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Eva

Eu já estava em Alexandria a dois dias, nessa cela, eu me perguntava o que Negan estaria fazendo nesse momento, no que Rick pretendia fazer me tendo como refém, o que eu mais tinha nesse momento era tempo para pensar.

A porta se abriu e Carl entrou com o que seria meu almoço, um prato com um sanduíche e um  copo de água ou suco em uma bandeja.

– Almoço. – Disse deslizando pelo vão das grades, me aproximando comecei a comer, estava faminta. – Um obrigado seria bom.

Ergui os olhos usando a mão para limpar a minha boca o mostrando o dedo do meio o vendo soltar um riso nasal. Carl me observava como se quisesse me dizer algo.

– O que?  – O encarei com uma sobrancelha arqueada

– Não entendo porque você casou com ele.

– Ninguém conhece ele como eu... – Parei de comer por um momento. – Ele pode ser duro com nossos inimigos e subordinados, mas vivemos em um mundo duro garoto, ou você é a bota que pisa no verme ou o verme que é pisado pela bota.

– Viver nesse mundo não é desculpa para ser cruel com os outros. Todos passamos por problemas.

– Você não entende garoto, não sabe o que é ficar sozinho no mundo, ver quem cuidou de você a vida inteira ser torturado e morto na sua frente... O Negan é tudo que eu tenho no mundo, só temos um ao outro, salvamos pessoas e criamos nosso Santuario, não vou dizer que não somos rígidos, sei que somos, mas é necessário rigidez para não se ter caos.

– Era necessário matar nossos amigos?

– Pense comigo... – Fiquei de pé ficando a frente dele até onde as barras me permitiam. – Se tivéssemos invadido Alexandria durante a noite, matado seus amigos covardemente enquanto dormiam e roubado suas armas, vocês não revidariam? Não iriam atrás de nós?

Carl me encarou por um tempo, no fundo ele sabia que eu estava certo, duvido que tenham chegado até aqui sendo piedosos com seus inimigos. Mas ele não deu o braço a torcer apenas saiu batendo a porta ao passar. Voltei para a cama de concreto comendo meu almoço.

Mais um longo dia se passou, mais uma vez o sol entrou e saiu da minha cela. A pior parte de estar aqui era ser atormentada pelos meus pensamentos, me sentir impotente, lembrar de tudo que eu queria esquecer.

Sentia falta do Negan...

Deitada eu ouvi a porta abrir e logo Daryl entrou com sua besta.

– O mundo não da voltas, ele capota né?  – Ri apenas com a cabeça virada em sua direção.  – Veio se vangloriar por não estar no meu lugar?

  – Não, a Maggie me disse o que falou sobre a Rosita.  – Revirei os olhos virando a cabeça para olhar o teto.  – Você fez aquilo ou o Negan fez?

O olhei ficando de pé me aproximando até conseguir segurar as grades enquanto o olhava nos olhos.

  – Eu fiz, com as minhas próprias mãos e aproveitei cada segundo, os gritos daquela vadia eram música para os meus ouvidos... Não me arrependo de nada.

– Não achei que você fosse igual o Negan, mas me enganei.

– Ela mereceu...Acha que eu sou como o Negan? Eu posso ser muito pior. – Grunhi entredentes.

– Ela mereceu por tentar matar o cara que matou nosso amigo a sangue frio?

– Se fosse apenas isso eu deixaria passar. Deixaria ficar pela morte do cara que Arat matou. Mas ela levou algo incomensurável de mim, eu perdi meu bebê por culpa dela.

– ... – Daryl me olhava em silêncio.

– Então sim, eu torturei ela, arranquei cada parte do corpo dela a mantendo viva para ouvir seus gritos de dor, fiz tudo isso, mas eu garanto que ela não sentiu nem 1% da dor que me causou.  – Eu senti meus olhos se encherem d'água enquanto eu falava.

Ainda em silêncio ele saiu me deixando sozinha.

Toda a dor que eu tentei evitar voltou pra mim com força. Gritei a plenos pulmões batendo nas grades as chutando descontando toda a minha raiva naquelas grades e paredes.

Meu peito doía como se meu coração fosse parar, minhas mãos já estavam ensanguentadas pelos socos na parede. Eu simplesmente desabei caindo de joelhos aos prantos.

Me faltava ar, parecia fugir de mim, e minha mente reprisava um dos piores momentos da minha vida, todo aquele sangue escorrendo dentre as minhas pernas, saber que eu jamais veria o rostinho do meu bebê ou tocaria seu rosto... Tudo apenas começou a ficar escuro.

Daryl

Estava subindo o último degrau ouvi gritos que fizeram um arrepio percorrer a minha espinha, voltei correndo até a cela encontrando Eva inconsciente, havia sangue no chão, nas paredes e cobrindo as suas mãos.

  – Merda.

Abri a cela as pressas a pegando no colo, precisava levar ela até a enfermaria. Sidiqq começou a examinar ela enquanto eu algemava um dos seus pulsos na cama.

– O coração dela está acelerado. Provavelmente foi uma crise de pânico. – Disse se afastando e voltando com faixas.

– Ou um plano para fugir.

– Se eu fosse fugir não socaria as paredes dessa forma. – Ele segurou uma de suas mãos me mostrando que estavam quase em carne viva. – Ela teve muita sorte de não ter quebrado os dedos.

Observei em silêncio Siddiq fazendo os curativos em suas mãos, colocou Eva no soro com um remédio para a dor e me deixou sozinho com ela. Não vou bobear e dar a chance dela fugir. Puxei uma cadeira me sentando ao lado da cama.

O que ela havia me dito na cela sobre ter tido um aborto ecoava na minha cabeça, como se fosse da minha conta...

Já havia passado quase 2 horas quando Eva começou a se mexer na cama. Abrindo os olhos lentamente.

– Negan...  – Sussurrou parecendo não estar totalmente consciente ainda.

– Você está em Alexandria, Eva. O Negan não está aqui. Te encontrei desmaiada na cela.

  –  Quero ir pra casa...  – Eva voltou a fechar os olhos.  – Quero meu marido... Meu bebê...

Fiquei de pé colocando a mão em sua testa percebendo que estava quente, provavelmente estava delirando pela febre. Me virei para ir chamar Sidiqq, mas ela tentou segurar minha mão de forma desajeitada por estar com faixas.

– Vou chamar o médico, você está com febre.

– Trocamos nossos votos em cima de uma árvore... – Disse com os olhos fechados. – Tinham zumbis comendo um cervo logo embaixo de nós... prometemos nos amar para sempre... protegemos um ao outro... ele me salvou... me salvou. Ele não  sabia que eu estava grávida quando viemos pra cá, não sabia que eu estava grávida quando levei aquele tiro, só soube quando ele se foi...

Eva fechou os olhos lentamente, voltei a colocar a mão em sua testa e ela não estava tão quente para alucinar, provavelmente seja efeito dos analgésicos.

– Eu lamento pelo seu bebê...  – Sussurrei quebrando o silêncio.

The King & The QueenOnde histórias criam vida. Descubra agora