Toxic Love 2

23 - Eu cuido de você e você cuida de mim

Natan Scott

Tyler não havia mudado nem um pouco desde a última vez em que estivemos juntos. Ele seguia com o mesmo descontrole e uma irracionalidade tremenda que o impedia de enxergar um palmo em sua frente. Ele poderia considerar ameaçar o meu namorado... digo ex namorado, de morte como algo bravo e merecedor do meu respeito. Era o total oposto disso. Ver a como como ele mirava a arma e estava disposto a atirar apenas me confirmou de que ele era exatamente como a sua mãe. Tyler seria capaz de matar alguém se julgasse necessário, assim como a sua mãe o fez. A única coisa que os separava era o fato de que um foi capaz de concluir o que se propôs a fazer, mas o outro se limitou em ser impedido por outras pessoas. O que aconteceria se não chegássemos a tempo? Essa pergunta não conseguia ser retirada da minha cabeça. Até porquê, independentemente do que houvesse acontecido entre eu e Louis, eu ainda o amava e não queria que ele morresse. Eu o amava mais do que jamais amei Tyler. Pelo menos isso era o que eu me convencia todos os dias quando acordava.

Mesmo detestando o que ele tinha acabado de fazer, não me restou escolha a não ser ficar no mesmo hotel do que eles. Luke me convenceu disso, mas não foi bom o suficiente para me fazer acreditar que dormir no seu quarto e no de Tyler seria mais seguro. Ele pagou um quarto para mim e ali eu me deitei em completo choque. Naquele travesseiro vagabundo, eu encostava a minha cabeça enquanto encarava o girar do ventilador de teto sobre mim. Eu contemplava o caos que minha vida tinha se tornado desde o retorno de Tyler e, se ainda existisse alguma dúvida da minha decisão em deixá-lo, essas foram sanadas naquela mesma tarde.

Alguns romances até idolatram um amor que o consuma e o faça te fazer loucuras. Um romance que nunca padeça e que se mantenha totalmente vívido todos os dias. Isso não é o que acontece na vida real. Bem, você pode até ter um romance totalmente conturbado e intenso que te leve às alturas na mesma velocidade que te leva ao inferno, mas isso nunca deve durar. Um romance assim deve acontecer apenas durante a sua adolescência quando não se tem nada de fato com que se preocupar. Quando você se forma no colégio, é também uma ruptura com todos esses momentos que você tinha o "direito de viver". Tyler foi esse amor para mim, o amor que me consumiu por completo e extraiu de mim as melhores, e também as piores, sensações possíveis. Amar Tyler foi a maior aventura da minha vida. Eu me sentia vivo todos os dias em que estava ao seu lado. Mas isso não durou, isso não deve durar.

Diferente dele, Louis me trouxe a calmaria. Se estar com Tyler era como uma montanha russa, estar com Louis era um passeio em um dos prados de primavera. Caminharíamos, apreciaríamos a natureza e encerraríamos tudo isso com um piquenique que se estenderia até que pudéssemos ver a primeira estrela no céu. Louis era a calma em minha vida, o conforto de que o amanhã acontecerá e de que eu não devo me preocupar com ele.

Eu não acreditava que reflexões encarando um ventilador de teto em um hotel qualquer me traria reflexões tão profundas e com uma única resposta para todas elas. Uma única pessoa. Independente de tudo o que tinha acontecido, eu sabia exatamente o que fazer. E então eu sai do meu quarto e me escorei na grade do corredor. Saquei o celular do meu bolso e a chamada demorou um pouco além do normal para ser atendida.

-Oi - Louis respondeu.

-Oi... - Suspirei - Como você tá?

-Uma merda. Ele quebrou o meu nariz e rachou a lente do meu dente - Louis se engasgava nas palavras - Onde você tá?

-Vim pra um hotel...

-Você tá com ele?? - O nojo na voz de Louis era aparente.

-Não, eu peguei o meu dinheiro e vim pra um hotel no centro até... até a gente resolver as coisas entre a gente, se é que existe solução... Existe? - Eu sentia o meu coração escapando pela minha boca.