29 - Luto

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Tyler Hills

-Você já sabe como funciona tudo. Eu preciso de um tempo pra mim - Fui breve assim que entramos no chalé.

A sua atmosfera abafada mas ao mesmo tempo congelante arrepiou os nossos corpos. Madison consentiu em silêncio, sentando-se na poltrona para que pudesse tirar os seus sapatos. Estávamos em silêncio um com o outro desde que saímos de Asheville. Talvez a presença do outro não fosse o que mais desejávamos naquele momento, mas com certeza era daquilo que precisávamos.

Eu tirei o meu moletom umedecido e catei um dos casacos de couro que estavam guardados no armário ao lado da porta de entrada. Não tardou para que eu já estivesse andando por entre as árvores, empurrando os galhos com o meu antebraço e procurando o lugar mais isolado possível. Eu já podia sentir as emoções subindo por minha garganta e, aos poucos, a ideia de que a minha mãe estava morto se manifestando em meu subconsciente. Por mais que eu desejasse não me tornar refém dos meus sentimentos, eu sabia que não conseguiria controlá-los por tanto tempo. Eu estava prestes a cair em minhas ruínas e assim eu fiz. Meus joelhos se chocaram contra as folhas que cobriam a terra. As lágrimas desciam descontroladamente pelo meu rosto e um grito denso se formava em minha garganta. O meu choro rangia e chegava a ser doloroso. A dor que eu sentia era indescritível e o meu grito de desespero era a maior prova disso.

A minha mãe estava morta. A minha mãe estava morta e eu não estava pronto para viver com isso. As minhas costas se arqueavam e os meus pulmões se preenchiam da imensa solidão que a minha vida havia se tornado. Eu não tinha nada e nem ninguém.

Essa dor jamais passaria e foi isso o que eu pensei. Todo o meu passado estava perdido. A minha mãe estava morta, o meu pai me queria morto e a minha irmã já não existia mais. O meu presente estava perdido. Natan havia me deixado, Luke estava morto e tudo o que me restava era Liam que certamente também me odiava nessa altura do campeonato. E o futuro... O meu futuro seria a lacuna de tempo que separava a minha vida da minha morte que eu desejava desesperadamente que fosse o mais rápida possível.

Em um estalo, eu sentia todas as minhas emoções se reprimindo e o meu lado racional assumindo o controle de toda aquela bagunça. Eu me recompunha e me guiava até o chalé, tentando restabelecer o ritmo da minha respiração aos poucos. Os meus cabelos se umedeciam com a chuva e os meus sapatos se lambuzavam com a terra molhada em meus pés. Eu voltava para o interior aconchegante como se estivesse voltado da guerra. Madison me esperava na cozinha, ela se confortava em algumas roupas minhas que havia encontrado sobre a minha cama.

-Qual necessariamente é o seu plano? - Ela me perguntou assim que escutou os meus passos se aproximando.

-Eu vou fugir.

-Pra onde? Como?

Eu me aproximei dela, suspirando.

-O melhor jeito vai ser pegar um ônibus até a fronteira do Canadá. Depois eu procuro o primeiro aeroporto que eu encontrar e fujo pra Inglaterra.

-E que horas vamos sair daqui? - Madison me questionava.

-Vamos? - Arqueei uma sobrancelha. Levar Madison não estava em meus planos. Isso sequer fazia sentido - Eu vou sozinho, Madison.

-Eu sei exatamente pra onde você vai, Tyler. A casa da sua família. E primeiro que eu realmente me importo com você, mesmo que eu tenha tido algumas atitudes duvidosas no passado. Segundo que eu preciso estar com o Thomaz, tem meses que eu nem sequer consigo falar com ele. Eu estou preocupada.

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