Os dedos começaram a apodrecer. Ficaram cinzas e murchos, como se tivessem sido sugados pelos vermes durante meses a fio. Apareciam buracos de ferida que fediam enxofre. A fumaça do Barão causava isso. Eu não imaginava. A podridão subia meu braço lentamente. "Merda!" Meu rosto não desmerece o desespero, tão pouco as ações.
— JULGUE-ME, TRONO! — O anel celestial envolveu meu cotovelo, mas se desfez no mesmo momento.
"Tronos não vai me julgar, pois ele me acha um ser puro..." Era uma condicionante que nunca havia me dado dor de cabeça, até agora. Puxei meu braço com toda força. — AAAAAAAAAAAAAAH!
— HAHAHAHAHA! ISSO, CARALHO! LUTE CONTRA SI MESMO! TENTE CONVENCER SEU CÉREBRO DE QUE ESTÁ MORRENDO!
Não dava... Eu não conseguia puxar meu corpo a ponto de destruí-lo sem que meu cérebro diminuísse minha força. A magia começava a consumir meu ombro. — Para! PARA! — supliquei ao Barão. Só que ele ignorou os pedidos. Havia diversão demais em me ver morrer.
— Sempre ficou refém do seu próprio poder, Heliel. Foi protegido demais das dores do mundo. Esse é o preço que se paga.
Meu peito. O coração batia com dificuldade. Conseguia sentir um certo líquido gosmento pulsar de dentro dele. O pulmão não conseguia mais puxar ar. Os órgãos faleceram sem minha total percepção. Não conseguia engolir saliva, falar, respirar, ou ver.
Era isso? Era isso que eu merecia? Havia lutado tanto para chegar até ali... No fim, não consegui proteger o legado da mamãe.
Sentia o vento preencher as entradas do meu corpo pútrido. Comecei a cair.
— Só falta você agora, Roma. — Foi a última coisa que ouvi dele.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Deuses de Sangue [VENCEDOR WATTYS 2022]
FantasyCampeão do The Wattys - Carta Coringa e Gancho mais cativante Roma testemunhou o brutal assassinato do irmão, o mago mais poderoso do Rio de Janeiro. Sem o paradeiro do real assassino, e apelo popular. Ela foi condenada ao crime cometido contra o pr...