6 - Parabéns, Tyler!

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Tyler Hills

Eu tive paz. Eu tive paz por oito horas consecutivas. Esse era o meu recorde desde que tudo desmoronou em minha vida. Eu consegui dormir sem ser atormentado pelo meu passado. Sem ser atormentado pela imagem de Natan que nunca permitira que eu esquecesse do que aconteceu. Pela primeira vez, eu dormi sem um único pesadelo. Nesse dia, eu não acordei sem fôlego ou sentindo o fogo dos meus sonhos carbonizar a minha pele. Eu acordei como qualquer outro adolescente normal com o meu pai batendo em minha porta.

Bem, nas circunstâncias em que eu me encontrava, ter o meu pai prestes a entrar no meu quarto não era o tipo de situação que me acalmava. Minha paz durou ótimas oito horas e nenhum segundo além disso.

-Tyler, posso entrar? - Meu pai perguntou, já girando a maçaneta.

-Calma, eu tô sem roupa - Respondi, já sacudindo o braço de Liam que se mantinha completamente adormecido.

Isso não foi o suficiente para acordá-lo. Eu precisei me levantar da minha cama, e isso foi o necessário para que eu sentisse o meu corpo totalmente destruído. O meu quarto girava de um lado para o outro quando tentei alcançar o colchão de Liam, sentando-me ao seu lado com receio de ser derrubado por minha mente.

-Acorda, Liam - Empurrei a sua cabeça brutalmente, atingindo-a contra a madeira da minha cama em um estalo.

Liam acordou imediatamente, esfregando a mão na área atingida e encarando-me totalmente confuso.

-Mas que po...

-Vai pro meu banheiro, o meu pai tá batendo na porta - Ordenei, totalmente impaciente.

Bastou que ele se levantasse de seu colchão para que eu o empurrasse para debaixo da minha cama, voltando para cima da mesma antes que a minha pressão me traísse novamente.

-Pronto - Disse, respirando fundo como forma de retomar o controle do meu corpo.

Meu pai adentrou em meu quarto. Ele estava sorrindo, o que deixou a situação ainda mais estranha para mim. O que ele estava fazendo em meu quarto com uma bandeja de café da manhã e completamente sorridente? Pelo histórico da nossa relação, aquela seria uma forma dele me convencer de que eu poderia confiar nele e assim assumir sobre voltar com as drogas. Eu negaria até a morte.

-Espera... você esqueceu? - Meu pai arqueou uma sobrancelha quando percebeu a minha confusão.

-Esqueci do quê? - Questionei, com o cenho franzido.

-Hoje é dia onze de junho... seu aniversário? - Meu pai disse com um sorriso de canto.

Com toda a agitação em minha vida, eu havia me esquecido totalmente sobre o meu aniversário. Naquele dia eu completava dezenove anos e aquela data não tinha a mesma magia do que as 18 anteriores.

-Ah, verdade - Tentei esboçar um sorriso que era barrado pela dor aguda em minha cabeça.

Sendo meu aniversário ou não, o meu pai se atentava a todos os detalhes. Qualquer sinal de desconforto ele já associava ao fato de eu estar me drogando. Não seria um erro supor isso, mas a sua desconfiança me irritava.

-Tá tudo bem? - Ele perguntou, se sentando na beirada da minha cama.

-Tá, só tô com dor de cabeça.

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