The Woman That No One Knows | Dofia

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Dove's Point of View

Despertei naturalmente pela claridade do cômodo, alonguei meu corpo e senti falta de Sofia na cama. Lentamente abri meus olhos para eles se acostumarem com a luz, e quando me apoiei sobre os cotovelos, pude visualizar Sofia caminhando de um lado pro outro no quarto, enquanto se organizava. Seu cheiro tomava todo o cômodo, a mulher já parecia uma deusa naquela hora da manhã, era imoral.

Eu nunca me acostumaria.

Quando finalmente percebeu que eu estava desperta, a mulher veio até a cama e deixou um beijo em minha testa.

– Bom dia Dovey, dormiu bem?

– Maravilhosamente bem, meu amor — sorri quando ela deixou um selinho em meus lábios e levantou-se novamente — estamos atrasadas?

– Não, mas precisamos nos organizar huh? — busquei meu celular e quase revirei os olhos, irritantemente pontual — Eu vou descer e ver se nosso café já está pronto, enquanto você se arruma — assenti e a vi deixar o quarto

Suspirei e fui até o closet, Sofia não era nada sutil, claramente ela havia o organizado para que liberasse mais espaço para mim, e junto das roupas que eu já havia deixado por lá, haviam mais, roupas novas, limpas e impecavelmente alinhadas. Comecei a rir sozinha, ela não tinha mesmo jeito. Mas passei os olhos pelas novas aquisições, e resolvi vestir algo dali, três peças, blazer, saia e camisa social que combinavam perfeitamente. Deixei-as em cima da cama e dediquei-me à minha higiene matinal.

Depois de pronta e maquiada, desci até a sala de jantar, encontrando Sofia concentrada em seu ipad, pelo reflexo de seus óculos, lia algo. Com um sutil pigarro para chamar sua atenção e vi os lábios da mulher se retorcerem em aprovação, me encarando dos pés à cabeça.

– Uau, você está maravilhosa! — senti meu rosto esquentar e tentei manter a pose, caminhei até ela e deixei um beijo no topo de sua cabeça

– Está querendo dizer alguma coisa desocupando seu closet pra mim e enchendo de roupas novas?

– Eu? Jamais. — neguei com a cabeça e observei a mesa pela primeira vez, estava farta e impecável

– Caramba, a que devemos o banquete? — perguntei brincando, mas a mulher me olhou nos olhos e suspirou

– Você saberá, podemos? — ela levantou-se, puxando uma cadeira para mim, sentei-me desconfiada e observei ela volta para seu lugar — Bom apetite, espero que goste, está com uma cara ótima.

– Fez alguma coisa dessa mesa? — perguntei tentando provocá-la

– Sim, claro! — disse imediatamente e eu lhe encarei desconfiada — Puxei a cadeira para você — explodi numa gargalhada ao ver sua face polida e sem expressões

O café da manhã fora regado a conversas leves, provocações e risadas nossas. Foi leve, foi gostoso, foi um retrato absolutamente fiel do que éramos Sofia e eu como um casal.

Até que ela ficou quieta e distante, Sofia e silêncio nem sempre era uma boa combinação.

– O que houve meu bem?

– O que? Ah — ela pareceu voltar a realidade — Estou num impasse imenso aqui Dovey

– Converse comigo...

– Paulina vai querer me matar de mil maneiras novamente — ela riu nervosa e eu a encarei curiosa — ela me deu um milhão de ideias mirabolantes e extravagantes, ideias que eu certamente não me incomodaria em executar, mas eu não sei, não parece ser a nossa essência, entende?

– Ideia do que exatamente?

– Ela ficou bem revoltada por eu ter te pedido em casamento sem uma aliança — meu coração disparou — desde então, vem me enchendo a paciência para que eu refaça o pedido de uma forma decente, mas quanto mais eu penso nas ideias dela, mais distante isso fica de nós... — ela levantou-se e eu engoli a seco, afastando a cadeira da mesa um pouco, mas com as pernas trêmulas demais para me manter de pé, aquela mulher me quebrava. Ela foi até a própria bolsa e voltou até mim, o azul da caixinha que segurava já me fez engolir a seco — não é muito mais nossa cara... — aproximou-se mais, agachando-se lentamente até apoiar-se em um dos joelhos — que eu me ajoelhe à sua frente, te mostre isso — abriu a caixa revelando a aliança mais linda que eu já havia visto em toda a minha vida — e te prometa novamente, que eu vou dedicar cada dia da minha vida, a te amar, respeitar e te fazer feliz? Eu quero que saiba que você mudou a minha vida, desde o primeiro momento em que entrou nela. Te agradeço por não ter desistido quando eu definitivamente fui uma cretina com você, te agradeço por seu amor ter me resgatado e me devolvido às pessoas que eu amo, e que me amam e sentem falta dessa Sofia aqui, que se mostrou muito pouco ao longo dos anos, aceite essa aliança como aceitou tornar-se minha noiva, com a certeza que eu te amarei, dia após dia como se fosse o último, valorizando cada segundo ao seu lado, porque cada segundo com você é precioso demais. — Ao vê-la com lágrimas nos olhos eu não consegui segurar as minhas próprias — Casa comigo, meu amor?