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Eva

Eu estava vivendo um verdadeiro inferno, talvez eu tenha morrido e realmente esteja no inferno. O santuário está a um caos, precisávamos de comida para alimentar todos, mas Hilltop só dificultava isso, mesmo a gente fornecendo gasolina e pessoas para ajudar na maldita ponte. As vezes eu só queria tacar o foda-se e ir lá eu mesma resolver isso da forma antiga, mas eu realmente estou tentando evitar isso.

Como se eu não tivesse mais nada para fazer e me preocupar resolvi ficar um pouco na construção da ponte para botar ordem nesse galinheiro, estavam acontecendo muitos "acidentes".

Uma criança passava com um copo e uma espécie de balde dando água para o pessoal que estava trabalhando na ponte.

Eu apenas observava a uma certa distância ele entregar um pouco de água para o Justin, mas quando tentou se afastar ele o segurou dizendo algo e quando o garoto respondeu o jogou no chão bebendo mais água.

Caminhei até lá vendo Daryl ir para cima do Justin o derrubando com um soco bem dado, mas ele caiu na areia e jogou um punhado nos olhos do Daryl.

— CHEGA! — Esbravejei batendo a Lucille no chão uma única vez. O som da madeira contra a madeira ecoou pela ponte.

Todos os Salvadores que estavam na ponte pararam o que estavam fazendo  se ajoelhando de cabeça baixa restando apenas alguns alexandrinos, Daryl, o garoto e Justin de pé.

— Posso saber o que está acontecendo aqui?

— Esse idiota me atacou! — Disse Justin.

Caminhei até ficar a sua frente, ele era mais alto que eu, mas não era dois e eu estava de saco cheio dessa merda.

— Ajoelha. — Justin me olhou relutante. — AGORA!

Era perceptível sua raiva ao se ajoelhar, o ódio emanava dos seus olhos que não se desviavam dos meus nem por um segundo.

— Vem cá garoto. — Fiz um gesto com os dedos para que ele se aproximasse.

— Eva...

— Shhhh... — Fiz olhando para Daryl com um dedo no lábio. — Qual o seu nome querido?

— Henry.

— Muito prazer Henry. Sou Eva. — Ele não parecia assustado. Durão. Voltei a olha Justin. — Eu vi o que fez com meu amigo Henry aqui Justin, não gostei nenhum pouco... Peça desculpas.

— O QUE?

Ele ameaçou se levantar, mas forcei o arame farpado de Lucille contra o seu ombro vendo o sangue manchar sua camisa e forçando mais o fiz praticamente deitar no chão.

— Acho que você não ouviu o que eu disse... Ou talvez eu não tenha sido clara o suficiente... — Tirando Lucille do seu ombro pressionei dessa vez contra a sua tempora novamente vendo o sangue escorrer com sua cabeça contra o chão. — Peça desculpas para o Henry. AGORA.

Aquele lugar ficou tão silencioso que parecia haver apenas eu ali.

— Desculpa... — Disse enfim entredentes.

— Você desculpa esse verme querido? — O garoto loiro assentiu. — Ótimo. — Me ergui colocando Lucille contra o ombro. — Podem ficar de pé e voltar ao trabalho!

De imediato fizeram o que eu falei. Sorrindo baguncei um pouco o cabelo do Henry saindo da ponte. Percebi que Daryl estava me seguindo.

— O que foi Daryl? — Perguntei ao entrar na tenda onde nos reuniamos para falar sobre as merdas.

— Sabe que não precisa ficar bancando o Negan não é?

— Bancando o Negan? — Me virei o olhando com o cenho franzido. — Não estou bancando o Negan, eu estou apenas mostrando quem é que manda para aquele cuzao, se eu não fizer isso incidentes desse tipo serão mais frequentes, quer que eu pare com isso? Posso simplesmente dar as costas e ir embora e você cuida das coisas e me garante que não vai se repetir.

Sem dizer nada ele apenas saiu da tenda. Essa ponte só veio para me estressar e fazer com que meus cabelos brancos aparecessem mais rápido.


QUEBRA DE TEMPO

Ja havia anoitecido, eu observava a uma certa distância o acampamento, ver todo mundo assim sem tentar se matarem por um tempo fazia até uma certa esperança crescer no meu peito.

Eu via Carol e o tal do Rei Ezequiel juntos abraçados próximo a lareira. Porra como eu sinto falta do Negan...

Me levantei indo até onde estava minha moto, abrindo a mala peguei o lenço vermelho do Negan o levando até o nariz puxando o ar para sentir o seu cheiro, era impossível impedir que uma os duas lágrimas caíssem. Será que valeu a pena? Valeu a pena essa "paz"? Mas o que isso me custou? A pessoa que eu amo longe de mim...

Ouvi som de passos a uma certa distância. Rapidamente enrolei o lenço no meu pescoço pegando a arma da mala. Caminhando com cuidado segui o som de passos por dentro da floresta até chegar a uma clareira, apenas quando me aproximei mais percebi que se tratavam de 3 mulheres de Oceanside que haviam rendido Arat. Ela estava ajoelhada na frente delas enquanto uma delas apontava uma arma pra sua cabeça.

— Ora, ora, ora... — Disse me aproximando com a cabeça de uma delas na mira. — Então vocês que estão matando meu pessoal no fim das contas.

— Você não entende. — Uma morena me olhava como se fosse começar a chorar a qualquer momento. — Essa era a nossa terra, éramos muitos, homens, mulheres e crianças até vocês Salvadores chegarem! Ela matou a minha mãe! Ela atirou no meu irmão! Bem aqui! Ele era apenas uma criança!

— Arat... — Eu a olhava em choque ainda com a arma em punho.

— Por favor... Eu não sou assim Eva, eu só estava cumprindo ordens!

Meu coração parou naquele segundo, minha garganta se tornou seca e minha mandíbula se enrijeceu. Eu preciso saber...

— Ordens de quem? — Minhas mais estavam querendo tremer, mas eu segurava firme na arma.

— Simon.

Desgraçado... Sabia que não podíamos confiar naquele verme! Que outras barbaridades ele pode ter feito pelas nossas costas? Me recuso a acreditar que o Negan sabia disso, ele não faria isso! Não mataria mulheres e crianças inocentes!

— Ela é a última. — Uma das mulheres disse chamando minha atenção. — A última dos Salvadores que estavam lá. Não haverá mais mortes.

Éramos amigas...

— Vingue sua família... — Minha voz saiu como um sussurro ao baixar a arma.

— Eva... EVA POR FAVOR! — Gritou enquanto eu lhe dava as costas tentando ignorar seus gritos.

Já estava a alguns metros dali quando ouvi o disparo. Estava feito.

O que nos tornamos? Nos tornamos monstros? Todas as regras não serviram de nada. Inocentes sofreram e perderam suas vidas. Não é como se eu simplesmente tivesse fechado os olhos para tudo, eu sabia como eram os Salvadores, somos rígidos. Mas ao mesmo tempo não sabia que havia tanta merda entre nós, parte de mim torcia para eu não ser a única a não saber disso...

The King & The QueenOnde histórias criam vida. Descubra agora