Cap.13 - Conhecendo II

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Luíza

É chagado o momento, já estou tremendo por dentro, mas eu preciso falar. Não posso começar nenhum tipo de relação escondendo coisas assim do Lucca.

—Vamos lá Bella, pode falar, mas se sinta pressionada. Fale apenas se estiver confortável — ele fala atencioso.

—Não Lucca, eu quero falar. Preciso falar, na verdade — ele balança a cabeça em concordância e espera pacientemente que eu comece a falar — São duas histórias, a que me fez querer sair do Brasil assim que pude e a que me fez.... Enfim. Quando minha Avó morreu, eu tinha acabado de fazer 16 anos, morávamos numa cidade pequena do Rio de Janeiro, todo mundo se conhecia e como sabiam que eu havia ficado totalmente sozinha as pessoas da minha rua se revezava para "cuidar" de mim — faço aspas com as mãos, porque quem ficou com minha tutela mesmo foi a mãe da Emma — não haviam outros parentes e não queria terminar em um lar adotivo. Tia Amália é quem realmente cuidava de mim, mas ela tinha a Emma, o marido dela, trabalho, essas coisas e nem sempre eu queria ficar na casa dela. Eu gostava da sensação de estar na casa que nasci, o cheiro, as recordações. Então... meu vizinho Guilherme, filho do seu José que também era meu vizinho de vez em quando ia lá ficar comigo. Ele era mais velho que eu cinco anos, trabalhava, era responsável, então o tinha como um irmão mais velho mesmo. Ele me levava chocolate, via filmes comigo, cuidava de mim, bom.... Pelo menos era isso que eu achava — nessa hora me afasto do Lucca, sentando em uma poltrona mais afastada, com as pernas encolhidas, mantendo o olhar em um ponto fixo da parede. Não quero olha-lo agora.

— Apesar de ter 16 anos, eu era muito moleca, gostava de jogar vídeo game, subir em árvores com a Emma, nem pensava em namorar. Claro que já havia dado meu primeiro beijinho, mas nada de mais, esse não era o meu foco. O Guilherme começou a ir lá para casa de tarde ou a noite com mais frequência quando eu cismava de não ficar na casa da Emma. O cheirinho de lar, as lembranças da minha avó... — fecho os olhos com força antes de continuar falando — E - eu, confiava nele, juro Lucca! Não via maldade. Um dia peguei ele me olhando trocar de roupa pela brecha da porta, briguei com ele e o mesmo disse que foi sem querer, que me via como sua irmãzinha, que ele nunca faria algo assim então eu só acreditei deixando pra lá — puxo o ar para seguir com a história — Em uma das noite que ele foi dormir lá em casa, eu estava bastante cansada por conta da época de provas da escola, dei boa noite a ele avisando que já ia dormir, ele disse que podia ir tranquila porque estaria cuidando de mim e ia dormir no sofá da sala em vez do outro quarto da casa, já que queria ver filmes — a cara do Lucca era indecifrável e ainda nem tinha terminado toda história. Começo a apertar meus dedos com força, nervosa, com medo de ter uma crise de ansiedade. Ele levanta vindo em minha direção pegando na minha mão, alisando-a com carinho e se agachando ao lado da poltrona.

