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[Harry POV]

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[Harry POV]

O ronco do motor da Gertrudes não pode abafar completamente o barulho dos galhos secos se quebrando debaixo dos pneus conforme vou adentrando a floresta rumo a clareira onde vou colher as ervas que John pediu, porém não presto atenção nesses ruídos, estou muito focado em sentir o cheiro da mata e em observar como os pássaros voam assustados conforme a moto passa devagar entre as árvores.

Ontem a noite meu amigo bruxo ligou  pedindo para que eu buscasse seus chás com urgência, pois como alegou, a dor em suas articulações estão o matando. Então conforme prometido, aqui estou em plena manhã de domingo subindo de moto pela trilha íngreme para atender o pedido dele.

Assim que estaciono e me dirijo ao lago, onde há meses atrás nadei com Louis, uma profunda melancolia me atinge. Aquela foi a primeira vez que vi a verdadeira natureza dele, o vi surtar, o assisti se alimentar e matar um coelhinho inocente. Presenciei junto com sua raiva, a sua mágoa e dor por não poder mudar de fato quem é.

Também foi naquele dia que percebi que não importa o quão forte e independente Louis tenta parecer, no fundo ele é frágil, precisa de aceitação e compreensão como qualquer outra pessoa. E ali, naquele momento o meu coração se encheu de empatia, de carinho e compaixão pelo vampiro a minha frente e esse sentimento apenas cresceu e evoluiu para uma paixão arrebatadora e para um amor verdadeiro.

Com calma sento-me na beirada do lago, dobro a barra da calça e descanso os pés na água gelada, enquanto arranco distraído uma a uma as pétalas de uma pequena margarida murmurando baixinho "bem-me-quer, mal-me-quer". Um cardume de peixinhos coloridos nadam entre as pedras dando um show de beleza e graciosidade.

Não sei por quantos minutos fico entretido observando a natureza no fundo do lago, disperso em recordações, alheio a qualquer coisa ao meu redor, o que sei é que meu coração bate acelerado ao perceber que não estou sozinho.

O cheiro do seu perfume marcante é a primeira coisa que sinto, seguido do farfalhar da sua roupa ao sentar ao meu lado. Imediatamente minha respiração engata, meus olhos marejam e meu corpo todo arrepia. Engulo em seco, não conseguindo acreditar que depois de quase vinte dias sem dar notícias, Louis finalmente está aqui.

Resisto ao impulso de me jogar em seus braços, beijar com desespero seus lábios e depois socar sua cara de pau até arrancar sangue do seu lindo rosto.

Ninguém fala nada, e o silêncio entre nós não é confortável, pelo contrário, é irritantemente constrangedor. Só depois de longos minutos eu encontro coragem para quebrá-lo.

— O que você faz aqui? – Pergunto ressentido sem ao menos olhar pra ele.

Escuto-o suspirar e pelo canto do olho noto que o vampiro esfrega as mãos nas próprias coxas parecendo nervoso.

— Quero conversar com você, anjo – declara e o apelido que ele usa faz meu coração acelerar de saudade e raiva na mesma medida. — Quero pedir perdão pelo meu egoísmo, e dizer que nunca foi minha intenção te magoar – sinto seu olhar me queimando, porém continuo firme no propósito de não encará-lo. — Eu cometi um grande erro ao ir embora Harry, mas prometo que se você encontrar forças em seu coração para me perdoar, eu nunca mais me afastarei de ti e terei como principal objetivo da minha vida te fazer feliz – sua voz soa firme e sincera e eu queria acima de tudo acreditar no que ele fala. — Eu fiquei transtornado com tudo o que aconteceu e acabei agindo por impulso. Ter te deixado sozinho quando precisava tanto de mim será o meu maior arrependimento, eu deveria ter ficado e enfrentado meus medos ao seu lado. – Confessa com voz angustiada

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