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Eva


~ ANOS ANTES ~

 Continuávamos com nossa rotina com a clinica móvel, mesma rota, as vezes atendíamos as mesmas pessoas entregando alguns medicamentos, as vezes de uso continuo para algum tratamento, mas nesse mundo em caos pessoas boas muitas vezes só se fodem...

 – Vou fazer minha patrulha. – Disse enquanto amarrava o cadarço do meu coturno.

– Não se afaste muito, ainda mais sozinha. – Meu pai analisava o mapa, estava sendo cada vez mais difícil continuar na nossa rota e evitar saqueadores e malucos ao mesmo tempo.

 – Não estou sozinha. – Sorri pegando meu taco. 

 Sai da clinica móvel começando a me afastar, estava apenas a alguns metros quando ouvi o som característico de folhas secas sendo quebradas por passos.

 – LARGUEM AS ARMAS! LARGUEM AS ARMAS! EU NÃO QUERO ATIRAR NELE, MAS ATIRO! – Ouvi um homem gritar.

– Merda...

 Corri de volta ao acampamento, atrás de uma árvore pude ver um homem apontando uma arma pequena para o meu pai que tentava acalmar ele com as mãos erguidas.

 Me aproximei lentamente segurando firme meu taco, esse filha da puta já estava na minha mira.

 – Não! não! 

 Acertei um golpe em cheio na cabeça do homem que caiu desacordado.

 – Não precisava disso. – Meu pai se aproximou encarando a mim e logo ao cara.

 – Melhor prevenir do que remediar. – Dei de ombros ainda segurando o bastão.

 Ele me olhou com reprovação me fazendo revirar os olhos. O ajudei a erguer o homem e levá-lo para dentro. Algemamos uma de suas mãos quando o sentamos na cadeira.

 – Ele parece desidratado, deve estar com insolação.

 – Ele deve ser maluco. – Peguei a arma dele vendo que não havia se quer uma bala. – Quem tenta roubar uma clinica móvel que só tem médicos com uma arma descarregada?

 – Alguém desesperado... Me ajude com os curativos dele, vou preparar algo para ele comer quando acordar, pelo seu estado não deve comer uma refeição decente a dias.

– Tá.

 Peguei uma bolsa de soro, agulha e um garrote. Ergui a manga do seu casaco, assim que apertei o garrote no seu braço a veia saltou. Ele estava magro e com olheiras gigantes, barba por fazer e cabelo curto.

– Idiota... – Revirei os olhos furando sua veia com a agulha.

 Limpei o sangue atrás da sua cabeça devido a pancada e apertei um pouco a bolsa de soro confirmando que estava indo para a sua veia.

 Fiquei o observando um tempinho. Ele não estava sujo, estava podre. Me levantei pegando uma vasilha de metal colocando água e um pano.

 – O que vai fazer? – Perguntou meu pai erguendo uma sobrancelha.

 – Higiene. – Dei de ombros o vendo sorrir o que me fez revirar os olhos. – Não porque me importo com esse idiota, mas ele esta fedendo mais que os mortos lá fora.

  Me sentei no braço da cadeira molhando o pano e começando a passar em sua testa, lavava o pano, torcia e passava novamente em algum lugar do seu rosto até ter tirado as manchas que sujavam sua pele.

 "Até que por baixo das camadas de sujeira tem um rosto bonito..."

 Me afastei jogando a água que estava preta na pia, já estava me virando quando ouvi o som metálico das algemas, ele estava acordando.

The King & The QueenOnde histórias criam vida. Descubra agora