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EVA

O tempo estava passando, mas ainda não conseguimos achar um lugar seguro para ficar mais do que alguns dias, além disso, eu já estava chegando no oitavo mês de gravidez o que me deixava mais lenta e fazia com que eu não conseguisse andar tanto quanto antes sem precisar parar. O fato de parecer que havia engolido uma melancia inteira acabava com a minha coluna.

 Era um milagre eu conseguir entrar em um jeans, mas precisava deixar aberto e usava camisas que facilmente serviriam no Negan

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Era um milagre eu conseguir entrar em um jeans, mas precisava deixar aberto e usava camisas que facilmente serviriam no Negan.

Estávamos andando já algum tempo, meus pés estavam inchados e parecia que eu pisava em agulhas a cada passo. Parei um pouco encostando em uma arvore apoiando uma mão nas costas respirando um pouco, Negan estava um pouco à frente então parou vindo até mim.

— Quer descansar um pouco? — Perguntou acariciando meu ombro com preocupação nos olhos.

— Não... Se pararmos a cada 10 minutos não vamos chegar nunca a lugar nenhum. Vamos continuar.

Mesmo contra sua vontade voltamos a caminhar, estávamos a pouco mais de um quilômetro da cidade mais próxima, precisávamos ir à farmácia pegar coisas que ajudariam no parto.

Negan entrou na frente com um pé de cabra e eu fui logo atrás segurando uma faca. Passamos pela porta pisando em cacos de vidro da vitrine. Todo cuidado era pouco.

Fiz um sinal para que ele fosse para um lado e eu para o outro, Negan me olhou puto porque não gostava de me deixar sozinha, mas mesmo assim fez o que mandei.

Comecei a procurar por instrumentos cirúrgicos entre as gavetas de uma prateleira. Achei um bisturi que não estava enferrujado por um milagre, peguei também um equipo de soro, cateter e agulha. Estava procurando entre as gavetas ingredientes para fazer uma bolsa de soro improvisada, mas quando puxei uma delas um zumbi esticou a mão na minha direção, me afastei batendo as costas contra a parede, a força que ele fez para chegar até mim fez com que a prateleira começasse a ceder.

— Merda. — Esbravejei empurrando a prateleira na direção contrária.

Finquei a faca na cabeça do zumbi empurrando a prateleira com o pé para conseguir pegar de volta.

Praticamente sem fôlego encostei a mão na parede tentando recuperar ele quando Negan chegou correndo, me olhando com uma cara de "Por isso que não gosto de te deixar sozinha".

"Eu to bem." — Gesticulei.

Ele fez um sinal com a cabeça para sairmos. Entreguei o que eu havia pegado para ele colocar na mochila e apoiando a parte de baixo da barriga o segui em passos rápidos.

Estava anoitecendo, encontramos um casebre na floresta que teria que servir ao menos por hoje.

— A partir de hoje você não vai mais se afastar de mim.

— Aí Negan que exagero eu tô bem. — Revirei os olhos enquanto ele empurrava uma mesa velha até a porta.

— Teimosa. — Ele também revirou os olhos indo acender a lareira.

Comecei a ver o que ele havia encontrado, eram basicamente gazes e panos estéril azuis geralmente usados em cirurgias. Mas eu precisava conversar com ele sobre o parto, mais especificamente um ponto específico.

Nós sentamos em frente à lareira observando um gambá sendo assado.

— Negan... Precisamos falar sobre o parto... Tá se aproximando e só tem nós dois, eu não posso fazer meu próprio parto.

— O que eu tenho que fazer? — Perguntou receoso.

— Em um parto natural é mais fácil. Precisa apoiar a cabeça do bebê e quando ele nascer vc vai precisar cortar o cordão umbilical. Usa uma linha de sutura pra amarrar o cordão e usa o bisturi para cortar 2 dedos acima do umbigo do bebê.

— Certo. — Ele prestava atenção atentamente a tudo que eu dizia.

— Mas... Se eu não tiver dilatação não tem como ser um parto normal então você vai precisar fazer uma cesariana.

— Uma cesariana? Tipo tipo abrir a sua barriga e tirar o bebê? — Seus olhos saltaram.

— É. Eu provavelmente não vou ficar consciente pra te ajudar... Então precisa prestar atenção em tudo que eu disser.

— Eva...

— Tá tudo bem, vai dar tudo certo... — Respirei fundo. — Eu consigo indicar onde você vai precisar fazer o corte com o bisturi... São sete camadas de pele e o útero. Vai precisar tomar cuidado para não cortar o bebê quando abrir o útero. Vou sangrar muito. Usa os tecidos para estancar enquanto sutura.

— Não vou conseguir fazer isso Eva.

— Vai. Eu sei que vai. Mas precisa treinar... Vai lá fora e pega uma zumbi...

Mesmo hesitante ele saiu e não demorou a voltar arrastando uma zumbi... Isso vai ser nojento...

A zumbi estava usando calça e blusa.

— Tá... Levanta a blusa dela. O corte que você precisa fazer é bem aqui. — Apontei para o local. — Vai ser mais fácil com ela já que tá em decomposição. Vai.

— Tá brincando né?

— Não acha melhor treinar nela que tá morta do que em mim? — Ele claramente estava tão desconfortável quanto eu, mas pegou a faca e começou a fazer o corte. — Devagar...

— Assim?

— Isso... Afasta a pele pra dar uma visão melhor do útero. — Precisei me concentrar para não vomitar ouvindo o som das vísceras e o cheiro forte. — Pronto. Esse treco é o útero. Toca.

— Que? — Seus olhos saltaram.

— Sente a consistência pra você não cortar um fígado meu. — Mesmo fazendo sons de nojo ele apalpou o útero da zumbi. — O dela é um pouco mais rígido. O meu vai estar mais macio... Corta.

— Tá...

Negan fez um corte ótimo abrindo o útero.

— Pronto. Agora a sutura.

Dei instruções para ele de como suturar e ele seguia com exatidão. As suturas não estavam das melhores, mas boa o suficiente.

— Ok, foi uma das coisas mais nojentas que eu fiz na minha vida. — Disse voltando depois de se livrar do corpo da zumbi.

— Vamos torcer para que não precise fazer o mesmo em mim.

— Torcer muito. — Negan sentou ao meu lado acariciando a minha barriga. — Vai dar tudo certo. Logo vamos ter o forte ou a forte aqui com a gente.

— Está tentando me acalmar ou me assustar? — Perguntei o fazendo rir.

Negan abaixou um pouco depositando um longo beijo na minha barriga.

— Cacete como eu te amo mulher...

Sorri me inclinando um pouco até que nossos lábios se tocassem, mas o som do meu estômago roncando nos afastou dessa vez ambos rimos.

The King & The QueenOnde histórias criam vida. Descubra agora