Prólogo

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O vento facilmente ultrapassava os 100 km/h fazendo com que os galhos fossem arrancados das árvores e a chuva forte batesse contra a janela do quarto que estava envolto em uma penumbra melancólica. Raios e trovões cortavam o céu escuro mas não foi nenhum desses estrondos ensurdecedores que acordaram de um sono profundo Louis Tomlinson.

Com um pulo o homem sentou-se na cama sentindo um cheiro familiar invadir suas narinas um tanto dilatada, ele expirou profundamente algumas vezes constatando que o aroma não vinha de um lugar muito próximo, por esse motivo tentou acalmar os seus instintos e voltar a dormir, porém algo lhe impedia e no fundo ele sabia que alguma coisa estava acontecendo, mas como não era da sua conta virou-se de lado na cama e fechou os olhos numa tentativa de desligar-se do mundo externo.

Sua audição extremamente apurada captou ao longe um pedido de socorro em forma de gemidos e isso o irritou profundamente.

"Inferno Louis, apenas ignore."  Pensou revirando-se na cama incomodado por ter sido despertado naquela madrugada fria e chuvosa, mas logo um novo pensamento lhe cruzou a mente.

"Noite escura, pedido de socorro e cheiro de sangue vindo da floresta só poderia significar uma coisa. Ataque de vampiro."

Seus olhos se estreitaram pois ir em socorro de algum desavisado que anda por essas bandas no meio de um temporal não estava em seus planos, mas o que de fato não está em seus planos é ter que enterrar o corpo de uma vítima em sua área de domínio na manhã seguinte.

Então mesmo contrariado Louis levantou-se da cama, vestiu sua capa preta e correu à velocidade da luz entre as árvores seguindo os sons de murmúrios sôfregos e o cheiro de sangue fresco.

A cena em sua frente era exatamente a que imaginou. Um corpo praticamente inerte deitado no chão lamacento tendo o sangue sugado por um vampiro faminto, que ao mesmo tempo em que se alimentava, rasgava as roupas da presa na tentativa clara de abusar do corpo enfraquecido.

Louis fez o que tinha que fazer. Aproximou-se por trás do ser da noite e, com um movimento rápido e preciso, deixou-o desacordado, dando uma chave de pescoço. Sua intenção inicial era somente essa, imobilizar o agressor e tirar a vítima de seu poder porém assim que colocou os olhos no garoto pálido e frágil, a raiva correu por suas veias fazendo o seu coração pulsar forte. Sem conseguir raciocinar direito, simplesmente enfiou com uma força descomunal uma das suas mãos no peito do vampiro e arrancou-lhe o coração, consequentemente, sua vida eterna.

Veja bem, as lendas dizem que vampiros não tem sentimentos, que são seres desalmados e que sua única fonte de prazer é beber o sangue quente que corre pelo corpo de suas presas e talvez há um fundo de verdade nisso, realmente existem muitos seres noturnos que se deixam levar por seus instintos e mau caratismo.

E tem também aqueles que vivem suas vidas sem prejudicar os humanos, ou dão o máximo de si para isso. São aqueles que não enterraram completamente sua humanidade e empatia, esses tipos de vampiros costumam valorizar a vida dos outros e, sim, são capazes de amar. Pelo menos para aqueles que se derem a chance de sentirem-se dignos de compaixão.

Louis Tomlinson se encaixa nesse segundo grupo de vampiros, ele pode tratar os humanos com respeito e pode amar, apenas não quer.

Essa é a principal razão pela qual está nesse exato momento perdido em pensamentos enquanto encara o corpo fraco e praticamente sem vida do garoto à sua frente.

Tomlinson sempre obteve total controle sobre qualquer situação mas, por ironia do destino, estava completamente indeciso entre levá-lo até a cidade e deixá-lo em alguma rua movimentada para ser encontrado, mesmo sabendo que as chances de sua sobrevivência serem praticamente nulas devido a hipotermia e a grande perda de sangue, ou dar-lhe um pouco de seu sangue que tem poder curativo e deixar o garoto ali mesmo para que se recupere e volte por conta própria para o lugar de onde veio.

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