Penumbra - l.s

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[Louis POV]

Um verdadeiro anjo, é o pensamento que me ocorre pela décima vez desde que deitei ao seu lado e passei a fixar os meus olhos em sua figura adormecida.

Obsevo os cachinhos cor de chocolate espalhados pelo travesseiro e não consigo evitar a vontade de enrolar um deles entre os meus dedos. Me fascina o cabelo de Harry, ele emoldura tão bem o seu rosto que parece ter sido esculpido pessoalmente pelas mãos de Apolo, não é para menos que é praticamente impossível não suspirar diante da beleza surreal que possui.
Os longos cílios estão fazendo sombra nas bochechas rosadas e as pálpebras que agora estão fechadas escondem seus olhos verdes, duas esmeraldas que quando brilham em minha direção, me fazem sair da realidade e viajar na sua inocência.

Com a boca levemente entreaberta, Harry solta pequenos ruídos ao respirar. Não ao ponto de roncar feito um velho fumante, mas o suficiente para preencher o quarto com murmúrios manhosos. Gosto de como os lábios dele são extremamente vermelhinhos e, para o meu desespero, convidativos. Além de acolher o sorriso mais sincero que eu já vi.

Desço o olhar pelo seu pescoço esguio e cheiroso, novamente não sendo capaz de me manter parado. Então me aproximo um pouco e deslizo devagar a ponta do nariz atrás da orelha dele, inalando seu perfume levemente adocicado. Sorrio inconformado quando sinto algumas borboletinhas voarem em meu interior e, mesmo que minha vontade seja de permanecer respirando o aroma da sua pele só para aproveitar as sensações que me invadem, eu me afasto.

Se afastar é o melhor a se fazer, não posso me dar o luxo de perder o controle e fazer algo que faça me arrepender depois, como marcá-lo com minha boca sedenta.

O que não me impede de percorrer com os olhos o seu corpo magro e esbelto, ao mesmo tempo que se equilibra entre a sensualidade e atratividade. Mas também não me atrevo a demorar na análise de cada uma das suas curvas, porque tenho certeza que se o fizer serei incapaz de manter minhas mãos longe dele.

Que os deuses me ajudem!

Harry é perfeito aos meus olhos. Bonito, inteligente e com o coração tão puro quanto os anjos celestiais. Eu não menti quando disse que ele será a minha ruína ou minha redenção, se bem que tenho quase certeza de que ele já é.

Desde que o conheci senti uma forte conexão, eu soube no instante que o segurei em meus braços pela primeira vez que algo mudou dentro de mim. Um forte instinto de proteção nasceu assim que matei Peter para salvar sua vida.
Eu compartilhei o meu sangue com um humano, coisa que não fazia há muito tempo, apenas para garantir a sua sobrevivência.

Não pude simplesmente voltar para minha cama confortável naquela madrugada chuvosa, e deixar aquele garoto frágil e delicado abandonado na floresta para morrer de hipotermia. Um garoto inocente que teve seu sangue sugado por dias por um vampiro sem escrúpulos.
Eu precisava salvá-lo, acima de tudo, eu queria cuidar dele e talvez esse desejo tenha sido o que mais me surpreendeu, pois por mais de um século eu me mantive afastado dos humanos e alheio as suas necessidades.