—Nessa noite fui dormir me sentindo segura, afinal tinha alguém que eu tinha como irmão ali para me proteger — dou uma pausa — Quando estava dormindo comecei a sentir algo na minha perna, eu só me mexia, achando ser algum besouro, eu só... Eu só queria dormir! — Nessa hora começo a chorar silenciosamente — A coisa não parou de tocar na minha perna, estava me incomodando. Quando abri os olhos... me assustei com o que vi. Era ele... estava ao meu lado, parado em quanto segurava o pênis, esfregando na minha perna. Ele tapou minha boca com as mãos para que não gritasse. Entrei em desespero — dou uma pequena pausa — Eu me remexia desesperada, queria sair daquela situação urgentemente, mas parecia que ele se excitava ainda mais com o meu desespero. Ele subiu sobre mim, passando a mão que estava livre pelo meu corpo todo, me beijando e esfregando aquele troço dele por cima da minha calcinha... E - el- ele... ia rasgar minha calcinha Lucca, ele ia! — Começo a soluçar não contendo mais o desespero que essa história me traz — Então consegui morder a mão dele em uma distração e comecei a gritar por socorro. Ele deu um tapa no meu rosto mandando que ficasse quieta, mas eu gritava mais alto ainda. Quando gritei, tive esperanças de que nada aconteceria porque a casa da Emma era grudada com a minha, mas ele me bateu com mais força e tapou minha boca novamente. Fechei os olhos esperando ele fazer o que queria comigo, aceitando que não tinha jeito, mas Tia Amália junto com o Tio Vitor escutaram meus gritos e correram lá para casa. Tia Amália tinha minha tutela, então tinha acesso total a casa que era da minha avó. Ela chamou a polícia em quanto Tio Vitor mantia o Guilherme imobilizado e longe de mim. Ele foi preso em flagrante e condenado. Mesmo assim, as pessoas falavam de mim, me apontavam como a pobre garota que por pouco não foi estuprada pelo vizinho. Eu me Sentia... M - me sinto suja! Sempre que lembro, sinto nojo! Esse foi o maior motivo para vir para cá. Eu queria superar tudo aquilo, queria esquecer as pessoas me olhando com pena ou cochichando pelos cantos — as lágrimas seguem caindo pelo meu rosto.

— Não sei nem o que te dizer Luíza. Você era uma Menina, só queria ser protegida, amada, cuidada. Que raiva desse infeliz! Mas... olhe para você hoje. Uma mulher feita, linda, independente, estudou como queria, tem o próprio apartamento, tem uma amiga que é como irmã. Você é forte Luíza!

—Obrigado Lucca! Eu nem sabia que precisava contar isso tudo a alguém sem ser os meus amigos, até contar para você. Pensar que só tomei essa decisão por conta deles — sorrio de lado. Meus amigos são incríveis.

— Continuando... — ele volta para o sofá de antes em quanto permaneço na poltrona, ele mais uma vez estava respeitando meu espaço — Aos 19 anos, vim para cá junto com a Emma. No meu segundo semestre da faculdade conheci o Jhon. Ele era carinhoso, atencioso, romântico e todas essas coisas que fazem as mulheres caírem de amores — nessa hora fiz cara de tédio e Lucca uma careta — começamos a namorar, tudo parecia bem ou era o que eu achava. No quinto mês de namoro, ele começou a me pressionar bastante para transar... eu não me sentia pronta, nem sentia vontade. Ele começou a dizer que eu era frigida, que não era normal não querer fazer sexo com meu próprio namorado e a burra aqui, caiu na dele — sorrio amarga.

—Para resumir.... Foi num quarto de dormitório, sem nenhum carinho, preocupação ou preparação. Ele... aaam... só vestiu a camisinha e entrou com violência em mim. Não que ele fosse grandes coisas, mas era minha primeira vez e a única coisa que eu senti foi dor, muita dor, seguida de muita tristeza e arrependimento — essa é outra coisa que me corrói por dentro — Após esse dia, sumi da vida dele, evitava os mesmos ambientes, rejeitava ligações ou qualquer contato que ele quisesse fazer comigo. Eu perdi de vez a fé nos homens — sorrio fraco Passei a vê-los como egoístas que só pensam no próprio prazer e que diminuem as mulheres. Já havia me livrado de certa forma do tormento que houve na minha adolescência, confiei em um homem, acreditei no que ele falava e entreguei a ele algo que para mim, era especial. O Jhon foi o primeiro e o último. Nunca me senti cuidada, nunca senti prazer, nunca me senti desejada Lucca — ele me olha com ternura e algo mais que não entendo.

Se levanta vindo na minha direção, enxuga minhas lágrimas e me abraça forte.

—Você vai sentir prazer Luíza, vai se sentir desejada e mais ainda, vai sentir que pertence a algo maior. Você merece ter voz, merece saber que suas vontades são sim importantes.

Continua....


Capítulo cheio de revelações! Vocês imaginavam que essa era a história da Luíza?

LEMBRANDO GALERA, O QUE ACONTECEU COM A LUÍZA NOS DOIS CASOS, ACONTECE TODOS OS DIAS, POR PESSOAS PRÓXIMAS E DESCONHECIDAS. ABUSO SEXUAL E PSICOLÓGICO É CRIME!!!

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Meu CEO DominadorOnde histórias criam vida. Descubra agora