27. Um Encontro Cósmico

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Antes da chegada de S050 com a companhia traiçoeira de Asura possuindo o corpo de Sasuke no laboratório e durante o despertar de Indra, uma confusão desenfreada surgiu pela sala onde os corpos dos outros Itachis se encontravam desacordados e aprisionados em enormes tubos de vidro com água. O ambiente aparentava ser um grande depósito com o teto alto e paredes de aço com luzes baixas a iluminar o local. Em cada tubo havia uma tela que exibia as funções cerebrais dos corpos e os cientistas monitoravam cada um deles para ter certeza de que tudo ocorria bem, antes de serem usados para a retirada das marcas. Os Uchihas estavam despidos e com os cabelos negros soltos a se moverem lentamente debaixo da água com as mechas raspando delicadamente os seus rostos num sono profundo. Fios grossos estavam fixados em suas nucas, peitos e braços. Alguns para visualizar e controlar a sua pressão arterial, batimentos cardíacos e outros para alimentá-los com suplementos e não causar uma morte trágica de fome. Ali, eles permaneciam intactos, num sono eterno, sem dor e sem ter noção da realidade que os cercavam.

No entanto, naquela noite tudo saiu do controle, desde a Ala onde os corpos de Sasuke se encontravam até onde os de Itachi estavam. Os batimentos aumentaram de repente como se os corações estivessem prestes a explodir dentro dos seus corpos como uma bomba planejada. Os membros se debatiam brutalmente dentro da água e muitos se chocaram contra o vidro do tubo. Os monitores começaram a apitar descontroladamente e logo, uma luz vermelha foi acionada para chamar todos os médicos presentes para lidar com a situação. Apesar dos esforços em salvá-los retirando os corpos dos tubos, os pulmões paravam de funcionar assim como os seus corações. As marcas que continham foram desaparecendo de suas peles e nada poderia ser feito em meio ao desespero crescente no laboratório.

Todos os corpos de Sasuke e de Itachi estavam morrendo. Um por um caiu. E tudo o que restou foi uma imensa frustração e medo.

Danzou invadiu a Ala onde o Uchiha mais novo se encontrava e a sua fúria poderia ser sentida pelos outros que recuaram assustados. O seu plano havia dado errado, pois sabia que Asura reencarnou e suspeitou que S050 poderia estar envolvida nisso. E como se não bastasse, Indra despertou e poderia se ver no meio de uma batalha entre Deuses onde ele seria apenas uma criatura insignificante. Ele encarou um dos médicos que estava ao seu lado e gritou numa ordem.

― Vá até a Ala das Sakuras! AGORA!

― Sim, Danzou-sama! ― e saiu correndo.

― Encontrem S050 e a tragam até aqui! ― exigiu aos guardas da ANBU que em silêncio como sombras se afastaram e seguiram para cumprir a ordem superior.

Irritado, Danzou se retirou da Ala e foi se encontrar com O050.

...

Sendo mantida dentro do tubo, Sakura franziu lentamente o cenho quando o seu ser sentiu que algo ruim poderia ter acontecido. Sem que os médicos percebessem, ela moveu fracamente os dedos das mãos como se por dentro estivesse lutando contra algo mais forte do que ela própria. Inicialmente, avistou os seus pensamentos serem invadidos por uma neblina branca que se espalhava como a fumaça de um cigarro sendo empurrada pelo vento. Quando se dissipou, se encontrou nua e pequena no meio da imensidão infinita de todo o universo. Enxergou o próprio reflexo através do vidro que formava o chão que reluzia na escuridão infinitas estrelas. Encontrou os seus olhos verdes piscando algumas vezes para entender o que estava acontecendo consigo mesma. Ergueu o rosto e avistou planetas que dançavam na negritude do espaço e pareciam se chocar uns contra os outros. Viu galáxias distantes que rodavam num espiral vertiginoso e encontrou belíssimas nebulosas que decoravam os cosmos.

O silêncio era tão profundo que podia ouvir uma agulha despencar contra o chão. Ela teve medo de caminhar. Ela teve medo de encarar aquelas estrelas. Ela teve medo pelo simples fato de ser uma humana no meio de algo tão grandioso. Abraçou o próprio torso ao sentir um frio avassalador lhe tomar o corpo. Os dedos estavam endurecendo e as mãos tremiam com o vento gélido que estranhamente soprava naquele local. Puxou com força o ar que invadiu as suas narinas causando uma leve ardência e expeliu pela boca que deixou escapar uma fumaça branca e brilhante.

Consertando o Passado (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora