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O barulho dos raios e trovões são ensurdecedores e, a cada relâmpago que clareia o céu, eu vejo por detrás da cortina de lágrimas o homem dos olhos vermelhos me encarar feito um maníaco

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O barulho dos raios e trovões são ensurdecedores e, a cada relâmpago que clareia o céu, eu vejo por detrás da cortina de lágrimas o homem dos olhos vermelhos me encarar feito um maníaco. Desvio por entre as árvores e continuo a correr, sentindo os meus pés doloridos tocarem a terra lamacenta e as gotas geladas da chuva encharcarem minhas roupas parcialmente rasgadas.

Já estou começando a sentir o ar faltar nos meus pulmões, provavelmente pela alta adrenalina em que me encontro, a euforia que esmaga o meu corpo apenas contribui para que eu tenha um ataque de asma a qualquer momento.

— Não adianta correr gatinho, nós dois sabemos que você não irá aguentar muito. Consigo ouvir sua respiração cansada daqui. – A voz ameaçadora chega aos meus ouvidos.

E ele está certo. Não falta muito para que eu desmaie de exaustão, estamos nessa brincadeira de pega-pega há alguns minutos, mas sinto como se tivesse passado horas. Horas de tortura psicológica e sentimento de impotência.

— Você é meu, Harry. E é por ser meu que estou dando a chance de você se render por conta própria. – O vampiro cantarola.

Seus passos são calmos e precisos, se negando a correr entre tropeços como eu. O vampiro faminto passa assoviar quando percebe o meu desespero aumentar, não ouso retrucar nenhuma de suas provocações mas sequer consigo evitar o choro descontrolado.

— Olha ao redor, Harry – sua voz ecoa em uma certa distância. — Não vê que não há para onde fugir?

Meu corpo queima como o inferno devido ao esforço físico e está cada vez mais difícil de correr já que a lama no chão está mais escorregadia. Pequenos galhos arranham meus braços e pernas na medida em que avanço entre as plantas, causando uma coceira insuportável na minha pele.

— Pequeno Harry, pequeno Harry. Cadê você? – o vampiro faminto grita, e eu sinto de longe o escárnio carregado em seu tom de voz. — Sempre bancando o difícil, não é? Mas sabe de uma coisa? Eu adoro um desafio. Então continue correndo enquanto pode Harry, pois assim que eu colocar as minhas mãos em você...

Sua risada ecoa pela floresta, interrompendo sua própria sentença. Não seria necessário que completasse de qualquer maneira, sei que é o meu fim. Não tenho mais para onde correr e é  praticamente impossível alguém me tirar desse beco sem saída.

Afasto os fios de cabelo que estão  pegajosos na minha testa e, já sem forças, me encolho contra uma árvore puxando o ar com dificuldade, fechando os olhos na tentativa de me esconder do vampiro que me persegue. Como se fechar os olhos fosse o suficiente para que ele não me visse.

Tentativa obviamente falha, pois basta eu parar de correr por dois segundos para sentir o sopro do seu hálito gelado contra a minha bochecha. Eu arregalo os olhos amedrontado, apenas torcendo por um pingo de misericórdia.

— Peguei você. – Ele sussurra com um sorriso maquiavélico já mostrando as presas com um rosnado assustador.

Como um vulto, o vampiro de olhos vermelhos avança em minha direção.

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