The King & The Queen

38

Negan

O grupo nos deu roupas secas. Eva dormia na cama de uma forma como não a via em meses, o pequena Luci também dormia em um berço improvisado com um caixote de madeira e lençóis. Fechei a porta do quarto indo a sala onde o grupo estava.

— Olha eu queria agradecer por ter nos dado abrigo em um momento tão crítico. — Disse coçando a nuca.

— Tudo bem, podem ficar o tempo que quiserem. Não vamos colocar uma mulher que acabou de dar a luz para fora. Além disso, você nos ajudou a manter esse lugar, então são bem vindos. A propósito, me chamo Will. — Falou o cara que eu achei ser o líder.

— Sou Peter.

— Helena.

— Rita. Você conhece minha mãe Nanny. — Apontou para a senhora que havia feito o parto de Eva.

— Sim, devo muito a você. Eu me chamo Negan.

— Por precaução vamos ficar todos nesse apartamento hoje. Amanhã vamos reforçar o lugar. Negan, pode ficar com o quarto para você e a sua família, vamos nos acomodar aqui.

— Obrigado. — Assenti.

Voltei ao quarto sentindo uma sensação que não sentia a muito tempo, segurança. Me aproximei do berço improvisado, Luci dormia um sono tranquilo e profundo, do tipo que se tem quando não existe a menor das preocupações, coloquei o dedo indicador próximo ao seu nariz sentindo sua respiração.

Fui até a cama me deitando com cuidado ao lado de Eva para não acorda-la, mas não adiantou já que ela acordou assustada.

— Tá tudo bem, tudo bem. — Sussurrei a tranquilizando ao mesmo tempo que não queria acordar a Luci.

Eva olhou em direção ao bebê enfim relaxando ao vê-lo bem.

— Vamos ter que ir embora? — Ambos sussurrávamos.

— Não... Disseram que podíamos ficar.

— E nós podemos confiar neles?

— Não temos muita escolha. — Acariciei seu rosto. — Por hoje apenas descanse, trabalhou duro.

— Nem me fale... — Disse deitando no meu peito aninhando-se. — Não quero fazer isso nunca mais.

— Nunca? Achei que teríamos mais uns 3 pelo menos. — Brinquei a vendo me olhar com os olhos saltados.

— Se você parir eles podemos ter sem problema algum. — Ambos rimos baixo enquanto ela voltava a deitar a cabeça no meu peito.

Comecei a acariciar as ondas do seu cabelo, ainda estava um pouco molhado em algumas partes. Senti sua respiração ficar pesada quando percebi que Eva havia pegado no sono... Olhei para ela em meus braços e para a nossa filha ao lado, nunca se quer imaginei em meus melhores sonhos que eu poderia ter uma família.

QUEBRA DE TEMPO

Acho que acordamos cerca de três vezes com Luci chorando, mas logo dormia de novo depois de mamar. Quando o dia nasceu elas dormiam, sai do quarto com cuidado e todos já estavam de pé e um cheiro ótimo tomava conta do apartamento.

— Bom dia. — Disse Will. — Fizemos uma sopa com alguns legumes, com o que sobrou da horta, a chuva fez um belo estrago lá em cima.

— Horta? — Perguntei confuso. Nanny me entregou um pote com um pouco do ensopado. — Obrigado.

— Temos uma horta no terraço com legumes e raizes. — Explicou Rita. — Ou tínhamos. Como Will disse, teve um belo estrago, mas ainda temos o suficiente por algum tempo.

Quando terminei de comer Will me levou em uma espécie de tour pelo prédio. Cada um tinha seu próprio apartamento, não eram muito grandes, mas a essa altura do campeonato eram luxuosos, no terraço o chão estava repleto de terra e folhas que foram arrancadas dos legumes que também estavam espalhados no chão.

— Nossa única segurança contra o que há aqui fora é essa porta. — Eu e Will estávamos de frente à porta que trancamos com cadeado na noite passada.

— Não é o suficiente...

— Eu sei. Vamos cortar alguns troncos para criar uma barricada a reforçando o máximo que conseguirmos, alguns dos apartamentos possuem passagens para apartamentos aos lados, rotas de fuga caso a coisa saía do controle.

— Por que tá me contando tudo isso? — O olhei com o cenho franzido.

— Eu vi como lidou com os zumbis ontem a noite, mesmo com a pressão da sua esposa estar dando a luz. Você seria uma adição valiosa ao nosso grupo. Nem todos somos guerreiros.

O lugar era promissor, além disso Eva e o bebê não poderiam enfrentar uma estrada nem tão cedo, talvez enfim encontramos um lugar onde possamos criar raizes.

— Conta comigo. — Disse apertando sua mão. Ele sorriu de forma amigável.

Como Eva já estava acomodada no quarto Will permitiu que ficássemos com esse apartamento para nós. Antes de começar a reforçar as entradas e saídas do prédio fui até o quarto encontrando Eva já acordada sentada na cama amamentando a Luci.

Me aproximei tendo certeza que havia um sorriso bobo no meu rosto. Sentando ao seu lado acariciei com grande cuidado a cabeça da Luci sentindo seu fina cabelo a observando mamar com os olhos fechados totalmente foçada em encher a barriga.

— Onde estava? — Perguntou Eva.

— O Will estava me mostrando o prédio... Reforçando as portas é um lugar promissor.

— Promissor para o que? — Eva me olhou com uma sobrancelha arqueada.

— Eva... Podemos ficar aqui, criar a Luci aqui. Pensando até mesmo em expansão, um muro envolta do prédio a longo prazo talvez não sei. Eu só sei que aqui é o melhor lugar que podemos ter agora. Além disso, precisamos pensar nesse garotona.

— Eu sei, eu sei... Só espero que a gente não se arrependa de tomar essa decisão.

— Não iremos... — Acariciei seu rosto a beijando delicadamente de forma rápida. — Como está se sentindo?

— Cansada... E faminta. A Luci está sugando todos os meus nutrientes. — Ambos soltamos um riso nasal.

— Tem ensopado com legumes. Vou buscar um pouco pra você.

Dando um beijo na sua testa me levantei indo a cozinha voltando com um pote de ensopado e colher. Eva colocou Luci sobre a cama para conseguir comer, dessa vez ele estava acordado olhando envolta como se observasse o lugar todo.

— Ei curiosa. — Me deitei ao seu lado. — Eeei. Tá conhecendo o quarto? Tá? — Segurei a sua mãozinha depositando um beijo na mesma.

Luci usava um macacão marrom que pegamos em uma casa abandonada, provavelmente caberia dois dele ali dentro, talvez precisasse ir à cidade buscar coisas para ele, quem sabe um berço.

Ela tinha os olhos da Eva, mas o meu nariz... Cacete como pode um ser que não tem nem 1 dia de vida me fascinar tanto? Me deixar tão imensamente bobo? Eu tinha certeza que faria tudo por ela, tudo para mantê-la segura desse mundo caótico de merda e tudo que havia nele seja vivo ou morto vivo...