24 - Luke e Liam

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Luke Andrews

Aquele era o meu quinto banho no mesmo dia. Era o único ambiente que eu me sentia bem e livre para desabar. Qualquer outro implicaria que alguém me encontrasse e me enchesse com perguntas que eu, definitivamente, não estava disposto a responder. Quando eu tive a ideia de cruzar o país atrás de Natan jamais imaginaria que, no meio disso tudo, acabaria me apaixonando por um cara. Eu estava totalmente apaixonado por Liam e apenas a possibilidade, praticamente certa, de que ele era hétero e me rejeitaria como se eu fosse uma espécie de inseto nojento já reprimia qualquer coragem de abrir meus sentimentos.

Talvez doeria menos abrir o jogo, saber que ao menos eu tentei. Eu sofreria menos se soubesse que ao menos eu tentei que déssemos certo. Que ao menos eu tive coragem de assumir o que eu sentia, independentemente das consequências. Sim, doeria menos. Doeria menos se isso não é implicasse em Liam se afastando de mim. Eu não poderia contar com essa sorte. Eu não poderia arriscar perder a sua amizade e, se o preço de mantê-la fosse ignorar tudo o que eu estava sentindo, tudo bem, eu pagaria sem pensar duas vezes.

Mais de dez minutos da água quente escorrendo por minha pele era o suficiente para que eu já não mais percebesse que as lágrimas haviam cessado. Esse era o sinal para que eu saísse do chuveiro. Com a tolha amarrada em minha cintura, eu abri a porta do nosso quarto. Tyler não mais estava lá e eu desejava com todas as minhas forças que ele estivesse no quarto ao lado. Afinal, pelo menos um de nós merecia ser feliz.

Liam. Liam. Liam. Liam. Ele não saia da minha cabeça. Os seus lábios rosados não saiam da minha cabeça. O seu cabelo perfeitamente desarrumado não saia da minha cabeça. Eu não poderia parar de pensar nele por um segundo que fosse e, quando avistei o bloco de notas sobre a cômoda, a ideia perfeita veio em minha cabeça. Desde pequeno, quando minha mãe percebeu que eu era extremamente fechado quando se tratava dos meus sentimentos, ela me aconselhou a escrever tudo em uma folha de papel, mesmo que a jogasse fora em seguida. Ela dizia que isso ajudaria a desabafar e eu pelo menos poderia descarregar o peso que aquilo tinha sobre mim.

Até mesmo para escrever o que eu sentia em uma folha de papel eu precisei de alguns segundos lidando com o ritmo descordenado da minha respiração. Bastou que a caneta deslizasse pelo papel para que ela não parasse mais. Algumas folhas foram necessárias e então, eu já podia sentir tudo o que eu sentia se aliviando. Era como poder desabafar simplesmente tudo o que eu estava sentindo. Era uma sensação única.

-OU! - Liam invadiu o quarto em um estrondo que quase quebrou a minha porta.

Eu saltei na cama, escondendo o bloco de notas embaixo do travesseiro. Liam notou, surgindo um sorriso desafiador em seu rosto logo em seguida.

-O que você tá escondendo de mim - Ele se aproximou e eu fui obrigado a colocar o máximo de peso possível em cima do travesseiro - Porra, eu quero ver! - Liam se jogou sobre a minha cama, tentando puxar o travesseiro das minhas costas.

-Para! - Eu pedia, tentando conter as risadas enquanto esquivava de suas mãos curiosas. Liam não desistia.

-Anda, vai! - Eu poderia ser mais forte do que ele, mas Liam era extremamente mais ágil do que eu. Era questão de tempo até que ele conseguisse puxar o travesseiro de minhas mãos.

Então eu me joguei sobre ele, prendendo o seu corpo com a força do meu até que conseguisse imobilizá-lo. Liam gargalhava como uma criança, ignorando a força das minhas pernas sobre ele.

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