ir dormir, o que não foi lá uma tarefa muito difícil tendo em vista que aquela poltrona era certamente mais confortável que minha própria cama! O que eu não contava era acordar menos de duas horas depois, ainda tendo pelo menos mais cinco horas de tempo de voo pela frente.

Quando despertei a senhorita Carson estava concentrada em seu livro, com o óculos de grau pendendo para a ponta de seu nariz, seu perfil desconcertaria qualquer pessoa, engoli a seco e tratei de ficar quieta, fingindo não ter despertado ainda.

– Você sabe que eu sei que você está acordada, não sabe? — a voz dela me trouxe de volta e eu me praguejei por uma ideia tão estúpida

– Perdão, eu não quis atrapalhar a senhora.

– Não atrapalha, a propósito, eu estava mesmo esperando você acordar

– Oh, certo. Do que precisa?

– Pegue o tablet, vamos fazer um cronograma do que fazer exatamente para que eu não perca tempo em coisas desnecessárias

– Sim senhora

    Passamos algum tempo trabalhando nos compromissos dela, a maioria deles era de fato na filial da empresa, com a ajuda de Ally, consegui entrar em contato com o pessoal de lá e deixar tudo alinhado sem o menor transtorno. Não muito tempo depois, a simpática demais comissária nos serviu o almoço e eu quase ri do quanto ela estava se esforçando para chamar a atenção da senhorita Carson sobre si e a mulher ignorara completamente sua existência. Eu não devia, mas aquilo me pareceu engraçado.

– Está tudo bem senhora?  — perguntei ao perceber que ela estava parada estática na janela a tempo demais, bebericando seu uísque mas aparentemente com os pensamentos longe dali

The Woman That No One Knows | DofiaOnde histórias criam vida. Descubra agora