16. Explicações

97 13 0
                                    

O veículo estacionou perto da residência, um pouco distante e num local ermo. Orochimaru e Sakura seguraram as duas partes extremas da garota dentro do tecido e a levaram às pressas até em frente da porta da casa. Ela avistou uma das luzes acesa e pensou que eles poderiam estar esperando a chegada da filha. Isso fez o seu peito doer, mas infelizmente não poderia mudar esse destino. Não mais.

O frio cortava a sua pele naquela noite e se encolheu mais ainda no sobretudo. Os dois se entreolharam e ela permitiu com um aceno. Rapidamente, Orochimaru tocou a campainha e os dois se afastaram furtivos do local, entrando em seguida no carro. O cheiro do sangue impregnou o ambiente e parecia ter ficado cada vez mais pútrido. O líquido vermelho se torna mais espesso e fétido após ser exposto ao oxigênio. Eles precisavam limpar aquilo o quanto antes e se livrar das luvas que usaram para não deixar qualquer digital no tecido.

Mebuki correu até a entrada com o marido lhe seguindo. Ao se deparar com o manto branco, sentiu o peito apertar e caiu ajoelhada. As mãos trêmulas tomaram força para arrancar o pano e assim, que a face da filha foi exibida, houve um minuto de silêncio. Estavam em choque com aquilo. De repente, ela deixou a dor escapar. Um grito pavoroso saiu de sua boca e a rua inteira poderia ouvir o sofrimento de uma mãe que acabara de perder um filho.

Com o fim daquela tragédia, Orochimaru ligou o carro e retornou ao casarão com Sakura secando as lágrimas.

...

Os olhos estavam vazios e o sentimento de culpa ainda lhe afligia enquanto o choro escapava e pingava sobre o piso. Sakura usava um pano úmido e limpava o chão com o sangue da garota, espremendo o tecido num balde. O cheiro do líquido da vida era forte, mas ela não reclamou e muito menos esboçou uma expressão enojada. Orochimaru encarava o vazio sentado na escada e parecia estar perdido nos próprios pensamentos, mas havia uma certa agonia em entender os mistérios que lhe cercavam sobre o universo; e poderia permanecer assim a vida toda.

Os dois ouviram a chegada dos outros e Sakura levou o balde aos fundos da casa, despejando a água suja pelo ralo da pia na lavanderia. Deixou o pano mergulhado na água sanitária e lavou as mãos diversas vezes para ter a certeza de que o cheiro havia desaparecido. Sentia que tinha cometido um crime e logo bateu um desespero.

— Não entre em pânico! — ela se assustou ao ouvir a voz da outra. — Foi um acidente!

— Eles... viram? — perguntou com a voz trêmula.

— Sim! Estão sofrendo, mas é inevitável! Não há nada que possamos fazer! Eu sinto muito!

Ela baixou a cabeça e ficou em silêncio por um instante até encarar a outra.

— Você disse que contaria tudo!

— Sim! Vamos até a sala e podemos conversar!

— Certo...

...

Itachi retornou para casa e a sua mãe achou estranho ele ter voltado tão cedo. O moreno explicou a situação e os seus pais ficaram apreensivos com o suposto desaparecimento de Sakura. O seu irmão ouviu a conversa e se postou assustado na sala tentando confirmar o que escutara.

— Sakura sumiu?

— Você sabe onde ela poderia estar? Ela disse que iria visitar uma amiga, mas os pais não sabem quem é e onde mora.

— Eu não faço a menor ideia! Sakura não tinha amigos no colégio.

— Por favor, Sasuke! — Itachi se aproximou e colocou as mãos sobre os ombros do irmão. — Tente lembrar de alguma coisa! Qualquer coisa já é o suficiente!

Consertando o Passado (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora