Cap.01- Milani

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Luíza

Me chamo Luíza Milani, sou brasileira, mas faz exatamente cinco anos que moro em Nova York. Desde que tudo aconteceu, minha vida virou literalmente de cabeça para baixo.

Eu fui criada por minha avó, ela é minha maior referência. Minha mãe morreu no parto, não tenho irmãos e não conheci meu pai. As coisas que sei da minha mãe, minha avó Maria que me contava, inclusive fazia questão de deixar claro o quanto ela me queria mesmo tendo sido abandonada pelo meu progenitor. Minha avó dizia que minha mãe era sorridente, carinhosa e que daria a vida por mim. Como deu.

Quando eu tinha 17 anos vovó Maria faleceu de câncer, fiquei desorientada, sozinha. Sorte, que Deus me presenteou com minha melhor amiga que se chama Emma, para eu poder contar. O velório e enterro, foram os momentos mais tristes da minha vida. Me senti perdida, sozinha, sem saber o que fazer. Graças a Tia Amália, mãe da Emma, eu consegui permanecer na casa em que cresci com vovó até completar 18 anos e assim que terminei os estudos, passei a pensar no que fazer. Nesse meio tempo aconteceram coisas que acabaram comigo, coisas que tento esquecer todos os dias, porque me deixam com sentimentos ruins e eu não sou assim.

Já passei por muito e sei que ficar pelos cantos, não é o melhor remédio. Não quero que minhas crises voltem!

Aos 19 anos resolvi que precisava ir embora do Brasil, precisava me sentir livre, respirar novos ares — fugir do meu passado também — Pesquisando e pensando muito, tive a ideia de vender a casa que cresci e assim ir embora para Nova York, para fazer faculdade, cursos e também conhecer uma nova cultura. A Emma embarcou nessa comigo sem pensar duas vezes. Tia Amália, apesar de preocupada, nos deu todo apoio para seguirmos nosso caminho e hoje estou aqui.

No começo foi bem difícil. Lugar diferente, pessoas com costumes diferentes andando para todo lado, ocupadas ou se divertindo e o idioma que só tínhamos o básico, o que no início foi engraçado e nos rendeu alguns micos e risadas. Hoje, depois do curso e do fato de termos estudado aqui, falamos Inglês fluentemente. Claro que ainda existe nosso sotaque de vez em quando, mas fora isso, parecemos nativas.

Me considero uma mulher forte apesar de tudo, porém ainda sim, cheia de medos e traumas. As únicas pessoas que sabem pelo que já passei nessa vida, são a Tia Amália, Emma e o Adam, que veio para completar esse trio ternura da amizade. Juntos somos uma rede forte de apoio e amizade mais que sincera. Meus amigos são tudo para mim!

Sou formada em administração de empresas, tenho conhecimento sobre investimentos e além do inglês, falo espanhol, italiano e claro, português, que é minha língua materna. Meu currículo é muito bom, eu sei que é, porém no momento estou procurando um emprego que possa usar nem que seja minimamente, tudo que sei e aprendi nos anos de faculdade.

Eu trabalhava desde a época que estudava numa lanchonete de Fast Food, entre os estágios que tinha que fazer para cumprir a carga horária e adquirir experiência. Você pode estar pensando: "e porque não permaneceu em algum dos lugares que estagiava Luíza?", porque não eram lugares que me fariam crescer como profissional e porque o último teve o contrato exato de um estágio probatório. Então quando me formei continuei na lanchonete na esperança de trabalhar na minha área, mas depois de muita conversa e insistência dos meus amigos, resolvi sair da lanchonete para me dedicar a procurar um emprego onde consiga usufruir de tudo que aprendi e de quebra possa crescer no que estudei pra ser.

Divido apartamento com minha melhor amiga, Emma — na verdade dividimos desde o segundo semestre da faculdade, quando decidimos sair dos dormitórios — nos conhecemos desde crianças, éramos vizinhas, estudávamos na mesma escola e quando resolvi mudar de ares, sair para esquecer tudo que aconteceu, ela não pensou nem duas vezes, em mergulhar de cabeça nessa "loucura" que já dura cinco anos. Ela trabalha em uma revista, onde é fotógrafa, nunca vi alguém gostar tanto da arte como Emma. Para mim, ela é a melhor! Minha amiga sem dúvidas é a irmã que não tive, temos uma conexão surreal, sempre nos ajudamos, damos força quando necessário e também alguns puxões de orelha.

Nosso cantinho é um AP com dois quartos, sendo um deles suíte — que sim, é o meu kkk — um banheiro, sala com uma pequena sacada e cozinha americana. Conseguimos comprá-lo com o que sobrou da venda da casa que cresci, junto com ajuda da mãe da Emma. O dinheiro que a vovó deixou para mim, preferimos guardar para ir usando nas necessidades que viéssemos a ter. Não é nada muito grandioso, mas fica em um lugar seguro, tem elevador e foi o que conseguimos pagar com nosso esforço. Tenho orgulho de termos nosso cantinho, ele tem nossa cara, fotos nossas em preto e branco tiradas por Emma, penduradas no corredor dos quartos, uma mesinha que fica atrás do nosso sofá em L, um tapete fofinho com um centro rosa bebê e pernas douradas, é tudo nossa cara, a mistura de Emma e Luíza. Nos viramos bem para manter as contas em dia.

Ah, ia esquecendo de explicar como conhecemos o nosso amigo e vizinho de porta — ele passa mais tempo aqui, do que na própria casa — Adam, ele é um amor, nos conhecemos assim que nos mudamos para cá, daí em diante nunca mais nos deixamos. Sempre que ele pode, se junta a gente para bater papo, ver um filme e se juntar com Emma para me levar para a balada. Eu não sou a pessoa que vive em festas, nunca fui, sempre fui focada para conquistar meus objetivos, deixando a diversão sempre para depois. Mas a história toda não é bem essa.

Neste exato momento, estou de moletom rosa, um shortinho da mesma cor, com um coque bagunçado no cabelo, sentada no sofá em L da minha sala, de frente para a televisão com o notebook aberto procurando vagas de emprego em qualquer lugar que eu possa usar minimamente meus conhecimentos, quando de repente o furacão Emma adentra pela porta:

—Boa Noite Luluzinha meu amoor, e aí como anda a procura?

—Ah Emma, estou desde o começo da tarde aqui e nada. Sinceramente, já está até me desanimando. Eu deixei de servir mesas, de ajudar em casa, para conseguir algo melhor, mas cada vez parece que fica mais difícil.

—Para com isso Lulu, as coisas vão acontecer, você vai achar um emprego. Mas agora, estou com fome. Pizza??

—Tudo bem! Pede para mim, amiga, a minha favorita, esquece não. Vou parar aqui por hoje, amanhã é um novo dia e aí eu procuro mais — falo dando fechando o meu notebook.

—Certo, Luíza comilona!

Após a pizza chegar, nós duas comemos assistindo TV, conversando e depois cada uma foi para o seu devido quarto. Tomei um banho relaxante para aliviar a tensão e me joguei de lingerie mesmo, na cama. Fiquei pensando na minha vida no Brasil, nas coisas que vivi que às vezes atormentam minha cabeça, me trazem sentimentos ruins. Fecho os olhos com força e foco no meu objetivo.

—Amanhã eu vou arrumar um emprego ou não me chamo Luíza Milani!

Com esse pensamento, eu acabo pegando no sono, rezando para que amanhã as coisas melhorem.

Ajudem a história a crescer e me deem o incentivo votando e comentando!

Meu CEO DominadorOnde histórias criam vida. Descubra agora