Toxic Love 2

5 - Hayley

Tyler Hills

Tudo estava como sempre. O escuro. A solidão. O frio. O medo. Todos estavam ali comigo. Cada um deles me atormentava em mais um pesadelo. Natan apareceu, clareando os meus arredores com os seus olhos de fogo. Porém, dessa vez, ele não estava irado. Natan não queria me machucar ou me aterrorizar. Ele me observava com os olhos caídos. Natan estava chateado. Ele estava magodo comigo e isso não tinha nenhuma ligação com os crimes da minha mãe. Natan encostou em mim, mas dessa vez não queimou. Natan não me queimou, ele se confortou em meu peito enquanto as suas costas arfavam em um suspiro longo. Natan chorava. Ele chorava desesperadamente.

-Por que você não vem atrás de mim? Por que você me abandonou? - Ele repetia várias e várias vezes enquanto se debatia em meu peito. Natan estava inconsolável.

Ele some. As lágrimas despejadas em meu peito me corroem até que elas conseguem atingir o meu coração. As suas lágrimas me matam. Natan me mata como em todos os 177 sonhos que tive com ele desde a minha partida. Desde a sua partida, essa era a 178° vez que eu acordava buscando desesperadamente por oxigênio.

-Tyler?! cê tá bem? - Liam se senta na minha cama, colocando a mão em minhas costas enquanto me observava.

-Mais um pesadelo... - Suspiro, sem querer alarmá-lo pela situação.

Não era mais um pesadelo. As falas de Natan ecoavam em minha cabeça sem parar. Sendo aquilo um sinal ou não, eu me encontrava ainda mais revigorado para o procurar. Naquele momento, ele me abastaceu com a energia que eu precisava para não parar enquanto não o achasse. Natan me deixou imbatível. Ele me fortaleceu.

-Você tá bem? Fiquei preocupado sobre ontem... - Liam dizia enquanto deslizava por meu quarto, juntando as suas coisas em sua mochila.

-Eu tô tranquilo. Relaxa... Por que cê tá juntando as suas coisas? - Questiono com a sobrancelha arqueada.

-Cê não colocou uma aliança no meu dedo eu vou procurar quem coloque... - Liam sorri, contentando-se com a breve risada que escapou dos meus lábios - Eu tenho que achar um lugar pra mim, né...

-Liam, meu quarto. Meu quarto, Liam. Pronto, tá ai o seu lugar para ficar - Sorrio convencido que havia achado uma resposta para o seu problema.

-Eu tô falando sério, cara. Eu já incomodei demais você e sua família, tá na hora de eu ir - Ele fechava o zíper da sua mochila.

Eu não queria que Liam partisse. Eu sabia exatamente o que isso significaria. No momento que ele colocasse os pés para fora da minha casa, eu voltaria para a minha cama. Eu voltaria para a minha cama por meses, sem reação. Liam foi o mais próximo que alcancei do conceito de amigo em tanto tempo e eu sabia que precisaria dele para manter a energia que Natan havia me dado.

-Liam, você não tem um emprego. Uma hora ou outra o dinheiro que você guardou vai acabar. Então senta que eu vou pegar o nosso café da manha - Ordeno, colocando uma bermuda que estava jogada no canto do quarto.

Liam titubeou, alternando a atenção entre mim e a porta. Ele se deu como vencido após alguns segundos, jogando-se contra o seu colchão em um suspiro abatido.

Os barulhos na cozinha me traziam boas lembranças. A água caindo sobre as panelas, a chaleira apitando e o liquidificador em um estrondo impiedoso. Tudo me relembrava os cafés da manhã preparados por minha mãe. Não precisávamos de um motivo e muito menos uma data comemorativa, todo dia era dia dela servir uma vasta mesa de café preparada com todo o seu coração. Nesses momentos, toda a raiva e rancor que consumiam o meu coração desapareciam. Por um mínimo segundo, mas desapareciam. Eu faria de tudo para ser como era antes.