The Woman That No One Knows | Dofia

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Sofia's Point of View

Enquanto caminhávamos até o estacionamento do prédio, Dove se virava como conseguia com as próprias bagagens, eu andava um pouco mais a frente, poderia oferecer novamente ajuda a ela, mas ainda não havia engolido aquele seu "comentariozinho" infeliz. Então, ela que se virasse, eu não me importava se isso fazia de mim uma mulher com a saúde mental de uma criança de cinco anos.

Encarei a mulher rapidamente quando cheguei mais perto do carro e ela havia parado estática no meio do caminho.

– Algum problema? — perguntei e ela sequer olhou em minha direção, seus olhos continuavam presos ao carro e pareceram querer saltar das órbitas quando eu me aproximei ainda mais e as portas simplesmente abriram — Cameron, ande logo, não temos o dia todo, venha com essas malas! — voltei a andar e ela começou a me seguir, mas enquanto eu fui para a frente do veículo ela foi para trás, quase ri da cara confusa que ela fez quando me viu abrir o capô — guarde tudo aqui, as minhas estão aí atrás — sem dar uma palavra, a mulher veio até mim, ainda perdida na SUV como se fosse coisa de outro mundo, e claramente estranhando o fato de ter um bagageiro dianteiro no veículo, eu tentei muito reprimir o quanto meu cérebro estava achando a mulher adorável — vamos, eu nos atrasaremos e aí vai ser um inferno para decolarmos —  ela assentiu e foi até a porta do passageiro, o queixo da mulher quase foi ao chão quando eu entrei e depois de pisar no freio minha porta fechou.

Eu estava tentando ao máximo não prestar atenção nela, mas a forma como ela parecia inerte observando os detalhes do carro me deixaram curiosa. Poderia me gabar de ao longo dos anos aprender a enxergar os sinais que as pessoas davam de interesse, por mais sutil que fosse, também pudera, depois do que passara, o mínimo que eu poderia fazer era não ser estúpida duas vezes. Mas aquela mulher parecia só uma criança indo à Disney pela primeira vez, seu deslumbre era inocente, e ela não mudava sua postura ou sua forma de agir por nada. E aquilo me intrigava.

– Posso fazer uma pergunta? — perguntei enquanto flagrei a mulher discretamente olhando para a parte traseira do carro, fazendo com que ela voltasse a encarar a estrada à nossa frente, corada

– Claro

– Porque está tão abismada com esse carro? —  ela pareceu corar ainda mais e me encarou por instantes sem saber o que dizer

– Bem, é que eu nunca tinha andado por aí numa nave espacial antes — não conseguir conter a risada diante a colocação dela

– Não seja exagerada, Cameron, é só uma SUV.

– Só uma SUV? Senhorita Carson, eu sei que o mundo da senhora é completamente diferente, mas isso não é SÓ uma SUV, é uma puta máquina. Olha sinceramente, eu vou pesquisar sobre esse carro depois — ri ainda mais quando percebi que ela falava sério

– Bem, não tem nada que você queira saber sobre o carro que eu não possa lhe dizer...

– Ahn, bom... não tem necessidade não é?

– Pergunte de uma vez, Cameron.

– Onde diabos fica o motor desse negócio? — nós rimos, e enquanto parava num sinal vermelho, me atrevi a encará-la

– É um carro completamente elétrico Dove, os motores ficam nos eixos, por isso também tenho um bagageiro debaixo do capô. Não sei porque você está tão espantada, anda comigo por aí numa Maserati.

– Sim, eu sei que a outra esbanja luxo, mas essa, céus!

– É um carro bem minimalista na verdade, mas eu gosto de SUVs, gosto de espaço e não gosto de viajar sozinha, esse tem o melhor de tudo que eu gosto. Eu sempre gostei de carros, e esse bom, até dirige sozinho — ela me olhou para checar se eu falava sério e arregalou os olhos quando deduziu que sim — eu lhe mostro depois —  sorri e novamente me concentrei na estrada, por algum motivo eu estava falando demais, e policiando isso, voltei a me fechar. Mas não pude deixar de observar que a mulher continuava discretamente estudando cada detalhe que podia, aquele carro realmente lhe chamara atenção, e sem que eu notasse, tinha um sorriso nos lábios.