Toxic Love 2

26 - Efeitos Colaterais

Natan Scott

Depois que Luke morreu em meus braços, tudo perdeu o sentido. Tyler me tirou do meio do mato e conseguimos uma carona para o hospital mais próximo. Mas eu estava em choque, eu estava incrédulo. Nenhuma palavra saia da minha boca e tudo o que eu sentia era um enorme mix de emoções que formavam um enorme vazio emocional que me consumia.

Quando Luke deu o seu último suspiro, eu tentei respirar por ele. Quando o seu coração bateu pela última vez, eu verdadeiramente desejava arrancar o meu próprio  e colocar em seu peito. Quando Luke morreu, eu estava disposto a morrer ao seu lado.

Não fazia sentido.

Por anos, eu apenas estava vivo por sua causa. Ele era a razão de eu acordar cada mínimo dia porque não queria destruir a felicidade mais genuína que já havia conhecido. Luke morreu, e por mais que eu repetisse isso para mim mesmo por milhões e milhões de vezes, eu simplesmente não conseguiria acreditar. Eu velejaria sozinho a partir daquele dia porque o espaço que ele assumiu em minha vida permanecerá vazio até que nos encontremos em qualquer que seja o destino que a morte nos reserva.

Eu fiquei preso a uma maca, realizando inúmeros exames e sendo totalmente incapaz de dormir por um único segundo. Tyler seguiu ao meu lado. Ele estava destruído, totalmente dilacerado, mas conseguia se manter firme por nós dois. Ele lidava com os médicos e assumia qualquer cuidado comigo. Ele se manteve ao meu lado quando eu estava em meu pior momento.

Eu o amava mais do que qualquer outra coisa que poderia existir no universo, e esse era o único motivo que me impedia de ter deitado ao lado de Luke e morrido ao seu lado. Mais uma vez, eu depositava a existência da minha vida na condição de não entristecer alguém com quem eu me preocupava. Dessa vez, eu sabia que seria a última.

Tyler Hills

Eu conseguia lidar com os meus próprios ferimentos ou a ocorrência de mais um
evento extremamente traumatizante em um curto espaço de tempo. Eu sobreviveria aos dias que passaria ao lado de Natan enquanto nenhuma palavra pudesse deixar a sua boca. Eu estremeceria e até mesmo arriscaria desmoronar quando de fato aceitasse que Luke estava morto e nada que eu fizesse iria mudar isso. Ok, eu lidaria com tudo isso e, por mais destruído que eu saísse, eu sobreviveria. Eu passaria por tudo isso, e eu de fato conseguiria. Mas uma coisa, uma única coisa seria capaz de me arrasar e me demolir com um sopro. Liam. Eu não estava pronto para perdê-lo. Eu não estava pronto para dizer adeus por mais que soubesse que não existia alternativa.

64 dias, 11 horas e alguns poucos minutos. Pouco mais de dois meses. Esse é o tempo que alguns relacionamentos duram, ou que algumas pessoas descobrem que estão grávidas. Para a gigantesca maioria, dois meses se passam diante os seus olhos sem que compreenda quanto tempo isso significa. Eu era uma dessas pessoas até conhecer Liam. Eu de fato deixei de ser uma dessas pessoas quando eu perdi a única amizade sincera que havia feito em toda a minha vida. Dois meses foram o suficiente para que eu soubesse que Liam não era meu amigo. Liam era o meu melhor amigo. Liam era o meu irmão. Liam era uma das pessoas mais importantes em toda a minha vida. Ele havia pedido e eu seria capaz de barganhar com o diabo para conseguí-lo de volta. Eu passaria anos e anos no inferno para pagar por seus pecados se com isso ele voltasse a respirar e voltasse a ser o meu melhor amigo. O meu irmão. Isso nunca seria possível e lidar com isso não era tão simples quanto aparentava.

Eu chorei por uma noite inteira ao lado de Natan. Eu desmoronei por algumas horas, isso era tudo o que eu poderia sentir antes de precisar me fechar totalmente para suportar o peso do meu sofrimento e o de Natan ao mesmo tempo. Eu me fecharia totalmente como estava há alguns meses.