8 - A Decisão Certa

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Tyler Hills

O tribunal se transformava em um enorme tumulto. Ninguém esperava que eu seria capaz de entregar a minha própria mãe para a polícia. Bem, nem eu esperava que seria capaz de algo como isso. O promotor do caso não conseguia esconder a sua felicidade, encarando o advogado da minha mãe como forma de provocá-lo. E então eu a vi. A minha mãe me encarava. Os seus olhos estavam presos em mim e, diferentemente do meu pai, ela não transmitia ódio em seu olhar. Algumas lágrimas escorriam, nada além disso. Nada além das suas lágrimas e um sorriso singelo em seu rosto.

-Eu te amo - Ela sussurrou, e só fui capaz de decifrar o que ela dizia pelo movimento dos seus lábios.

-Eu também te amo - Sussurrei e ela captou prontamente, acenando a cabeça com um sorriso largo em seu rosto.

Ser a decisão certa ou não não tornava aquilo nem um pouco mais fácil. Eu sentia o meu coração se espremendo dentro do meu peito a cada segundo que seguia olhando para a minha mãe. Eu não tinha outra escolha, e era justamente isso que tornava tudo tão complexo para mim. Talvez eu nunca mais encontrasse Natan em minha vida e, se o encontrasse, grandes chances dele se recusar a trocar mais do que algumas palavras comigo. Bem, isso não importava. Ele poderia seguir pela eternidade me detestando que eu nunca me arrependeria do que eu havia feito. Não era tarde demais para tentar fazer a coisa certa por ele. Fazer a coisa certa sem esperar que tudo voltasse a ser como antes. Porque, não, as coisas jamais voltariam a ser como eram.

O tumulto do tribunal foi deixado para trás e eu não podia evitar a sensação que me acometia. A sensação de que aquela havia sido a última vez que eu havia encontrado a minha mãe, pelo menos por um bom tempo. No momento em que sai pelas enormes portas, boa parte da cidade me encarava, totalmente confusos com as lágrimas que escorriam pelo meu rosto. Eles não me atacaram e nem mesmo impediram que eu passasse, apenas abriram caminho e seguiram me observando enquanto eu passava por todos eles.

Eu parei quando cheguei no estacionamento. Aquele era o único lugar sem uma alma viva que eu poderia respirar em paz. O único lugar em que dezenas de pares de olhos não estariam me encarando obsessivamente. Ali eu pude respirar fundo, pressionando os meus olhos enquanto mais algumas lágrimas escorriam. Eu havia decretado o fim da minha família.

-Tyler! - A voz de Liam apareceu a alguns metros de distância de mim.

Ele correu até mim, dando-me tempo suficiente para que eu conseguisse enxugar as minhas lágrimas em um suspiro.

-Você tá bem? - Ele segurou em meu ombro, procurando os meus olhos enquanto eu instia em desviar.

Eu tentei. Eu tentei mais de uma vez manter as minhas forças para não desmorar bem em frente a ele. Eu fracassei. Eu fracassei e cai em seus braços, encharcando a sua camisa com as lágrimas que escorriam pelos meus olhos, agora ainda mais rapidamente.

***

-Ele tá acordado? - Hayley sussurrou para Liam.

Já tinha se passado vinte minutos desde que havíamos chegado na cafeteria, e a única coisa que eu era capaz de fazer era me deitar sobre aquela mesa. Meu corpo ainda estava em colapso. Em completo e profundo colapso.

-Tá, ele resmungou tem uns cinco minutos que a gente tava falando alto demais - Liam sussurrou de volta.

-E se ele tiver dormido? A gente pode cutucar ele com o canudo pra ver o que acontece - Ela sugeriu.

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